O objeto page é o primeiro conteiner na construção da árvore de controles do Flet, sendo o único que não está ligado a um conteiner pai. Ele contém o objeto View que, por sua vez abriga todos os outros controles. Uma instância de page e uma view primária são criadas automaticamente quando uma sessão é iniciada.
Métodos de page
Método
Ação
can_launch_url(url)
Verifica se a url pode ser acessada pelo aplicativo.
Retorna True se é possível gerenciar uma URL com o aplicativo. Caso retorne False isso pode significar que não há como vertificar se o recurso está disponível, talvez devido à falta de permissões. Nas versões mais recentes do Android e iOS esse método sempre retornará False, exceto se o aplicativo for configurado com essa permissão. Na web ele retornará False exceto para esquemas específicos, pois páginas web, por princípio, não devem ter acesso aos aplicativos instalados.
close_banner()
Fecha o banner ativo.
close_bottom_sheet()
Fecha o pé de página.
close_dialog()
Fecha a caixa de diálogo ativa.
close_in_app_web_view()
Fecha visualização de página web iniciada com launch_url() de dentro do aplicativo.
get_clipboard()
Recupera o último texto salvo no clipboard do lado do cliente.
go(route)
Um método auxiliar para atualizar page.route. Ele aciona o evento page.on_route_change seguido de page.update().
launch_url(url)
Abre uma URL em nova janela do navegador.
Abre uma nova página exibindo o recurso descrito na URL.
Admite os argumentos opcionais:
web_window_name: nome da janela ou tab de destino. “_self”, na mesma janela/tab, “_blank”, nova janela/tab (ou em aplicativo externo no celular); ou “nome_do_tab”: um nome personalizado.
web_popup_window: True para abrir a URL em janela popup. Default: False.
window_width – opcional, largura da janela de popup.
window_height – opcional, altura da janela de popup.
page.get_upload_url(file_name, expires)
Gera URL para armazenamento de upload.
scroll_to(offset, delta, key, duration, curve)
Move a posição de scroll para local absoluto ou incremento relativo. Detalhes em scroll_to.
set_clipboard(data)
Insere conteúdo no clipboard do lado do cliente (navegador ou desktop). Ex.: page.set_clipboard("Esse valor vai para o clipboard").
️ Move a janela do aplicativo para o centro da tela.
window_close()
️ Fecha a janela do aplicativo.
window_destroy()
️ Força o fechamento da janela. Pode ser usado com page.window_prevent_close = True para exigir a confirmação do usuário para encerramento do aplicativo.
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
def fechar(e):
page.dialog = caixa_dialogo
caixa_dialogo.open = True
page.update()
def sim(e):
page.window_destroy()
def nao(e):
caixa_dialogo.open = False
page.update()
caixa_dialogo = ft.AlertDialog(
modal=True,
title=ft.Text("Confirme..."),
content=ft.Text("Você quer realmente fechar o aplicativo?"),
actions=[
ft.ElevatedButton("Sim", on_click=sim),
ft.ElevatedButton("Não", on_click=nao),
],
actions_alignment=ft.MainAxisAlignment.END,
)
page.add(ft.Text("Feche a janela do aplicativo clicando o botão \"Fechar\"!"))
page.add(ft.ElevatedButton("Fechar", icon="close", on_click=fechar, width=250))
ft.app(target=main)
window_to_front()
️ Traz a janela do aplicativo para o primeiro plano.
Eventos de page
Evento
Dispara quando
on_close
uma sessão expirou por um tempo configurado. Default: 60 minutos.
on_connect
o usuário da web conecta ou reconect uma sessão. Não dispara na primeira exibição de uma página mas quando ela é atualizada. Detecta a presença do usuário online.
on_disconnect
o usuário se desconecta de uma sessão, fechando o navegador ou a aba da página.on_error ocorre um erro não tratado.
on_keyboard_event
on_resize
É o evento disparado quando a janela do aplicativo é redimensionada pelo usuário.
Evento disparado quando a rota da página é alterada no código, pela alteração da URL no navegador ou uso dos botões de avançar ou retroceder. O objeto e passado automaticamente pelo evento é uma instância da classe RouteChangeEvent:
class RouteChangeEvent(ft.ControlEvent):
route: str # passando uma nova rota para a página raiz
on_scroll
a posição de scroll é alterada pelo usuário. Tem mesmo comportamento de Column.on_scroll.
on_view_pop
Evento disparado quando o usuário clica o botão Back na barra de controle AppBar.
O objeto de evento e é uma instância da classe ViewPopEvent.
class ViewPopEvent(ft.ControlEvent):
view: ft.View
sendo view uma instância do controle View, o conteiner da AppBar.
on_window_event
Evento disparado quando a janela do aplicativo tem uma propriedade alterada: position, size, maximized, minimized, etc.
Pode ser usado com window_prevent_close=True (para interceptar sinal de close) e page.window_destroy() para implementar uma lógica de confirmação de término do aplicativo.
Os nomes eventos de janela possíveis são: close, focus, blur, maximize, unmaximize, minimize, restore, resize, resized (macOS e Windows), move, moved (macOS e Windows), enterFullScreen e leaveFullScreen.
O objeto page é o primeiro conteiner na construção da árvore de controles do Flet, sendo o único que não está ligado a um conteiner pai. Ele contém o objeto View que, por sua vez abriga todos os outros controles. Uma instância de page e uma view primária são criadas automaticamente quando uma sessão é iniciada.
Vamos primeiro fazer uma descrição dessas propriedades, métodos e eventos, e depois mostrar exemplos de uso. Muitas vezes a mera descrição do elemento é suficiente para que as apliquemos no código. Em alguns casos notas adicionais estão linkadas.
Propriedades de page
Observação: Os itens marcados com o ícone tem disponibilidade restrita:
🌎 só disponíveis na Web,
🖥️ só disponíveis no desktop,
📱 só disponíveis em celulares,
🅾 Read Only (Somente leitura).
Propriedade
Descrição
auto_scroll
True se a barra de scroll deve ser automaticamente posicionada no final se seu filho é atualizado. Necessariamente auto_scroll = False para que o método scroll_to() funcione.
appbar
page.appbar recebe uma barra de controle do aplicativo no alto da page (diferente da barra da janela).
banner
Controle Banner no alto da página.
bgcolor
Cor de fundo da página.
client_ip
🌎 Endereço de IP do usuário conectado.
client_user_agent
🌎 Detalhes do navegador do usuário conectado.
controls
Lista de controles a exibir na página. Novos controles pode ser adicionados com o método usual de lista, controls.append(ctrl)). Para remover o último controle inserido na página usamos controls.pop().
# Exemplos:
page.controls.append(ft.Text("Olá!"))
page.update()
# alternativamente
page.add(ft.Text("Olá!"))
# page.add é um shortcut para page.controls.append() seguido de page.update()
# para remover (pop) o último controle da lista
page.controls.pop()
page.update()
dark_theme
Indica a instância do tema usado.
dialog
Um controle AlertDialog para ser exibido.
floating_action_button
Um controle FloatingActionButton para exibir no alto da página.
fonts
Importa fontes para uso em Text.font_family ou aplica fonte no aplicativo inteiro com theme.font_family. Flet admite o uso de fontes .ttc, .ttf, .otf. Exemplos: page.fonts
Recebe um dicionário {"nome_da_fonte" : "url_da_fonte"}. Essas fonts podem ser usadas com text.font_family ou theme.font_family, para aplicar a fonte em todo o aplicativo. Podem ser usadas fontes .ttc, .ttf, .otf.
Para um recurso externo a “url_da_fonte” é a URL absoluta, e para fontes instaladas a URL relativa para um diretório assets_dir. Esse diretório deve ser especificado na chamada para flet.app(), podendo ser um caminho relativo ao local onde está main.py ou um caminho absoluto. Por exemplo, suponha a estrutura mostrada na figura 1:
Para usar a fonte “Open Sans” e “Kanit”, importada do GitHub, como default, podemos fazer:
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
page.fonts = {
"Kanit": "https://raw.githubusercontent.com/google/fonts/master/ofl/kanit/Kanit-Bold.ttf",
"Open Sans": "/fonts/OpenSans-Regular.ttf"
}
page.theme = Theme(font_family="Kanit")
page.add(
ft.Text("Esse texto usa a fonte default Kanit"),
ft.Text("Esse texto usa a fonte Open Sans", font_family="Open Sans")
)
ft.app(target=main, assets_dir="assets")
height
🅾 Altura da página, geralmente usada junto com o evento page.on_resize.
horizontal_alignment
Alinhamento horizontal do controle filho em relação a seu conteiner. Determina como os controles serão posicionados na horizontal. Default é horizontal_alignment=CrossAxisAlignment.START, que coloca os controles à esquerda de page. CrossAxisAlignment é um ENUM com os valores: START (default), CENTER, END, STRETCH e BASELINE.
on_scroll_interval
Passos em milisegundo para o evento on_scroll event. Default é 10.
overlay
Lista de controles exibidos em pilha sobre o conteúdo da página.
padding
Espaço entre as bordas do controle e as do conteiner. Default é page.padding = 10.
platform
Sistema operacional onde o aplicativo está sendo executado. Pode ser: ios, android, macos, linux ou, windows.
pubsub
Implementação para transferência de mensagens entre sessões do aplicativo.
subscribe(handler)
Registra a sessão atual para emissão de mensagens. handler é uma função ou método contendo uma mensagem.
subscribe_topic(topic, handler)
Inscreve a sessão para recebimento de mensagens sobre tópico específico.
send_all(message)
Envia mensagem a todos os inscritos.
send_all_on_topic(topic, message)
Envia mensagem para todos os inscritos em um tópico específico.
send_others(message)
Envia mensagem para todos, exceto para quem envia.
send_others_on_topic(topic, message)
Envia mensagem para todos em um tópico específico, exceto para quem envia.
unsubscribe()
Remove inscrição da sessão atual de todas as mensagens enviadas.
unsubscribe_topic(topic)
Remove inscrição da sessão de todas as mensagens sobre o tópico.
unsubscribe_all()
Remove as inscrições da sessão de todas as mensagens.
Notas sobre subscribe, unsubscribe e send.
subscribe(handler) inscreve a sessão ativa do aplicativo para recebimento de mensagens. Se topic não for especificado todos os tópicos são enviados. handler é um método com um argumento que é a mensagem.subscribe_topic(topic, handler) especifica o tópico que será enviado.
send_all(message) envia para todos. send_all_on_topic(topic, message) especifica o tópico de envio.
Para remover a sessão da lista de destinatários de mensagens de um tópico use unsubscribe_topic(topic).
Para remover a sessão da lista de destinatários de mensagens de todos os tópicos: unsubscribe_all(), por exemplo quando o usuário fecha a janela:
🅾 pwa=True se o aplicativo está rodando como um Progressive Web App (PWA).
route
Define ou lê a rota de navegação da página
rtl
rtl=True para definir direção de texto da direita para esquerda. Default: False.
scroll
Habilita a página para rolagem (scroll), mostrando ou ocultando a barra de rolagem. scroll=ScrollMode.None é o default. ScrollMode é um ENUM com os valores:
None ▸ (default), a coluna não pode ser percorrida e o texto pode extrapolar o espaço (overflow).
AUTO ▸ a rolagem está ativada e a barra só aparece quando necessária.
ADAPTIVE ▸ a rolagem está ativada e barra aparece quando aplicativo está na web ou desktop.
ALWAYS ▸ a rolagem está ativada e barra está sempre visível.
HIDDEN ▸ a rolagem está ativado mas a barra está oculta.
session_id
🅾 ID único da sessão do usuário.
spacing
Espaço vertical entre controles na página. Default: 10 pixeis. Só é aplicado quando o alignment=start, end ou center.
splash
Um controle que é exibido sobre o conteúdo da página. Operações lentas podem ser indicadas por meio de um ProgressBar ou ProgressRing.
É exibido em cima da página de conteúdo. Pode ser usado junto com ProgressBar ou ProgressRing para indicar uma operação demorada.
from time import sleep
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
def button_click(e):
page.splash = ft.ProgressBar()
btn.disabled = True
page.update()
sleep(3)
page.splash = None
btn.disabled = False
page.update()
btn = ft.ElevatedButton("Do some lengthy task!", on_click=button_click)
page.add(btn)
ft.app(target=main)
show_semantics_debugger
True para a exibição de informações emitidas pelo framework.
theme
Essa propriedade recebe uma instância de theme.Theme para personalizar o tema. No estágio atual de desenvolvimento do Flet um theme só pode ser gerado a partir de uma cor “semente” (“seed”). Por exemplo, para um tema claro sobre tom verde:
color_scheme_seed ▸ cor “semente” para servir de base ao algoritmo de construção do tema.
color_scheme ▸ uma instância de ft.ColorScheme para personalização do esquema Material colors derivedo de color_scheme_seed.
text_theme ▸ instância de ft.TextTheme para personalização de estilos de texto.
primary_text_theme ▸ instância de ft.TextTheme descrevendo o tema de texto que constrasta com a cor primária.
scrollbar_theme ▸ instância de ft.ScrollbarTheme para personalizar a aparência da barra de rolagem.
tabs_theme ▸ instância de ft.TabsTheme para personalizar a aparência do controle de Tabs.
font_family ▸ a fonte base para todos os elementos da UI.
use_material3 ▸ True (default) para usar Material 3; caso contrário use Material 2.
visual_density ▸ ThemeVisualDensity enum: STANDARD (default), COMPACT, COMFORTABLE, ADAPTIVE_PLATFORM_DENSITY.
page_transitions ▸ instância de PageTransitionsTheme para personalizar transições entre páginas (†).
† Transições de navegação: (theme.page_transitions personaliza transições entre páginas para diversas plataformas. Seu valor é uma instância de PageTransitionsTheme com as propriedades adicionais:
android ▸ default: FADE_UPWARDS
ios ▸ default: CUPERTINO
macos ▸ default: ZOOM)
linux ▸ default: ZOOM)
windows ▸ default: ZOOM
Transições suportadas estão em um ENUM ft.PageTransitionTheme: NONE (transição imediata e sem animação), FADE_UPWARDS, OPEN_UPWARDS, ZOOM, CUPERTINO.
Um conjunto de 30 cores para configuração de cores dos componentes.
TextTheme class
Personalização de estilo de textos.
ScrollbarTheme class
Personalização de cor, espessura, forma da barra de scroll.
TabsTheme class
Personalização da aparência de controles de TAB.
Navigation transitions
Personalização das transições entre páginas de navegação.
theme_mode
Tema da página: SYSTEM (default), LIGHT ou DARK
title
Título da página ou do navegador.
vertical_alignment
Alinhamento vertical dos controles filhos. Admite o ENUM MainAxisAlignment com os seguintes valores:
START (default)
END
CENTER
SPACE_BETWEEN
SPACE_AROUND
SPACE_EVENLY
Por exemplo vertical_alignment=MainAxisAlignment.START posiciona o filho no alto da página.
views
Uma lista de controles View para armazenar histórico de navegação. A última View é a página atual, a primeira é “root”, que não pode ser excluída.
web
True se a aplicativo está rodando no navegador.
width
🅾 Largura da página web ou janela de aplicativo, usualmente usada com o evento page.on_resize.
window_always_on_top
🖥️ Ajusta de a janela deve estar sempre acima das demais janelas. Default: False.
window_bgcolor
🖥️ Cor de fundo da janela do aplicativo. Pode ser usado com page.bgcolor para tornar a janela toda transparente.
Se usada com uma página transparente toda a janela fica transparente: page.window_bgcolor = ft.colors.TRANSPARENT e page.bgcolor = ft.colors.TRANSPARENT.
window_focused
🖥️ True para trazer o foco para essa janela.
window_frameless
🖥️ True para eliminar as bordas das janelas.
window_full_screen
🖥️ True para usar tela cheia. Default: False.
window_height
🖥️ Leitura ou ajuste da altura da janela.
window_left
🖥️ Leitura ou ajuste da posição horizontal da janela, em relação à borda esquerda da tela.
window_maximizable
🖥️ False para ocultar botões de “Maximizar”. Default: True.
window_maximized
🖥️ True se a janela do aplicativo está maximizada. Pode ser ajustada programaticamente.
window_max_height
🖥️ Leitura ou ajuste da altura máxima da janela do aplicativo.
window_max_width
🖥️ Leitura ou ajuste da largura máxima da janela do aplicativo.
window_minimizable
🖥️ Se False o botão de “Minimizar” fica oculto. Default: True.
window_minimized
🖥️ True se a janela está minimizada. Pode ser ajustada programaticamente.
window_min_height
🖥️ Leitura ou ajuste da altura mínima da janela do aplicativo.
window_min_width
🖥️ Leitura ou ajuste da largura mínima da janela do aplicativo.
window_movable
🖥️ macOS apenas. Se False impede a movimentação da janela. Default: True.
window_opacity
🖥️ Ajuste da opacidade da janela. 0.0 (transparente) and 1.0 (opaca).
window_resizable
🖥️ Marque como False para impedir redimensionamento da janela. Default: True.
window_title_bar_hidden
🖥️ True para ocultar a barra de título da janela. O controle WindowDragArea permite a movimentação de janelas de barra de título.
window_title_bar_buttons_hidden
🖥️ apenas macOS. True para ocultar butões de ação da janela quando a barra de título está invisível.
window_top
🖥️ Leitura ou ajuste da posição da distância da janela (em pixeis) ao alto da tela.
window_prevent_close
🖥️ True para interceptar o sinal nativo de fechamente de janela. Pode ser usado com page.on_window_event ou page.window_destroy() para forçar uma confirmação do usuário.
window_progress_bar
🖥️ Exibe uma barra de progresso com valor de 0.0 a 1.0 na barra de tarefas (Windows) ou Dock (macOS).
window_skip_task_bar
🖥️ True para ocultar a barra de tarefas (Windows) ou Dock (macOS).
window_visible
🖥️ True para tornar o aplicativo visível, se o app foi iniciado em janela oculta. window_visible=True torna a janela visível. Se o aplicativo é iniciado com view=ft.AppView.FLET_APP_HIDDENa janela é criada invisível. Para torná-la visível usamos page.window_visible = True.
window_width
🖥️ Leitura ou ajuste da largura da janela do aplicativo.
Estritamente dizendo deveríamos iniciar nosso estudo do Flet considerando os objetos mais básicos, no sentido de serem containeres de outros objetos. No entanto já vimos vários casos de pequenos aplicativos que usam botões. É difícil sequer exibir exemplos de código de GUI sem botões. Por isso vamos descrever aqui o uso dos botões, deixando para depois uma descrição dos controles de layout.
Alguns controles tem a função principal de obter informações do usuário, como botões, menus dropdown ou caixas de texto, para inserção de dados. Outros servem para a exibição de informações calculadas pelo código, mostrando gráficos, figuras ou textos. As caixas de textos podem ser usadas em ambos os casos.
Buttons (botões)
Os seguintes tipos de botões estão disponíveis (e ilustrados na figura 1), contendo as propriedades, métodos e respondendo a eventos:
Vamos usar alguns exemplos para ilustrar as propriedades e métodos desses objetos.
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
def mudar(e):
bt2.disabled = not bt2.disabled
bt2.text = "Desabilitado" if bt2.disabled else "Habilitado"
page.update()
bt1 = ft.FilledButton(text="FilledButton", on_click=mudar, width=200)
bt2 = ft.ElevatedButton("Habilitado", disabled=False, width=200)
page.add(bt1, bt2)
ft.app(target=main)
Nesse caso um FilledButton aciona a função mudar que alterna a propriedade disabled do botão elevado. Observe que um botão com disabled=True não reage ao clique, nem à nenhum outro evento. O operador ternário foi usado: valor_se_true if condicao else valor_se_false.
Dois novos eventos são mostrados a seguir: on_hover, que é disparado quando o cursor se move sobre o botão (sem necessidade de clicar) e on_long_press, disparado com um clique longo. Um ícone é inserido nos botões ElevatedButton, cujas cores são alteradas pelos eventos descritos.
Os botões assumem os estados mostrados na figura 2.
Uma grande quantidade de ícones está disponível e pode ser pesquisada em Flet.dev: Icons Browser.
Botões possuem a propriedade data que pode armazenar um objeto a ser passado para as funções acionadas por eventos. As propriedades dos widgets funcionam como variáveis globais. No exemplo abaixo temos uma caixa de texto, que exibe a propriedade data. O botão elevado também tem uma propridade data que não é exibida mas serve para armazenar quantas vezes o botão foi clicado. Ele serve de container para um Row contendo 3 ícones (ft.Icon(ft.icons.NOME_DO_ICONE)).
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
def bt_clicou(e):
bt.data += 1
txt.value = f"O botão foi clicado {bt.data} {'vezes' if bt.data >1 else 'vêz'}"
page.update()
txt = ft.Text("O botão não foi clicado", size=25, color="navyblue", italic=True)
bt = ft.ElevatedButton("Clica!",
content=ft.Row(
[
ft.Icon(ft.icons.CHAIR, color="red"),
ft.Icon(ft.icons.COTTAGE, color="green"),
ft.Icon(ft.icons.AGRICULTURE, color="blue"),
], alignment=ft.MainAxisAlignment.SPACE_AROUND,),
on_click=bt_clicou, data=0, width=150,
)
page.add(txt, bt)
ft.app(target=main)
Se o nome do ícone não for fornecido como primeiro parâmetro o nome do parâmetro deve ser nomeado: ft.Icon(color="red", name=ft.icons.CHAIR). E execução do código resulta nas janelas exibidas na figura 3.
As caixas de texto podem receber formatações diversas como size (tamanho da fonte), color (cor da fonte) bgcolor (cor do fundo), italic (itálico), weight (peso da fonte). A propriedade selectable informa se o texto exibido pode ser selecionado, e estilos diversos podem ser atribuídos em style. A página recebe a propriedade page.scroll = "adaptive" para que possa apresentar uma barra de scroll.
O resultado é mostrado na figura 4. A janela foi dimensionada para ser menor que o texto existente, mostrando a barra de scroll.
O número máximo de linhas exibidas, max_lines, ou largura e altura do texto, width e height são úteis quando se apresenta texto logo em uma janela.
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
page.scroll = "adaptive"
texto1 = (
"René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596, Estocolmo, 11 de"
"fevereiro de 1650) foi um filósofo, físico e matemático francês. Durante a"
"Idade Moderna, também era conhecido por seu nome latino Renatus Cartesius."
)
texto2 = (
"Descartes, por vezes chamado de o fundador da filosofia moderna e o pai da"
"matemática moderna, é considerado um dos pensadores mais importantes e"
"influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou contemporâneos e"
"várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da filosofia escrita "
"a partir de então foi uma reação às suas obras ou a autores supostamente"
"influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam que, a partir de"
"Descartes, inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna."
)
t7 = ft.Text("Limita texto longo a 1 linha, com elipses", style=ft.TextThemeStyle.HEADLINE_SMALL)
t8 = ft.Text(texto1, max_lines=1, overflow="ellipsis")
t9 = ft.Text("Limita texto longo a 2 linhas", style=ft.TextThemeStyle.HEADLINE_SMALL)
t10 = ft.Text(texto2, max_lines=2)
t11 = ft.Text("Limita largura e altura do texto longo", style=ft.TextThemeStyle.HEADLINE_SMALL)
t12 = ft.Text(texto2, width=700, height=100)
page.add(t7, t8, t9, t10, t11, t12)
ft.app(target=main)
Resultando na janela mostrada na figura 5. O parâmetro overflow="ellipsis" mostra uma elipses onde on texto foi quebrado. As definições de texto1 e texto2 correspondem a uma das formas de declarar strings longas no python.
Existem estilos pré-definidos. código abaixo usamos o texto do widget igual ao nome do estilo, para facilitar a visualização: style=ft.TextThemeStyle.NOME_DO_ESTILO. Apenas as definições estão mostradas e o resultado está na figura 6.
Propriedades dos controles pode ser alterados dinamicamente por meio de inputs recebidos do usuário (ou outra origem qualquer). No próximo exemplo o tamanho da fonte é controlado por um flet.Slider.
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
def font_size(e):
t.size = int(sl.value)
t.value = f"Texto escrito com fonte Bookerly, size={t.size}"
t.update()
t = ft.Text("Texto escrito com fonte Bookerly, size=10", size=10, font_family="Bookerly")
sl = ft.Slider(min=0, max=100, divisions=10, value=10, label="{value}", width=500, on_change=font_size)
page.add(t, sl)
ft.app(target=main)
O app gerado está na figura 7. Observe que a propriedade do Slider.label="value" exibe acima do cursor (como um tooltip) o valor do controle. O tamanho da fonte é ajustado de acordo com esse valor.
Se a fonte está instalada localmente basta usar font_family="Nome_da_Fonte". Para fontes remotas podemos definir uma ou várias fontes a serem usadas. page.fonts recebe um dicionário com nomes e locais das fontes.
page.fonts = {
"Kanit": "https://raw.githubusercontent.com/google/fonts/master/ofl/kanit/Kanit-Bold.ttf",
"Open Sans": "fonts/OpenSans-Regular.ttf",
}
page.theme = Theme(font_family="Kanit")
page.add(
ft.Text("Esse texto é renderizado com fonte Kanit"),
ft.Text("Esse texto é renderizado com fonte 'Open Sans'", font_family="Open Sans"),
Ícones
O objeto fleet.Icon pode ser inserido em vários conteineres. Ele possui as propriedades (entre outras) color, name, size e tooltip. O tamanho default é size=24 enquanto tooltip é o texto exibido quando o cursor está sobre o ícone.
O código ilustra esse uso:
O nome do ícone pode ser dado como name=ft.icons.ZOOM_IN ou uma string name="child_care", onde o nome pode ser pesquisado no Icons Browser. Note que ft.icons contém ENUMS predefinidos e name=ft.icons.AIR_SHARP é o mesmo que name="air_sharp".
Ícones personalizados podem ser inseridos como imagens, como em flet.Image(src=f"img/Search.png"), onde o caminho pode ser absoluto ou relativo, em referência ao diretório onde está o aplicativo. Isso significa que a imagem da lupa exibida na figura está armazenada em pasta_do_aplicativo/img/Search.png.
Vimos no primeiro artigo dessa série que um aplicativo Python com Flet consiste em código Python para a realização da lógica do aplicativo, usando o Flet como camada de exibição. Mais tarde nos preocuparemos em fazer uma separação explícita das camadas. Por enquanto basta notar que o Flet cria uma árvore de widgets cujas propriedades são controladas pelo código. Widgets também podem estar associados à ações ligadas a funções. Portanto, para construir aplicativos com Flet, precisamos conhecer esses widgets, suas propriedades e eventos que respondem.
Alguns controles tem a função principal de obter informações do usuário, como botões, menus dropdown ou caixas de texto, para inserção de dados. Outros servem para a exibição de informações calculadas pelo código, mostrando gráficos, figuras ou textos. As caixas de textos podem ser usadas em ambos os casos.
A interface do Flet é montada como uma composição de controles, arranjados em uma hierarquia sob forma de árvore que se inicia com uma Page. Dentro dela são dispostos os demais controles, sendo que alguns deles são também conteineres, abrigando outros controles. Todos os controles, portanto, possuem um pai, exceto a Page. Controles como Column, Row e Dropdown podem conter controles filhos, como mostrado na figura 10.
Categorias de Controles
🔘 Controles
Categoria
Itens
🔘 Layout
diagramação
16 itens
🔘 Navigation
navegação
3 itens
🔘 Information Displays
exibição de informação
8 itens
🔘 Buttons
botões
8 itens
🔘 Input and Selections
entrada e seleções
6 itens
🔘 Dialogs, Alerts, Panels
dialogo e paineis
4 itens
🔘 Charts
gráficos
5 itens
🔘 Animations
animações
1 item
🔘 Utility
utilidades
13 itens
Propriedades comuns a vários controles
Algumas propriedades são comuns a todos (ou quase todos) os controles. Vamos primeiro listá-las e depois apresentar alguns exemplos de uso. As propriedades marcadas com o sinal ≜ só são válidas quando estão dentro de uma controle Stack, que será descrito após a tabela.
bottom
≜
Distância entre a borda inferior do filho e a borda inferior do Stack.
data
Um campo auxiliar de dados arbitrários que podem ser armazenados junto a um controle.
disabled
Desabilitação do controle. Por padrão disabled = False. Um controle desabilitado fica sombreado e não reage a nenhum evento. Todos os filhos de um controle desabilitado ficam desabilitados.
expand
Um controle dentro de uma coluna ou linha pode ser expandido para preencher o espaço disponível. expand=valor, onde valor pode ser booleano ou inteiro, um fator de expansão, usado para dividir o espaço entre vários controles.
hight
Altura do controle, em pixeis.
left
≜
Distância da borda esquerda do filho à borda esquerda do Stack.
right
≜
Distância da borda direita do filho à borda direita do Stack.
top
≜
Distância da borda superior do filho ao topo do Stack.
visible
Visibilidade do controle e seus filhos. vivible = True por padrão. Controles invisíveis não recebem foco, não podem ser selecionados nem respondem a eventos.
widht
Largura de controle em pixeis.
Um Stack é um controle usado para posicionar controles em cima de outros (empilhados). Veremos mais sobre ele na seção sobre layouts.
Transformações (Transformations)
Transformações são operações realizadas sobre os controles
offset
É uma translação aplicada sobre um controle, antes que ele seja renderizado. A translação é dada em uma escala relativa ao tamanho do controle. Um deslocamento de 0,25 realizará uma translação horizontal de 1/4 da largura do controle. Ex,: ft.Container(..., offset=ft.transform.Offset(-1, -1).
opacity
Torna o controle parcialmente transparente. O default é opacity=1.0, nenhuma transparência. Se opacity=0.0controle é 100% transparente.
rotate
Aplica uma rotação no controle em torno de seu centro. O parâmetro rotate pode receber um número, que é interpretado com o ângulo, em radianos, de rotação anti-horária. A rotação também pode ser especificada por meio de transform.Rotate, que permite estabelecer ângulo, alinhamento e posição de centro de rotação. Ex,: ft.Image(..., rotate=Rotate(angle=0.25 * pi, alignment=ft.alignment.center_left) representa uma rotação de 45° (π/4).
scale
Controla a escala ao longo do plano 2D. O fator de escala padrão é 1,0. Por ex.: ft.Image(..., scale=Scale(scale_x=2, scale_y=0.5) multiplica as dimensões em x por 2 e em y por .5. Alternativamente Scale(scale=3) multiplica por 3 nas duas direções.
bt6 ⇾ torna a cor mais translúcida (ct.opacity -= .1),
bt7 ⇾ retorna a imagem para o estado inicial,
onde ct = ft.Container, é o container de cor vermelha, mostrado no figura 12.
Atalhos de Teclado
Qualquer pessoa que faz uso intensivo do computador sabe da importância dos Atalhos de Teclado (Keyboard shortcuts). A possibilidade de não mover a mão do teclado para acionar o mouse pode significar melhor usabilidade e aumento de produtividade. Para isso o Flet oferece para o programador a possibilidade de inserir atalhos em seus aplicativos para que seu usuário possa dinamizar seu uso.
Para capturar eventos produzidos pelo teclado o objeto page implementa o método on_keyboard_event, que gerencia o pressionamento de teclas de caracter, em combinação com teclas de controle. Esse evento passa o parâmetro eque é uma instância da classe KeyboardEvent, e tem as seguintes propriedades:
e.key
Representação textual da tecla pressionada. Veja nota†.
e.shift
Booleano: True se a tecla “Shift” foi pressionada.
e.ctrl
Booleano: True se a tecla “Control” foi pressionada.
e.alt
Booleano: True se a tecla “Alt” foi pressionada.
e.meta
Booleano: True se a tecla “Meta” foi pressionada††.
Nota†: Além dos caracteres A … Z (todos apresentados em maiúsculas) também são representadas as teclas Enter, Backspace, F1 … F12, Escape, Insert … Page Down, Pause, etc. Alguns teclados permitem a reconfiguração de teclas, por exemplo fazendo F1 = Help, etc. Nota††: A tecla Meta é representada em geral no Windows como tecla Windows e no Mac como tecla Command.
O seguinte código ilustra esse uso. A linha page.on_keyboard_event = on_teclado faz com que eventos de teclado acionem a função on_teclado. O objeto e leva as propriedades booleanas e.ctrl, e.alt, e.shift, e.meta e o texto e.key.
O resultado desse código, quando executado e após o pressionamento simultaneo das teclas CTRL-ALT-SHIFT-J, está mostrado na figura 13.
O exemplo acima ilustra ainda uma característica da POO (programação orientada a objetos). Como temos que criar 5 caixas de texto iguais, exceto pelo seu valor, criamos uma classe BtControle (herdando de ft.TextField) e criamos cada botão como instância dessa classe. No código manipulamos a visibilidade desses botões.
Baseado no Flutter (veja seção abaixo) foi desenvolvida a biblioteca Flet, um framework que permite a construção de aplicações web, desktop e mobile multiusuário interativas usando o Python. O Flet empacota os widgets do Flutter e adiciona algumas combinações próprias de widgets menores, ocultando complexidades e estimulando o uso de boas práticas de construção da interface do usuário. Ele pode ser usado para construir aplicativos que rodam do lado do servidor, eliminando a necessidade de uso de HTML, CSS e Javascrip, e também aplicativos para celulares e desktop. Seu uso exige o conhecimento prévio de Python e um pouco de POO (programação orientada a objetos).
Atualmente (em junho de 2024) o Flet está na versão v0.23.0 e em rápido processo de desenvolvimento.
Flutter e Widgets
Flutter é um framework para o desenvolvimento (um SDK) de interface do usuário de software de código aberto criado pelo Google, e lançado em maio de 2017. Em outras palavras ele serve para a construção de GUIs (Interfaces Gráficas de Usuários), e é usado para desenvolver aplicativos em diversas plataformas usando um único código base.
A primeira versão do Flutter (Flutter Sky) rodava no sistema operacional Android e, segundo seus desenvolvedores, podia renderizar 120 quadros por segundo. O Flutter 1.0, a primeira versão estável do framework, foi lançado em 2018. Em 2020 surgiu o kit de desenvolvimento de software Dart (SDK) versão 2.8 com o Flutter 1.17.0, em que foi adicionado suporte para API que melhora o desempenho em dispositivos iOS, juntamente com novos widgets de materiais e ferramentas rastreamento em rede.
O Flutter 2 foi lançado pelo Google em 2021, incluindo um novo renderizador Canvas Kit para aplicativos baseados na web e aperfeiçoamento no suporte de aplicativos web e desktop para Windows, macOS e Linux. Em setembro de 2021, o Dart 2.14 e o Flutter 2.5 foram lançados, com melhorias para o modo de tela cheia do Android e a versão mais recente do Material Design do Google. Em 2022 o Flutter foi lançado expandindo o suporte a plataformas, com versões estáveis para Linux e macOS em arquiteturas diversas. O Flutter 3.3 trouxe interoperabilidade com Objective-C e Swift e uma versão preliminar de um novo mecanismo de renderização chamado “Impeller”. Em janeiro de 2023 foi anunciado o Flutter 3.7.
Aplicativos elaborados com Flutter são baseados em Widgets. Widgets são pequenos blocos de aplicativo com representação gráfica, que podem ser inseridos dentro de ambientes gráficos mais gerais , usados em aplicativos web ou desktop. Eles aparecem na forma de botões, caixas de texto, relógios e calendários selecionáveis, menus drop-down, etc, e servem basicamente para a interação com o usuário, ou recebendo inputs, como um clique em um botão, ou exibindo resultados, como um texto de resposta ou um gráfico.
Instalando o Flet
Podemos descobrir se o Flet está instalado iniciando uma sessão interativa do Python e tentando sua importação. Se não estiver instalado uma mensagem de erro será emitida:
$ python
Python 3.12.0 (... etc.)
>>> import flet
ModuleNotFoundError: No module named 'flet'
Mesmo após a instalação do flet, vista abaixo, um erro pode aparecer. Para executar código do python com flet no Linux são necessárias as bibliotecas do GStreamer. A maioria das distribuições do Linux as instalam por default. Caso isso não aconteça e a mensagem de erro abaixo for emitida, instale o GStreamer.
# mensagem de erro ao executar python com flet
error while loading shared libraries: libgstapp-1.0.so.0: cannot open shared object file: No such file or directory
# Instalando GStreamer no fedora
$ sudo dnf update
$ dnf install gstreamer1-devel gstreamer1-plugins-base-tools gstreamer1-doc gstreamer1-plugins-base-devel gstreamer1-plugins-good gstreamer1-plugins-good-extras gstreamer1-plugins-ugly gstreamer1-plugins-bad-free gstreamer1-plugins-bad-free-devel gstreamer1-plugins-bad-free-extras
# Instalando GStreamer no ubuntu
$ sudo apt-get update
$ sudo dnf install libgstreamer1.0-dev libgstreamer-plugins-base1.0-dev libgstreamer-plugins-bad1.0-dev gstreamer1.0-plugins-base gstreamer1.0-plugins-good gstreamer1.0-plugins-bad gstreamer1.0-plugins-ugly gstreamer1.0-libav gstreamer1.0-doc gstreamer1.0-tools gstreamer1.0-x gstreamer1.0-alsa gstreamer1.0-gl gstreamer1.0-gtk3 gstreamer1.0-qt5 gstreamer1.0-pulseaudio
Flet exige Python 3.7 ou superior. Para instalar o módulo podemos usar o pip. Como ocorre em outros casos, é recomendado (mas não obrigatório) instalar a nova biblioteca dentro de um ambiente virtual.
# criamos um ambiente virtual com o comando
$ python3 -m venv ~/Projetos/.venv
# para ativar o ambiente virtual
$ cd ~/Projetos/.venv
$ source bin/activate
# agora podemos instalar o flet
$ pip install flet
# para upgrade do flet, se já instalado
$ pip install flet --upgrade
# para verificar a versão do flet instalado
$ flet --version
Em alguns casos uma mensagem de erro é emitida quando se tenta rodar um aplicativo do flet. Para resolver essa questão podemos instalar os pacotes mpv-libs e mpv-devel:
# ao executar um arquivo flet obtemos uma mensagem de erro
$ python flet3.py
/home/guilherme/.flet/bin/flet-0.23.2/flet/flet: error while loading shared libraries:
libmpv.so.1: cannot open shared object file: No such file or directory
# para resolver instalamos os pacotes (no fedora)
$sudo dnf install mpv-libs
$sudo dnf install mpv-devel
# podemos verificar a existência dos pacotes na pasta apropriada
$ cd /usr/lib64
$ find *mpv*
# devemos ver a resposta
libmpv.so libmpv.so.2 libmpv.so.2.1.0
# criamos um link simbólico para a pasta /usr/lib64/
$ sudo ln -s /usr/lib64/libmpv.so /usr/lib64/libmpv.so.1
Feito isso podemos escrever nosso primeiro código flet, apenas com o esqueleto de um aplicativo. Ao ser executado ele apenas abre uma janela sem conteúdo. Abra um editor de texto, ou sua IDE preferida, e grave o seguinte arquivo, com nome flet1.py:
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
# controles da Página
pass
ft.app(target=main)
Esse código pode ser executado com:
$ python flet1.py
# ou
$ flet flet1.py
Ao executar python flet1.py veremos apenas uma janela vazia, que pode ser fechada com os controles usuais de janela (ou CTRL-F4). O programa termina com flet.app(target=main), recebendo no parâmetro target a função que apenas recebe o objeto fleet.Page, main (podia ter outro nome qualquer). O objeto Page é como um Canvas onde, mais tarde, inseriremos outros widgets.
Da forma como escrevemos esse código, uma janela nativa do sistema operacional será aberta no desktop. Para abrir o mesmo aplicativo no browser padrão trocamos a última linha por:
ft.app(target=main, view=ft.AppView.WEB_BROWSER)
Nota: Aplicativos do Flet, rodando no desktop ou dentro do navegador, são aplicativos web. Ele se utiliza de um servidor chamado “Fletd” que, por default usa uma porta TCP aleatória. Uma porta específica pode ser designada atribuindo-se um valor para a parâmetro port:
flet.app(port=8550, target=main)
Em seguida abra o navegador com o endereço http://localhost:8550 para ver o aplicativo em ação.
Criando um aplicativo do Flet
O flet inclui uma rotina que pode ser usada para gerar um aplicativo mínimo, que pode ser aumentado com os widgets e comandos dio usuário. Para isso executamos:
$ flet create <nome_do_projeto>
# <nome_do_projeto> será usado como nome do diretório que recebe o aplicativo.
# por exemplo:
flet create meu_aplicativo_flet
# para criar um aplicativo no diretório atual, execute:
$ flet criate .
# para criar um aplicativo basedo no modelo "contador", execute:
$ flet create --template contador <nome_do_projeto>
# para criar o aplicativo a partir do modelo, no diretório atual, execute:
$ flet criar --template contador .
O Flet criará o diretório <nome_do_projeto> contendo o arquivo main.py:
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
page.add(ft.SafeArea(ft.Text("Hello, Flet!")))
ft.app(main)
No corpo da função main() podemos adicionar elementos de UI (controles) e código a ser executado. O código termina com a função ft.app(main) que inicializa o aplicativo Flet e executa main().
Rodando no destop: Para rodar o aplicativo no desktop basta executar:
# roda main.py no diretório atual
$ flet run
# se for nevessário especificar um caminho diferente:
$ flet run [script]
# por exemplo:
$ flet run /Users/Usuario/Projetos/flet-app
Em qualquer dos casos a função main() será executada e o aplicativo será iniciado em janela nativa do sistema operacional usado.
Rodando no navegador: Para rodar um aplicativo como app da web (no navegador, portanto) usamos o comando:
$ flet run --web [script]
# uma nova janela (ou aba) será aberta no navegador, usando uma porta aleatória.
Recarregamento automático: Por default o Flet carregará e rodará o arquivo principal, carregando novamente sempre que esse arquivo for alterado e gravado. Mas ele não será afetado por alterações em outros arquivos no projeto. Para que todos os arquivos sejam recarregados quando alterados usamos:
$ poetry run flet run -d [script]
# para que sub-diretórios sejam incluídos recursivamente use:
$ poetry run flet run -d -r [script]
Sintaxe do comando run
O comando run é usado para executar aplicativos do Flet e tem a seguinte sintaxe:
script é um argumento posicional, servindo para designar o caminho do script Python.
As demais opções estão listadas na tabela abaixo.
Argumento
Significado
-h, –help
mostra esta mensagem de ajuda e termina
-v, –verbose
-v para saída detalhada e -vv para mais detalhes
-p PORT, –port PORT
Porta TCP personalizada para execução do aplicativo
–host HOST
host para execução do aplicativo web. Use “*” para escutar em todos os IPs.
–name APP_NAME
nome do aplicativo para distingui-lo de outros apps na mesma porta
-m, –module
trata o script como um caminho de módulo python, e não como caminho de arquivo
-d, –directory
observar† o diretório de script
-r, –recursive
observar† diretório e subdiretórios de script recursivamente
-n, –hidden
manter a janela do aplicativo oculta na inicialização
-w, –web
abrir aplicativo em um navegador da web
–ios
abrir aplicativo em dispositivo iOS
–android
abrir aplicativo no dispositivo Android
-a ASSETS_DIR, –assets ASSETS_DIR
caminho para o diretório de assets
:–ignore-dirs IGNORE_DIRS
diretórios a serem ignorados durante a observação†. Para mais de um, separe com vírgulas.
Notas: † Observar, nesse caso, é estar ciente de que houve alterações no código usado para recarregamento automático, descrito acima.
Inserindo Widgets
Para obter alguma funcionalidade em nosso aplicativo temos que inserir nele controles, também chamados de widgets. Controles são inseridas na Page, o widget de nível mais alto, ou aninhados dentro de outros controles. Por exemplo, para inserir texto diretamente na page fazemos:
import flet as ft
def main(page=ft.Page):
txt = ft.Text(value="Olá mundo!", color="blue")
page.controls.append(txt)
page.update()
ft.app(target=main)
Widgets são objetos do python com uma representação visual, com características controladas por seus parâmetros. value e color são parâmetros que recebem strings, esse último declarado no formato de cor do HTML. São válidas as cores, por exemplo: navyblue, #ff0000 (vermelho), etc. O objeto page possui uma lista controls, à qual adicionamos o elemento txt.
No código seguinte usamos um atalho: page.add(t) significa o mesmo que page.controls.append(t) seguido de page.update(). Também importamos o módulo time para provocar uma pausa na execução do código em time.sleep(1).
import flet as ft
import time
def main(page=ft.Page):
t = ft.Text()
page.add(t)
cidades = ["Belo Horizonte","Curitiba","São Paulo","Salvador","** fim **"]
for i in range(5):
t.value = cidades[i]
page.update()
time.sleep(1)
ft.app(target=main)
Ao ser executado as quatro cidades armazenadas na lista cidades são exibidas e o loop é terminado com a exibição de ** fim **.
Alguns controles, como Row e Line são containers, podendo conter dentro deles outros widgets, da mesma forma que Page. Por exemplo, inicializamos abaixo uma linha (um objeto ft.Row) contendo três outros objetos que são strings, e a inserimos em page.
import flet as ft
import time
def main(page=ft.Page):
linha = ft.Row(controls=[ft.Text("Estas são"), ft.Text("cidades"), ft.Text("brasileiras")])
page.add(linha)
t = ft.Text()
page.add(t) # it's a shortcut for page.controls.append(t) and then page.update()
cidades = ["Belo Horizonte","Curitiba","São Paulo","Salvador","** fim **"]
for i in range(5):
t.value = cidades[i]
page.update()
time.sleep(1)
ft.app(target=main)
O resultado é exibido na figura 1, com a cidade sendo substituída a cada momento. A linha page.update() é necessária pois o valor do ft.Text() foi alterado.
Vemos que Row recebe no parâmetro controls uma lista com 3 widgets de texto.
Claro que muitos outros controles pode ser inseridos. Com o bloco abaixo podemos inserir um campo de texto, que pode ser editado pelo usuário, e um botão.
page.add(
ft.Row(controls=[
ft.TextField(label="Sua cidade"),
ft.ElevatedButton(text="Clique aqui para inserir o nome de sua cidade!")
])
)
Podemos também criar novas entradas de texto e as inserir consecutivamente em page.
import flet as ft
import time
def main(page=ft.Page):
page.add(ft.Row(controls=[ft.Text("Estas são cidades brasileiras")]))
cidades = ["Belo Horizonte","Curitiba","São Paulo","Salvador","** fim **"]
for i in range(5):
t = ft.Text()
t.value = cidades[i]
page.add(t)
page.update()
time.sleep(1)
ft.app(target=main)
Nesse caso não estamos substituindo o conteúdo de um objeto de texto fixo na página, e sim inserindo novas linhas (figura 2). Observe que nenhum procedimento foi designado a esse botão que, no momento, não executa nenhuma tarefa.
O comando page.update(), que pode estar embutido em page.add(), envia para a página renderizada apenas as alterações feitas desde sua última execução.
Observe que o argumento controls, aqui usado em Row é um argumento posicional noemado. O nome pode ser omitido se o argumento aparecer no primreiro lugar. Ou seja:
# a linha
ft.Row(controls=[ft.Text("Estas são cidades brasileiras")])
# pode ser escrita como
ft.Row([ft.Text("Estas são cidades brasileiras")])
# se outros argumentos estão presentes, controls deve aparecer primeiro
page.add(ft.Row([ft.Text("Estas são cidades brasileiras")], wrap=True)) # certo!
page.add(ft.Row(wrap=True, [ft.Text("Estas são cidades brasileiras")])) # erro!
page.add(ft.Row(wrap=True, controls=[ft.Text("Estas são cidades brasileiras")])) # certo!
Para incluir alguma ação útil em nosso projeto usamos a capacidade de alguns controles de lidar com eventos (os chamados event handlers). Botões podem executar tarefas quando são clicados usando o evento on_click.
import flet as ft
def main(page: ft.Page):
def button_clicked(e):
page.add(ft.Text("Clicou"))
page.add(ft.ElevatedButton(text="Clica aqui", on_click=button_clicked))
ft.app(target=main)
Esse código associa a função button_clicked() com o evento on_click do botão. A cada clique um novo elemento de texto é colocado na página.
Várias outras propriedades podem ser usadas para alterar a aparência dos controles. Vamos usar width (largura) no código abaixo, além do controle Checkbox, uma caixa de texto que pode ser marcada. A função entrar_tarefa() verifica se há conteúdo em nova_tarefa, um TextField e, se houver, cria e insere na página uma nova Checkbox.
Depois limpa o valor de nova_tarefa. O comando nova_tarefa.focus() coloca no comando de texto o foco da ação dentro da página, independente de ela ter ou não sido usada no if.
import flet as ft
def main(page):
def entrar_tarefa(e):
if nova_tarefa.value:
page.add(ft.Checkbox(label=nova_tarefa.value))
nova_tarefa.value = ""
nova_tarefa.focus()
nova_tarefa = ft.TextField(hint_text="Digite sua nova tarefa...", width=400)
page.add(ft.Row([nova_tarefa, ft.ElevatedButton("Inserir tarefa", on_click=entrar_tarefa, width=300)]))
nova_tarefa.focus()
ft.app(target=main)
É claro que muitas outras ações podem ser inseridas nesse pequeno programa, tal como testar se uma entrada já existe, eliminar espaços em branco desnecessários ou gravar as tarefas em um banco de dados.
Exemplo: Controles e propriedades
É comum os tutoriais do Flet apresentarem um pequeno bloco ilustrativo de código com a operação de somar e subtrair uma unidade a um número em uma caixa de texto. Mostramos aqui um código um pouco mais elaborado para apresentar propriedades adicionais. Usamos page.title = "Soma e subtrai" para inserir um título na barra de tarefas (ou na aba do navegador, se o codigo for executado no modo web), as propriedades de alignment. Além disso declaramos os botões e caixas de texto separadamente e depois os inserimos nas linhas.
Observe que, ao se clicar nos botões de soma, por ex., o evento on_click chama a função operar(e) passando para ela o parâmetro e, que é um objeto de evento. Este objeto tem propriedades que usamos nas funções de chamada. Na soma (e subtração) capturamos e.control.text, a propriedade de texto exibida nesse botão (-1, +1, etc.). e a usamos para fazer a operação requerida. Os controles possuem diversas propriedades e respondem a eventos específicos, que devemos manipular para contruir a aparência e funcionalidade da interface gráfica.
Vale ainda mencionar que construímos as linhas com a sintaxe ft.Row([bt1, bt2, txt_number, bt3, bt4]), usando uma lista de controles previamente definidos. Essa lista está na primeira posição, onde se insere o valor do parâmetro nomeado controls. Se esse parâmetro não estiver na primeira entrada seu nome deve ser fornecido, como em: page.add(ft.Row(alignment=ft.MainAxisAlignment.CENTER, controls=[txt_info])).
Em uma questão meramente de estilo mas que pode facilitar a organização e leitura do código, podemos definir as linhas separadamente e depois inserí-las na página.
Vimos na seção sobre a definição de tabelas com o ORM como definir classes do Python que podem ser correlacionadas com entidades do SQL por meio do SQLAlchemy. Já fizemos uso, sem explorar muito o assunto, do método relationship() que insere no esquema de uma sessão os relacionamentos entre propriedades dos objetos que serão espelhadas nas tabelas envolvidas.
Recordando, criamos uma classe vazia herdando de DeclarativeBase que será a superclasse para os modelos de tabelas. No nosso exemplo criamos os objetos aluno e endereco
class Base(DeclarativeBase):
pass
class Aluno(Base):
__tablename__ = "aluno"
...
enderecos: Mapped[List["Endereco"]] = relationship(back_populates="aluno")
class Endereco(Base):
__tablename__ = "endereco"
...
aluno: Mapped[Aluno] = relationship(back_populates="enderecos")
Vemos que a classe Aluno tem o atributo Aluno.enderecos e a classe Endereco tem o atributo Endereco.aluno, que estão em relacionamento. Vimos também que Mapped informa o tipo do campo. Objetos da classe Endereco se referem a uma tabela com a campo aluno que é uma chave estrangeira (ForeignKeyConstraint) ligada ao campo aluno.enderecos. O método relationship() pode determinar sem ambiguidade que existe um relacionamento de um para muitos: um aluno.enderecos (uma linha de aluno) pode estar ligada a várias linhas na tabela de endereco.
Relacionamentos um-para-muitos correspondem, é claro, a um relacionamento muitos-para-um na direção oposta. Portanto o parâmetro relacionship.back_populates, em ambas as classes, define que esses campos estão em relação complementar entre si.
Persistência: Um objeto dentro de uma sessão pode ter diversos estados, no que se refere à persistência. Um objeto persistente possui uma identidade em relação ao banco de dados, ou seja, possui uma identidade (uma pk ou chave primária) igual àquela da linha que ele modela. Ao ser criado, antes de ser comitado, um objeto está no estado pendente. Ele se torna persistente com um commit, após ser aplicado no BD. Igualmente, um objeto que foi carregado do BD é persistente. Objetos removidos da sessão são denominados destacados (detached ).
Persistência de relacionamentos: Definidos os relacionamentos eles devem ser gravados na tabela e, quando as tabelas já estão definidas, carregados de volta para as classes do ORM. Suponha que inicializamos um objeto aluno com as seguintes propriedades:
aluno1 = Aluno(matricula="976567-123", nome="Mauro", sobrenome="Olivares")
aluno1.enderecos
↳ []
# uma lista vazia
O campo retornado, inicialmente vazio, é uma versão de uma lista no SQLAlchemy (uma Mapped[List]) que pode rastrear e responder às alterações efetuadas sobre o objeto. Ela é inserido automaticamente quando tentamos acessar o atributo, mesmo que não o tenhamos definido na criação do objeto. Isso é semelhante à inserção de ids que não são informados na incialização. Esse comportamento é diferente daqueles das classes usuais do Python que geram uma exeção AttributeError se a propriedade não for definida na inicialização. O objeto aluno1 é transitório e a lista em aluno1.enderecos não sofreu nenhuma alteração.
Para inserir um elemento nessa coleção criamos um endereço e usamos o método list.append(objeto_endereco).
end1 = Endereco(email="olivares@gmail.com")
aluno1.enderecos.append(end1)
# um endereço é anexado ao objeto aluno1
aluno1.enderecos
↳ [Endereco(id=None, email='olivares@gmail.com')]
# o objeto end1 é sincronizado (veja descrição abaixo)
end1.aluno
↳ Aluno(id=None, nome='Mauro', sobrenome='Olivares')
A operação de inserir um Endereco ao objeto Aluno, além de atualizar o próprio campo aluno1.enderecos também realiza a sincronização automática de Endereco.aluno, inserindo uma referência ao aluno dono desse endereço de email. Essa sincronização é o resultado do parâmetro relationship.back_populates entre os objetos relacionados.
Essa sincronização funciona também na outra direção: se criamos outro objeto Endereco com atributo Endereco.aluno referenciando o aluno1 esse novo endereço fará parte da coleção Aluno.enderecos, para o aluno em questão.
# criamos novo endereco, já associado ao aluno1
end2 = Endereco(email="olivar@aol.com", aluno=aluno1)
# o novo endereco se torna parte da coleção
aluno1.enderecos
↳ [Endereco(id=None, email='olivares@gmail.com'), Endereco(id=None, email='olivar@aol.com')]
Esses novos elementos precisam ser inseridos na sessão, o que pode ser feito com o método session.add(). Com a inserção de aluno1 os dois endereços ficam também inseridos.
session.add(aluno1)
# com esse procedimento temos
aluno1 in session
↳ True
end1 in session
↳ True
end2 in session
↳ True
Essas são as chamadas operações de save e update em cascata. Agora os 3 objetos envolvidos estão em estado pendente: nenhum deles tem um id designado, por enquanto. Além disso os objetos end1 e end2 possuem o atributo aluno_id que é a referência à coluna com um ForeignKeyConstraint ligada à aluno.id. Esse atributo também não foi ainda atribuído a uma linha real do banco de dados, portanto aluno.id = None.
Quando comitamos as transações os passos ocorrem na ordem correta, gerenciados pelo SQLAlchemy, para gerar as ids e propagar essa informação para os campos relacionados.
session.commit()
[SQL]
INSERT INTO aluno (nome, sobrenome) VALUES (?, ?) ('Mauro', 'Olivares')
INSERT INTO endereco (email, aluno_id) VALUES (?, ?), (?, ?) RETURNING id
('olivares@gmail.com', 6, 'olivar@aol.com', 6)
COMMIT
No último insert estamos supondo que o id de aluno recém inserido seja 6.
Carregando Relacionamentos: Após a emissão de Session.commit() é emitida automaticamemnte um Session.commit.expire_on_commit que faz com que todos os objetos da sessão fiquem expirados. No próximo acesso de um atributo desses objetos um SELECT é emitido para a linha, permitindo a visualização da chave primária recém-gerada.
aluno1.id
↳ 6
[SQL]
SELECT aluno.id AS aluno_id, aluno.nome AS aluno_nome, aluno.sobrenome AS aluno_sobrenome
FROM aluno WHERE aluno.id = ? (6,)
Podemos também acessar a coleção persistente aluno.enderecos de aluno1, que consiste em um conjunto adicional de linhas da tabela de endereços. Quando acessamos essa coleção ocorre uma lazy load† (uma carga lenta) emitida para recuperar os objetos:
aluno1.enderecos
↳ [Endereco(id=4, email='olivares@gmail.com'), Endereco(id=5, email='olivar@aol.com')]
[SQL]
SELECT endereco.id AS endereco_id, endereco.email AS endereco_email,
endereco.aluno_id AS endereco_aluno_id
FROM endereco WHERE endereco.aluno_id = ? (6,)
†lazy load, eager load: No ORM uma “carga lenta”, ou lazy load, se refere a um atributo que não contém seu valor imediatamente lido no banco de dados. Geralmente isso ocorre quando o objeto é carregado pela primeira vez. O atributo recebe uma referência na memória que permite que ele leia o valor no banco de dados quando for usado pela primeira vez. Esse padrão busca reduzir o tempo gasto nas buscas de objetos que não precisam ser imediatamente exibidos. Carregamentos que ocorrem no momento da chamada são denominados “carregamentos imediatos ou rápidos”, eager load.
As coleções e atributos relacionados no SQLAlchemy ORM são persistentes na memória. Depois que o valor é atribuído não há mais necessidade de emitir consultas SQL até que a coleção ou atributo expire. Podemos acessar, adicionar ou remover itens em aluno1.enderecos sem que novas consultas SQL sejam executadas.
Esse carregamento lento pode se tornar pesado na memória se não forem tomadas medidas para otimizá-lo. Existe otimização para evitar trabalho redundante: a coleção aluno1.enderecos foi atualizada no mapa de identidade onde todas as referências apontam para as mesmas instâncias Endereco já criadas. Portanto, todos esses objetos já estão carregados.
Consultas com Relacionamentos: O SQLAlchemy admite diversos recursos para a construção consultas SQL que envolvem classes mapeadas coom relacionamentos. Os métodos Select.join() e Select.join_from() são usados para compor cláusulas JOIN nas consultas. Esses métodos inferem a cláusula ON com base na presença de um único e inequívoco objeto ForeignKeyConstraint quando constroem consultas com junções (JOIN), vinculando as tabelas à partir da estrutura dos metadados da sessão. Se desejado, também é possível fornecer explicitamente uma expressão SQL especificando a cláusula ON.
Outro mecanismo também está disponível para estabelecer junções quando usamos entidades ORM, usando os objetos gerados por relationship(), que foram configurados no mapeamento das classes. O atributo da classe que está em relacionamento, definido em relationship(), pode ser passado como argumento para Select.join(), para indicar tanto o lado direito da junção quanto o campo na cláusula ON.
# consulta (1)
print(select(Endereco.email).select_from(Aluno).join(Aluno.enderecos))
# consulta (2)
print(select(Endereco.email).join_from(Aluno, Endereco))
# ambas as consultas geram:
[SQL]
SELECT endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
Consultas com Select.join() ou Select.join_from() não usam o relacionamento estabelecido no mapeamento para inferir a cláusula ON, exceto se isso for explicitamente especificado. Isso significa que, quando fazemos união de Aluno para Endereco sem incluir uma cláusula ON, uma consulta correta é emitida por causa da ForeignKeyConstraint entre os objetos mapeados e não devido à existência de um relationship().
Vale lembrar que Aluno, Endereco (com maiúsculas) se referem às classes do ORM enquanto aluno, endereco são os nomes das tabelas no BD.Consulte o manual do SQLAlchemy: ORM Query Guide, Select Join, Select Join On Clause.
Relacionamentos e WHERE
Existem algumas formas de gerar consultas e filtros com relationship(), tipicamente aplicados com WHERE (no SQL) e Select.where() (no SQLAlchemy).
EXISTS: has() e any(): Vimos na seção Agrupamentos e Subqueries: EXISTS como funciona EXISTS e sua contraparte no SQLAlchemy. O método exists() é usado para gerar a cláusula EXISTS do SQL que é aplicada sobre um conjunto de resultados obtidos com uma subconsulta escalar. A classe construída por relationship() tem métodos auxiliares responsáveis pela geração de algumas formas comuns de uso de EXISTS em consultas sobre colunas ligadas por relacionamentos.
Em um relacionamento um-para-muitos, como é o caso de Aluno.enderecos que se liga a uma coleção de Endereco.aluno, podemos gerar um EXISTS usando PropComparator.any(). Este método aceita um critério WHERE opcional para filtrar as linhas retornadas pela subconsulta.
query = select(Aluno.sobrenome)
.where(Aluno.enderecos.any(Enderecos.email == "olivares@gmail.com"))
session.execute(query).all()
# é retornado
↳ ['Olivares',)]
[SQL]
SELECT aluno.sobrenome FROM aluno
WHERE EXISTS (SELECT 1 FROM endereco WHERE aluno.id =
endereco.aluno_id AND aluno.email = ?) ('olivares@gmail.com',)
A subconsulta retorna 1 para cada linha que satisfaz aluno.id = endereco.aluno_id AND aluno.email = 'olivares@gmail.com' .
Se existir algum valor EXISTS retorna TRUE e o sobrenome é retornado pela consulta externa.
O uso de EXISTS é, em geral, mais eficiente para pesquisas negativas, quando se faz uma busca por elementos que não estão presentes nas linhas. Para isso basta negar um resultado, como ~Aluno.endereco.any(), para selecionar Alunos que não possuem linhas associadadas na tabela endereco.
query = select(Aluno.nome).where(~Aluno.enderecos.any())
session.execute(query).all()
[SQL]
SELECT aluno.nome FROM aluno WHERE NOT (EXISTS
(SELECT 1 FROM aluno WHERE aluno.id = endereco.aluno_id)
)
A consulta retorna os nomes dos alunos sem um endereço cadastrado.
O método PropComparator.has() age quase da mesma forma que PropComparator.any(), com a diferença de ser usado em relacionamentos muitos-para-um. Esse seria o caso se quisermos encontrar todos os endereços associados com um aluno determinado.
query = select(Endereco.email).where(Endereco.aluno.has(Aluno.nome == "Mauro"))
session.execute(query).all()
[SQL]
SELECT endereco.email FROM endereco WHERE EXISTS
(SELECT 1 FROM aluno WHERE aluno.id = endereco.aluno_id AND aluno.nome = ?) ('Mauro',)
↳ [('olivares@gmail.com',), ('olivar@aol.com',)]
As consultas 1-4 abaixo exibem outras propriedades: (1) Uma instância de um objeto pode ser comparada a um relacionamento muitos-para-um para selecionar linhas onde a chave estrangeira no destino corresponde à chave primária do objeto dado. (2) O operador not equals (!=) também pode ser usado. (3) Aluno.enderecos.contains(obj_endereco) testa se o objeto carregado é um dos endereços na coleção. (4) with_parent(obj_aluno, Aluno.enderecos) testa se obj_aluno tem Aluno.enderecos como classe pai.
# (1)
obj_endereco = session.get(Endereco, 1)
obj_aluno = session.get(aluno, 1)
print(select(Endereco).where(Endereco.aluno == obj_aluno))
[SQL]
SELECT endereco.id, endereco.aluno_id, endereco.email
FROM endereco WHERE :param_1 = endereco.aluno_id
# (2)
print(select(Endereco).where(Endereco.aluno != obj_aluno))
[SQL]
SELECT endereco.id, endereco.aluno_id, endereco.email FROM endereco
WHERE endereco.aluno_id != :aluno_id_1 OR endereco.aluno_id IS NULL
# (3)
print(select(Aluno).where(Aluno.enderecos.contains(obj_endereco)))
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.matricula, aluno.nome, aluno.sobrenome
FROM aluno WHERE aluno.id = :param_1
# (4)
from sqlalchemy.orm import with_parent
print(select(Endereco).where(with_parent(obj_aluno, Aluno.enderecos)))
[SQL]
SELECT endereco.id, endereco.aluno_id, endereco.email
FROM endereco WHERE :param_1 = endereco.aluno_id
Lembramos aqui que Endereco.aluno está em relacionamento (muitos-para-1) com Aluno.enderecos.
Estratégias de de carregamento
Vimos que, quando acessamos atributos de objetos mapeados que usam relacionamentos, um carregamento lento (ou lazy load) será realizado quando a coleção ainda não estiver preenchida. O carregamento lento é um padrão importante no ORM, embora controverso. Quando temos muitos objetos ORM na memória que fazem referência a muitos atributos não carregados, a manipulação desses objetos pode gerar novas consultas em cascata, causando acúmulo (no que consiste no problema denominado “N mais um”). Para piorar o estado de coisas essas novas consultas são emitidas implicitamente. Elas podem causar erros quando são produzidas após o fechamento das transações com o BD, ou quando se usa gerenciadores de conexões assíncronas, como asyncio.
Apesar disso o carregamento lento é útil, principalmente quando bem ajustado com mecanismos de sincronização. Por isso o SQLAlchemy ORM inclui muitos recursos para controlar e otimizar o comportamento de carregamentos. A etapa principal no uso de carregamento lento consiste em testar o aplicativo ativando a exibição de saídas de consultas para análise do SQL emitido. A presença de muitas instruções SELECT redundantes, que poderiam ser agrupadas com mais eficiência, ou a ocorrência de carregamentos inadequados para objetos que já estão destacados (detached ) da sessão, são indicadores de que se deve usar estratégias de carregamento.
Essas estratégias são representadas por objetos que podem ser associados a uma instrução SELECT através do método Select.options(). A estratégia abaixo permite o acesso aos objetos já carregados de Aluno.enderecos.
enderecos_carregados = session.execute(select(Aluno)
.options(selectinload(Aluno.enderecos))).scalars()
for obj_aluno in enderecos_carregados:
obj_aluno.enderecos
Também é possível tornar o carregamento lento a forma default em relationship(), usando a opção relationship.lazy.
from sqlalchemy.orm import Mapped
from sqlalchemy.orm import relationship
class Aluno(Base):
__tablename__ = "aluno"
...
enderecos: Mapped[List["Endereco"]] = relationship(back_populates="aluno", lazy="selectin")
Carregamento Selectin: Uma opção de carregamento muito útil é a selectinload() que resolve o problema frequente “N mais um”, citado acima. A opção selectinload() faz com que uma coleção completa de objetos relacionados seja carregada antecipadamente em uma única consulta. Isso é obtido com consultas SELECT aplicadas apenas sobre uma tabela, sem inserir JOINs ou subconsultas, seguida de consultas para os objetos relacionados que ainda não foram carregados.
No exemplo abaixo selectinload() é usado para carregar todos os objetos Alunos e os objetos Enderecos associados. Quando invocamos Session.execute() uma vez, passando um select(), o BD dados é acessado com duas instruções SELECT, sendo a segunda usada para carregar objetos Enderecos associados.
from sqlalchemy.orm import selectinload
query = select(Aluno).options(selectinload(Aluno.enderecos)).order_by(Aluno.id)
for row in session.execute(query):
print(f"Aluno: {row.Aluno.nome} {row.Aluno.sobrenome}")
for a in row.Aluno.enderecos:
print(f"{a.email}")
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome
FROM aluno ORDER BY aluno.id
SELECT endereco.aluno_id AS endereco_aluno_id, endereco.id AS endereco_id,
endereco.email AS endereco_email FROM endereco
WHERE endereco.aluno_id IN (?, ?, ?, ?, ?, ?) (1, 2, 3, 4, 5, 6)
A consulta retorna nome e sobrenome dos 6 primeiros alunos e seus respectivos emails.
Carregamento com JOIN: joinedload() é usado como estratégia de carregamento imediato (eager load ) que inclui a possibilidade de JOINs em uma instrução SELECT. Esse JOIN pode ser uma junção externa ou interna. Essa é a estratégia adequada para carregar objetos em relacionamentos muitos-para-um pois isso exige apenas o carregamento de colunas adicionais a uma linha da entidade primária. Ele também aceita a opção joinload.innerjoin para que a junção seja considerada interna (e não externa). No exemplo abaixo sabemos que todos os objetos Enderecos estão associados a algum Aluno.
from sqlalchemy.orm import joinedload
query = (
select(Endereco)
.options(joinedload(Endereco.aluno, innerjoin=True))
.order_by(Endereco.id)
)
for row in session.execute(query):
print(f"Aluno: {row.Endereco.aluno.nome}: email: {row.Endereco.email} ")
SELECT endereco.id, endereco.email, endereco.aluno_id,
aluno_1.id AS id_1, aluno_1.nome, aluno_1.sobrenome
FROM endereco JOIN aluno AS aluno_1 ON aluno_1.id = endereco.aluno_id
ORDER BY endereco.id
A consulta retorna os nomes e emails de alunos, ordenados pelo id do endereço. Lembrando que Endereco está em relação com aluno vemos que Endereco.aluno.nome fica carregado com o nome desse aluno.
joinload() também funciona para coleções, em relacionamentos um-para-muitos. Esse uso, no entanto, pode multiplicar as linhas linhas retornadas de maneira recursiva, o que exige cuidado nessa opção, e consideração do uso de selectinload().
Importante: os critérios WHERE e ORDER BY, usados para modificar a instrução Select, não agem sobre a tabela afetada por joinload(). Como mostra a consulta SQL acima um aliás é atribuído à tabela aluno para que ela não seja alvo desses filtros.
Vemos assim que joinload() recebe como argumento o campo que deve ser carregado de forma imediata. Nos exemplos abaixo os objetos ORM (com letra maiúscula) refletem tabelas Cliente, com campo (uma coleção) Cliente.pedidos; Pedidos com coleção Pedidos.itens, cada item com a descrição Item.descricao.
# joined-load um campo "pedidos" no objeto ORM Cliente
query(Cliente).options(joinedload(Cliente.pedidos))
# joined-load Pedidos.itens, depois Item.descricao (se Pedidos.itens é uma coleção de objetos Item)
query(Pedidos).options(
joinedload(Pedidos.itens).joinedload(Item.descricao))
# a mesma consulta, com lazy load
query(Pedidos).options(
lazyload(Pedidos.items).joinedload(Item.descricao))
Junções explícitas com carregamentos rápidos, contains_eager: Suponha que queremos carregar as linhas de endereço associadas à tabela aluno usando um método como Select.join() para aplicar um JOIN. Esse JOIN para ser aproveitado para uma carga rápida do conteúdo de Endereco.aluno em cada campo endereco retornado. Podemos realizar um carregamento rápido como JOIN, executando esse JOIN manualmente. Isso pode ser obtido com contains_eager(), uma opção semelhante a joinload() que libera o desenvolvedor para configurar o JOIN. Colunas adicionais na cláusula COLUMNS devem ser carregadas em atributos relacionados em cada objeto retornado. Por exemplo:
from sqlalchemy.orm import contains_eager
query = (
select(Endereco)
.join(Endereco.aluno)
.where(Aluno.nome == "Marcos")
.options(contains_eager(Endereco.aluno))
.order_by(Endereco.id)
)
for row in session.execute(query):
print(f"{row.Endereco.aluno.nome}, email: {row.Endereco.email} ")
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome, endereco.id AS id_1, endereco.email, endereco.aluno_id
FROM endereco JOIN aluno ON aluno.id = endereco.aluno_id
WHERE aluno.nome = ? ORDER BY endereco.id ('Marcos',)
Filtramos, na consulta acima, as linhas por aluno.nome e carregamos linhas de aluno no atributo Endereco.aluno. Se tivéssemos aplicado joinedload() seriam geradas partes desnecessárias na consulta SQL, como exibido abaixo.
query = (
select(Endereco)
.join(Endereco.aluno)
.where(Aluno.nome == "Marcos")
.options(joinedload(Endereco.aluno))
.order_by(Endereco.id)
)
print(query)
[SQL]
SELECT endereco.id, endereco.email, endereco.aluno_id,
aluno_1.id AS id_1, aluno_1.nome, aluno_1.sobrenome
FROM endereco JOIN aluno ON aluno.id = endereco.aluno_id
LEFT OUTER JOIN aluno AS aluno_1 ON aluno_1.id = endereco.aluno_id
WHERE aluno.nome = :nome_1 ORDER BY endereco.id
Esse exemplo produz a geração desnecessária de clásulas JOIN e LEFT OUTER JOIN junto com SELECT.
Raiseload é outra estratégia de carregamento. Ela é usada para impedir o surgimento do problema N-mais-um, transformando cargas lazy em um lançamento de erro. Usamos a opção raiseload.sql_only para bloquear cargas lentas feitas por consultas SQL ou bloquear todos os carregamentos, incluindo aqueles que apenas precisam consultar a sessão atual. Uma das formas consiste em usar raiseload() para configurar o relacionamento estabelecido em relationship(), ajustando o valor relationship.lazy = "raise_on_sql". Com isso nenhum acesso aos dados tentará emitir uma consulta SQL. Isso pode ser feito na definição dos objetos ORM que refletem as tabelas.
from sqlalchemy.orm import Mapped
from sqlalchemy.orm import relationship
class Aluno(Base):
__tablename__ = "aluno"
id: Mapped[int] = mapped_column(primary_key=True)
enderecos: Mapped[List["Endereco"]] = relationship(back_populates="aluno", lazy="raise_on_sql")
class Endereco(Base):
__tablename__ = "endereco"
id: Mapped[int] = mapped_column(primary_key=True)
aluno_id: Mapped[int] = mapped_column(ForeignKey("aluno.id"))
aluno: Mapped["Aluno"] = relationship(back_populates="enderecos", lazy="raise_on_sql")
Esse tipo de definição no relacionamento impede a realização de “lazy loads” e obriga a definição de uma estratégia de carregamento para consultas nesses campos.
u1 = session.execute(select(Aluno)).scalars().first()
[SQL]
SELECT aluno.id FROM aluno
# ao tentar acessar a propriedade relacionada
u1.enderecos
# um erro é lançado
sqlalchemy.exc.InvalidRequestError: 'Aluno.enderecos' is not available due to lazy='raise_on_sql'
Essa exceção indica que a coleção devaria ter sido carregada antes do uso.
u1 = (
session.execute(select(User).options(selectinload(User.addresses)))
.scalars()
.first()
)
[SQL]
SELECT aluno.id FROM aluno
[...]
SELECT endereco.aluno_id AS endereco_aluno_id, endereco.id AS endereco_id
FROM endereco WHERE endereco.aluno_id IN (?, ?, ?, ?, ?, ?) (1, 2, 3, 4, 5, 6)
O opção lazy="raise_on_sql" também tenta o carregamneto correto em relacionamentos muitos-para-um. Se o atributo Endereco.aluno não estiver preenchido mas o objeto Aluno já está carregado no sessão atual, então a estratégia raiseload não lança erros.
Após termos visto do uso consultas de inserção, alteração e apagamento com o SQLAlchemy Core podemos considerar o mesmo conjunto de operações com o ORM.
Usando ORM
Na abordagem ORM (Object Relational Mapper) do SQLAlchemy o objeto Section é a base da interação entre o código Python e os bancos de dados. Ele é usado de forma muito semelhante ao objeto Connection, usado no CORE que, internamente, é acionado pelas sessões do ORM para produzir consultas SQL.
Para ilustrar o processo básico vamos usar a construção dos padrões semelhante à usada com Connection, usando um gerenciador de contexto, embora Section admita alguns padrões de criação diferentes.
from sqlalchemy.orm import Session
query = text("SELECT campo_1, campo_2 FROM tabela WHERE campo_1 > :c ORDER BY campo_1, campo_2")
with Session(engine) as session:
result = session.execute(query, {"c": 23})
for row in result:
print(f"campo_1: {row.campo_1} campo_2: {row.campo_2}")
[SQL]
SELECT campo_1, campo_2 FROM tabela WHERE campo_1 > ? ORDER BY campo_1, campo_2
[...] (23,)
# o resultado contém uma lista de listas com campo_1 e campo_2 (se campo_1 >23)
# um update
with Session(engine) as session:
result = session.execute(
text("UPDATE tabela SET campo_1=:c1 WHERE campo_2=:c2"),
[{"c1": 9, "c2": 11}, {"c1": 13, "c2": 15}],
)
session.commit()
[SQL]
UPDATE tabela SET campo_1=? WHERE campo_2=?
[...] [(9, 11), (13, 15)]
Vemos no exemplo que simplesmente substituimos as intruções:
with engine.connect() as conn por with Session(engine) as session
Connection.execute() por Session.execute()
Connection.commit() por Session.commit()
Obs.: Todas as consultas SQL são precedidas por BEGIN e terminadas por COMMIT (omitidas aqui).
Uma sessão com ORM
Para ilustrar o uso do ORM continuaremos, por enquanto, usando a construção de consultas com a função text("query"), que passa a string de consulta diretamente para o banco de dados. O artigo Sqlalchemy ORM Resumido contém uma amostra das funções básicas do ORM.
Começaremos com a tabela coordenadas do BD meu_banco.db do SQLite, construído na seção anterior. Na última operação ele foi gravado com o estado mostrado na figura. Faremos uma atualização de valores com UPDATE coordenadas SET y=:y WHERE x=:x. Os valores de :x, :y são lidos na lista de dicionários. Cada dicionário gera uma operação de UPDATE. Para conferir o resultado da atualização fazemos uma consulta somente dos valores com y > 100.
from sqlalchemy import create_engine, text
from sqlalchemy.orm import Session
engine = create_engine("sqlite:///meu_banco.db")
query = text("UPDATE coordenadas SET y=:y WHERE x=:x")
valores = [{"x": 11, "y": 110}, {"x": 15, "y": 150}]
with Session(engine) as session:
result = session.execute(query, valores)
session.commit()
query = text("SELECT x, y FROM coordenadas WHERE y > :y ORDER BY x, y")
with Session(engine) as session:
result = session.execute(query, {"y": 100})
for row in result:
print(f" x = {row.x} y = {row.y}")
# a consulta com SELECT resulta em
↳ x = 11 y = 110
x = 15 y = 150
As consultas geradas acima são, respectivamente:
[SQL]
UPDATE coordenadas SET y=110 WHERE x=11
UPDATE coordenadas SET y=150 WHERE x=15
SELECT x, y FROM coordenadas WHERE y > 100 ORDER BY x, y
A sessão não é tornada permamente (commited) automaticamente. Para isso é necessário emitir o comando session.commit(). Pelos exemplos mostrados vemos que simplesmente substituimos as intruções:
with engine.connect() as conn por with Session(engine) as session
Connection.execute() por Session.execute()
Connection.commit() por Session.commit()
Obs.: Todas as consultas SQL são precedidas por BEGIN e terminadas por COMMIT (omitidas aqui).
Definindo tabelas com ORM
Com o SQLAlchemy ORM temos uma sintaxe de criação de tabelas mais próxima do estilo do Python. Ele fornece uma interface chamada de Tabela Declarativa (Declarative Table) que usa tipos de variáveis do Python para representar e configurar as tabelas. Com esse procedimento temos classes mapeadas do Python que refletem as propriedades das tabelas do SQL. Em outras palavras, criamos classes do Python com atributos e propriedades que refletem tabelas, colunas, vínculos e relacionamentos que são mapeadas em tabelas do SQL. As operações CRUD usuais são feitas diretamente nos objetos que herdam dessas classes e que, depois, são transferidas para o BD.
A coleção MetaData é criada automaticamente (se uma não for explicitamente fornecida) e fica associada ao objeto chamado Base Declarativa (Declarative Base) que pode ser criado como instância da classe DeclarativeBase:
from sqlalchemy.orm import DeclarativeBase
class Base(DeclarativeBase):
pass
# a coleção metadata é criada em Base
print(Base.metadata)
↳ MetaData()
Para definir nossas tabelas mapeadas herdamos de Base que, como vimos, herda de DeclarativeBase.
As duas classes, Alunos e Enderecos (e os objetos que herdam delas) ficam disponíveis para operações de persistência e consultas. Elas são denominadas classes mapeadas pelo ORM (ORM Mapped Classes). O nome de cada tabela fica atribuído em DeclarativeBase.__tablename__. Após a criação a tabela fica disponível por meio do atributo DeclarativeBase.__table__.
As colunas da tabela, por sua vez, são criadas por mapped_column() que usa anotações (a construção nome_campo: tipo_de_dado, que fica associado ao Mapped[tipo]. Se a coluna tem um tipo simples sem outras qualificações basta indicar apenas Mapped[tipo], onde os tipos do Python como int ou str significam as classes Integer ou String do SQLAlchemy, respectivamente. Essas definições podem ser bastante modificadas para representar objetos mais complexos.
Inserindo linhas
No ORM as instruções Insert são emitidas, e inseridas na transação✠, pelo objeto Session. Para isso inserimos novos objetos à Session e os tornamos persistentes (gravando a transação no BD) com com um processo chamado de flush. Esse processo é conhecido como padrão de unidade de trabalho (UoW)†.
Até agora inserimos dados usando INSERT com dicionários que contém as dados a serem incluídos. Com a abordagem ORM criamos novos objetos derivados das classes das classes customizadas que representam dados na tabela e os inserimos nos objetos table contidos em Session.
Vimos nos nossos exemplos como definir a estrutura de uma tabela criando classes de herdam de DeclarativeBase, criando uma classe para cada tabela SQL. Definimos as classes Aluno e Endereco e usamos Base.metadata.create_all(engine) para inserir no BD as tabelas representadas por elas. As mesmas classes são usadas na inserção de linhas.
Por exemplo, criamos abaixo dois objetos instâncias de Aluno, instanciando a classe e usando os nomes de colunas como keywords. Essa operação usa o construtor __init__() construído automaticamente pelo ORM.
jones = Aluno(matricula= '3456-1234', nome="Jones", sobrenome="Manoel", enderecos=[])
galileu = Aluno(matricula= '8888-9999',nome="Galileu", sobrenome="Galilei", enderecos=[])
# se exibirmos um objeto com print
print(jones)
↳ Aluno(id=None, matricula= '3456-1234', nome="Jones", sobrenome="Manoel", enderecos=[])
Observe que não incluimos um valor para id que é um campo de autoincremento inserido automaticamente. Se o objeto for exibido veremos que id=None, provisoriamente. Um valor é atribuído pelo mecanismo do banco de dados.
Objetos criados dessa forma são chamados transientes, pois não fazem parte ainda do BD, nem mesmo da representação no ORM. Essa inserção deve ser feita na Session, com o método .add(). Feito isso as linhas são pendentes, ainda não inseridas no BD. Esse estado pode ser verificado por meio do objeto Session.new.
# criamos uma sessão
session = Session(engine)
# inserimos os objetos (que representam linhas) na sessão
session.add(jones)
session.add(galileu)
# para verificar objetos pendentes
print(session.new)
↳ IdentitySet([Aluno(id=None, matricula= '3456-1234', nome="Jones", sobrenome="Manoel"),
Aluno(id=None, matricula= '8888-9999',nome="Galileu", sobrenome="Galilei")]
# para inserir esses valores no modelo do BD
session.flush()
[SQL]
INSERT INTO aluno (matricula, nome, sobrenome) VALUES (?, ?), (?, ?) RETURNING id
('3456-1234', 'Jones', 'Manoel', '8888-9999', 'Galileu', 'Galilei')
A consulta realizada insere os dois objetos criados na Session e retorna os ids das linhas inseridas. Para isso é usado o padrão de unidade de trabalho (UoW), o que significa que as alterações não são comunicadas ao BD até que o método Session.flush() seja usado. A transação aberta no início com Session(engine) permanece aberta até que sejam emitidos um dos comandos, chamando métodos de Session:
Session.commit()
Session.rollback() # ou
Session.close()
A execução de .commit() também emite um .flush(). É possível configurar uma Session para que o comportamento autoflush (flush automático).
Recuperando pks: Quando um objeto é inserido o ORM gera automaticamente os atributos das chaves primárias (pk). Os objetos criados acima, jones e galileu passam a ter um id que pode ser lidos.
print(jones.id)
↳ 4
print(galileu.id)
↳ 5
Essa propriedade é lida internamente com CursorResult.inserted_primary_key e esse procedimento exige que operações de INSERT sejam feitas uma de cada vez. Por isso não foram feitas operações tipo executemany. Alguns gerenciadores, como o psycopg2 do PostgreSQL, são capazes de inserir várias linhas de uma vez e recuperar suas chaves primárias.
‡ Um mapa de identidade (identity map) é um mapeamento entre objetos do Python os objetos (tabelas, linhas, colunas, etc) representados no banco de dados. Ele é uma coleção mantida na memória no objeto Session do ORM que contém objetos relacionados por meio de suas chaves primárias. Esse padrão permite que todas as operações sobre o BD sejam coordenadas por em uma única instância de objeto. Veja: Martin Fowler, Identity Map.
Podemos recuperar um dos objetos armazenados no mapa de identidade‡ usando o método Session.get()
um_aluno = session.get(Aluno, 4)
print(um_aluno)
↳ Aluno(id=None, matricula= '3456-1234', nome="Jones", sobrenome="Manoel", enderecos=[])
# o objeto é o mesmo que o definido anteriormente
um_aluno is jones
↳ True
O objeto é retornado se existir no mapa ou, caso contrário, um SELECT é produzido. Observamos que get() retorna uma referência para o mesmo objeto já existente (desde que não tenha sido removido).
Committing: Comitar o estado do BD significa gravar as alterações feitas no BD. Após o commit, todos os objetos continuam ligados (attached) à seção até que ela seja encerrada. Se estamos usando um gerenciador de contexto, abrindo e usando a sessão dentro de um bloco with, a sessão é fechada ao abandonarmos o bloco. Caso contrário temos que fechar manualmente a sessão com session.close().
# para "comitar" uma sessão
session.commit()
[SQL]
COMMIT
# para fechar a sessão
session.close()
Update com UoW: Suponha que desejamos alterar a linha da tabela Aluno referente ao aluno de nome Galileu (que assumiremos tem id=4). Primeiro carregamos essa linha em um objeto (caso já não esteja carregada).
galileu = session.execute(select(Aluno).filter_by(name="Galileu")).scalar_one()
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome, aluno.enderecos
FROM aluno WHERE alunou.nome = ? ('Galileu',)
# o objeto é criado com os dados da linha
print(galileu)
galileu = Aluno(id=4, matricula= '8888-9999',nome="Galileu", sobrenome="Galilei", enderecos='')
Podemos alterar propriedades desse objeto da forma usual. A alteração fica armazenada em session, inicialmente na coleção chamada session.dirty, que contém objetos alterados antes de flush. Após session.flush() um UPDATE é executado no BD e o objeto alterado sai da coleção session.dirty (lembrando que podemos ajustar um autoflush).
galileu.sobrenome = "Osbourne"
galileu in session.dirty
↳ True
session.flush()
galileu in session.dirty
↳ False
# após a operação o novo dado pode ser verificado
galileu_sobrenome = session.execute(select(Aluno.sobrenome)
.where(Aluno.id == 4)).scalar_one()
print(galileu_sobrenome)
↳ Osbourne
# as linhas correspondem a
[SQL]
UPDATE aluno SET sobrenome=? WHERE aluno.id = ? ('Osbourne', 4)
SELECT aluno.sobrenome FROM aluno WHERE aluno.id = ? (4,)
Um flush é executado quando SELECT é executado.
Deleting com UoW: Uma linha pode ser removida do BD com Session.delete(obj), onde obj é um objeto carregado representando essa linha. O objeto permanece na sessão até a emissão de um flush e, depois, é removido dela. Da mesma forma que ocorre com a consulta de UPDATE, as alterações do estado do BD só é permanente quando se realiza um commit.
jones = session.get(Aluno, 1)
session.delete(jones)
# após um flush
session.flush() # ou uma consulta de SELECT emitida
jones in session
↳ False
# para a permanência no BD
session.commit()
Operações de INSERT, UPDATE e DELETE em várias linhas: Vimos que objetos são inseridos em uma sessão com Session.add() e o mecanismo interno da ORM cuida da emissão de consultas SQL relacionadas.
Além dessa funcionalidade, sessões ORM também podem processar instruções INSERT, UPDATE e DELETE diretamente sem passar pela criação de outros objetos da ORM, recebendo listas de valores a serem inseridas, atualizados ou apagados, incluindo critérios WHERE que aplicam a transformação em muitas linhas de uma vez. Isso é útil quando se quer aplicar a alteração a muitas linhas, evitando a construção de objetos mapeados.
As sessões ORM podem se utilizar de recursos com insert(), update() e delete() de forma similar à usada no CORE. Para isso essas funções recebem coleções em seus argumentos, em geral uma lista de dicionários. Por exemplo:
Desfazendo transações com Roll Back: Uma sessão possui o método Session.rollback() que se destina a emitir um ROLLBACK na conexão SQL ativa. Esse método também afeta os objetos associados à Session, como é o caso do objeto galileu armazenada em nossos exemplos. Fizemos no exemplo a alteração da propriedade galileu.sobrenome de "Galilei" para "Osbourne". Se aplicarmos Session.rollback() toda a transação atual será cancelada e todos os objetos em associação com a sessão ficarão expirados.
Fechando uma sessão: Em vários dos exemplos usados abrimos e manipulamos as sessões fora de um gerenciador de contexto e, portanto, elas devem ser fechadas manualmente. Claro que a alternativa é usar o gerenciador, como mostrado abaixo.
from sqlalchemy.orm import Session
engine = create_engine("url/do/banco_de_dados")
session = Session(engine)
# conjunto de operações sobre o BD
session.commit()
session.close()
# usando o gerenciador de contexto
with Session(engine) as session:
# conjunto de operações sobre o BD
session.commit()
Quando fechamos uma sessão, manualmente ou por meio de um gerenciador de contexto, liberamos os recursos de máquina usados para a conexão. Se existirem transações não comitadas elas serão perdidas (emitindo um ROLLBACK). Portanto, se usarmos a sessão apenas para operações de leitura, como em SELECTs, basta fechá-la, sem preocupação com a emissão de Session.rollback(). Além disso todos os objetos ligados à sessão são desconectados, ficando sujeitos à execução de limpeza pelo gc, coletor de lixo do Python. Veja Python Manual: Garbage Collector interface.
Transações
Uma transação é a menor unidade de operações realizadas sobre um banco de dados. Ela é composta de um conjunto ordenado de instruções e pode ser executada manualmente ou automatizada no código. Os sistemas gerenciadores devem garantir que a transação seja executada por completo ou abandonada, sem nenhuma alteração ao banco.
†: Padrão de Unidade de Trabalho (Unit Of Work, UoW) Unidade de Trabalho é um padrão de projeto onde se mantém uma lista de objetos afetados por uma transação e coordena como essas alterações são efetivadas, cuidando de possíveis problemas de concorrência. O padrão Unit of Work pode ser visto como um contexto, sessão ou objeto que acompanha as alterações das entidades de negócio durante uma transação e está presente em muitas das ferramentas ORM modernas. O objetivo das UoW é o agrupamento de funções e alterações aplicados sobre um banco de dados que possa ser executado de uma vez, ou abandonado por completo. Veja artigo de Martin Fowler.
COMMIT e ROLLBACK: Um COMMIT é a instrução para efetivar, tornando permanentes, as operações sobre o BD desde que o último COMMIT ou ROLLBACK foi feito. Um ROLLBACK é a instrução SQL usado para reverter o estado do BD para o estado tornado efetivo pela última operação COMMIT ou ROLLBACK.
Se uma transação for concluída com sucesso o banco de dados será alterado permanentemente, com gravação em disco dos dados alterados, na operação de COMMIT. Porém, se houver falha em qualquer uma das operações da transação, o banco deve ser deixado em seu estado inicial, coom um ROLLBACK.
Transações devem possuir início e fim e podem ser salvas (permanência no banco de dados) ou desfeitas. Se houver falha nenhuma operação deve ser tornada permanente.
No SQL transações são iniciadas com BEGIN TRANSACTION, e finalizada com COMMIT ou ROLLBACK. Essas operações estão ilustradas abaixo.
-- criamos uma tabela provisória de testes
SELECT matricula, nome INTO temp_aluno FROM aluno;
-- transação com rollback
BEGIN TRANSACTION
DELETE FROM temp_aluno -- apaga todos registros da tabela
SELECT * FROM temp_aluno -- a tabela está vazia
ROLLBACK TRANSACTION; -- desfaz a transação
SELECT * FROM temp_aluno; -- a tabela está como no início
-- transação com commit
BEGIN TRANSACTION
DELETE FROM temp_aluno -- apaga todos registros da tabela
SELECT * FROM temp_aluno -- a tabela está vazia
COMMIT TRANSACTION; -- confirma a transação
SELECT * FROM temp_aluno; -- a tabela está vazia (permanente)
Vimos nas sessões anteriores como aplicar os comandos do SQL, INSERT e SELECT, para a inserção de dados em um banco de dados e a recuperação das informações desejadas, em termos do SQLAlchemy. Claro que precisamos também de UPDATE E DELETE para atualizar as informações e linhas existentes. Essa seção cobre essas funções no CORE SQLAlchemy. As operações UPDATE e DELETE com ORM são normalmente chamadas internamente no objeto Session.
As construções com UPDATE e DELETE podem ser usadas diretamente com o ORM, usando o padrão conhecido denominado “atualização e exclusão habilitadas para ORM”. Por isso é necessário compreender essas construções feitas no CORE, antes de usá-las com o ORM.
UPDATE
No SQLAlchemy usamos a função update() para gerar uma instância do objeto Update que representa uma instrução UPDATE em SQL, responsável pela atualização de dados em uma tabela.
Assim como ocorre com insert(), existe uma forma padrão de emitir um update() que executa um UPDATE em uma única tabela por vez, sem retornar nenhuma linha. Alguns back-ends, por outro lado, dão suporte a UPDATEs que modificam várias tabelas de uma vez, além de suporte a RETURNING, de permite o retorno das colunas modificadas, como veremos.
from sqlalchemy import update
query = (
update(aluno)
.where(aluno.c.nome == "Marcos")
.values(sobrenome="Abudab")
)
print(query)
↳ UPDATE aluno SET sobrenome=:sobrenome WHERE aluno.nome = :nome_1
# que, após a substituição dos parâmetros se torna
↳ UPDATE aluno SET sobrenome='Abudab' WHERE aluno.nome = 'Marcos'
O método Update.values() define qual será o conteúdo dos elementos SET em uma instrução UPDATE. Os parâmetros podem ser passados como pares chave = valor usando os nomes das colunas como chaves. Por ex., para atualizar o sobrenome de todos os alunos acrescentando “da Silva” fazemos:
query = update(aluno).values(sobrenome = aluno.c.sobrenome + " da Silva")
print(query)
↳ UPDATE aluno SET sobrenome=(aluno.sobrenome || :name_1) (' da Silva',)
Para fazer várias atualizações (no contexto “executemany”) usamos a construção bindparam() pode ser usada para configurar parâmetros vinculados; estes substituem os lugares onde os valores literais normalmente iriam:
from sqlalchemy import bindparam
query = (
update(aluno)
.where(aluno.c.nome == bindparam("nomeantigo"))
.values(nome = bindparam("nomenovo"))
)
with engine.begin() as conn:
conn.execute( query,
[
{"nomeantigo": "Pedro", "nomenovo": "George"},
{"nomeantigo": "Anita", "nomenovo": "Anitta"},
{"nomeantigo": "Aluisio", "nomenovo": "Alonso"},
],
)
[SQL]
UPDATE aluno SET nome=? WHERE aluno.name = ?
[('Pedro', 'George'), ('Anita', 'Anitta'), ('Aluisio','Alonso')]
Observe que em .where() temos um operador de comparação == enquanto em values() temos uma atribuição, =. Fornecemos uma lista de dicionários com as chaves “nomeantigo” e “nomenovo” para serem substituídos como parâmetros nas três consultas a serem realizadas.
Outras possibilidades de uso de UPDATE
Updates Correlacionados: Uma instrução UPDATE pode usar linhas de outras tabelas obtidas em uma subconsulta. Subconsultas podem ser usada no lugar de qualquer expressão de coluna:
scalar_subq = (
select(endereco.c.email)
.where(endereco.c.aluno_id == aluno.c.id)
.order_by(endereco.c.id)
.limit(1)
.scalar_subquery()
)
query = update(aluno).values(sobrenome=scalar_subq)
print(query)
↳ UPDATE aluno SET sobrenome=(SELECT endereco.email FROM endereco
WHERE endereco.aluno_id = aluno.id ORDER BY endereco.id LIMIT 1)
LIMIT é uma cláusula SQL que especifica o número de linhas que devem ser retornadas no resultado de uma consulta. Nem todos os SGBDS dão suporte a esse recurso.
UPDATE FROM: Alguns bancos de dados, como PostgreSQL e MySQL, aceitam a sintaxe “UPDATE FROM” onde tabelas adicionais podem ser declaradas diretamente em uma cláusula FROM especial. No SQLAlchemy esse tipo de consulta é gerada quando existirem tabelas adicionais na cláusula WHERE da instrução:
query = (
update(aluno)
.where(aluno.c.id == endereco.c.aluno_id)
.where(endereco.c.email == "asilva@gmail.com")
.values(sobrenome="Silva")
)
print(query)
↳ UPDATE aluno SET sobrenome=:sobrenome FROM endereco
WHERE aluno.id = endereco.aluno_id AND endereco.email = :email_1
Não se esqueça de que os parâmetros são substituídos na execução da query: :sobrenome -> 'Silva':email_1 -> 'asilva@gmail.com'.
UPDATE múltiplas tabelas: existe no MySQL uma forma específica para atualizar múltiplas tabelas simultaneamente. No SQLAlchemy nos referimos aos objetos Table adicionais dentro das cláusulas values.
query = (
update(aluno)
.where(aluno.c.id == endereco.c.aluno_id)
.where(endereco.c.email == "patrick@aol.com")
.values(
{
aluno.c.sobrenome: "Jones",
endereco.c.email: "jones@aol.com",
}
)
)
from sqlalchemy.dialects import mysql
print(query.compile(dialect=mysql.dialect()))
↳ UPDATE aluno, endereco
SET endereco.email=%s, aluno.sobrenome=%s
WHERE aluno.id = endereco.aluno_id AND endereco.email = %s
Updates com parâmetros ordenados: Outra característica que existe apenas no MySQL é que a ordem dos parâmetros fornecidos na cláusula SET de um UPDATE modifica a ordem de execução de cada expressão. Para conseguir isso usamos o método Update.ordered_values() que aceita uma sequência de tuplas que são executadas na ordem em que aparecem na expressão.
O comando faz tabela.y=20 e depois tabela.x=tabela.y + 10 (ou seja, y=20, x =30).
Função delete()
A função delete() retorna uma instância do objeto Delete que contém as instruções de apagamento, traduzidas como um SQL DELETE, que apaga linhas de uma tabela, modificado pela clásula WHERE. Em geral a instrução não retorna linhas, embora seja possível o retorno de dados específicos em algumas variantes de SGBD.
from sqlalchemy import delete
query = delete(aluno).where(aluno.c.nome == "Mauro")
print(query)
↳ DELETE FROM aluno WHERE aluno.nome = 'Mauro'
DELETE em múltiplas tabelas: Assim como ocorre com UPDATE, é possível realizar apagamentos de linhas em várias tabelas, dependendo do dialeto usado. Por exemplo, no MySQL podemos usar:
query = (
delete(aluno)
.where(aluno.id == endereco.c.aluno_id)
.where(endereco.c.email == "mauro@igmail.com")
)
from sqlalchemy.dialects import mysql
print(query.compile(dialect=mysql.dialect()))
↳ DELETE FROM aluno USING aluno, endereco
WHERE aluno.id = endereco.aluno_id AND endereco.email = %s
Obtendo o número de linhas afetadas por UPDATE e DELETE: Tanto Update quanto Delete permitem o retorno de número de linhas afetadas pelo procedimento. Esse valor é extraído do atributo CursorResult.rowcount quando usamos Core Connection, acessado por meio de Connection.execute().
with engine.begin() as conn:
result = conn.execute(
update(aluno)
.values(sobrenome="Aquino")
.where(aluno.c.nome == "José")
)
print(result.rowcount)
[SQL]
UPDATE aluno SET sobrenome=? WHERE nome = ? ('Aquino', 'José')
# é retornado
↳ 1
CursorResult é uma subclasse de Result que contém outros atributos. Uma instância dessa subclasse é retornada sempre que uma instrução é passada para o método Connection.execute(). Quando se usa ORM o método Session.execute() sempre retorna um objeto CursorResult quando se executa INSERT, UPDATE, ou DELETE.
Sobre o atributo CursorResult.rowcount:
seu valor é o número de linhas que satisfazem a cláusula WHERE da instrução, independente do número de linhas efetivamente modificada.
esse valor pode não estar disponível para instruções UPDATE ou DELETE que usam RETURNING, ou para casos de execução executemany. Isso depende do módulo DBAPI em uso e das opções configuradas.
Existe o atributo CursorResult.supports_sane_multi_rowcount que indica se esse valor estará disponível para o backend em uso. Alguns drivers, especialmente dialetos de terceiros para bancos de dados não relacionais, podem não oferecer suporte a CursorResult.rowcount. A propriedade CursorResult.supports_sane_rowcount indicará isso.
rowcount é usado pelo processador do ORM para validar se uma instrução UPDATE ou DELETE correspondeu ao número esperado de linhas afetadas.
Usando RETURNING com UPDATE e DELETE: Assim como Insert, Update e Delete também dão suporte à cláusula RETURNING. Ele é inserido com os métodos Update.returning() e Delete.returning(). Quando o backend do BD aceita RETURNING as colunas selecionadas de todas as linhas que satisfazem o critério WHERE são retornadas no objeto Result como um objeto iterável. Isso significa que as linhas que podem ser percorridas por iteração.
Definimos uma tabela na seção sobre Metadados. Uma vez definidas as tabelas com seus tipos de dados, vínculos e relacionamentos, o próximo passo consiste em realizar operações de inserção, extração, modificação e apagamento de dados.
INSERT
No SQL dados são inseridos nas tabelas com a instrução INSERT. Tanto ao usar CORE ou ORM a instrução INSERT é gerada com função insert(). No CORE usamos insert(tabela).values(valores). O objeto query obtido tem a representação de string mostrada abaixo. Ele possui o método compile() com têm parâmetros como params que armazena os campos e valores associados na consulta.
from sqlalchemy import insert
query = insert(aluno).values(matricula="12345-67890", nome="Marcos", sobrenome="Sobral")
print(query)
↳ INSERT INTO aluno (matricula, nome, sobrenome) VALUES (:matricula, :nome, :sobrenome)
# a query compilada possui propriedades
query_compilada = query.compile()
print(query_compilada.params)
{matricula:"12345-67890", nome:"Marcos", sobrenome:"Sobral"}
# para efetivar a consulta
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(query)
conn.commit()
# que gera a consulta
[SQL]
INSERT INTO aluno (matricula, nome, sobrenome) VALUES (?, ?)
("12345-67890", "Marcos", "Sobral")
# a chave primária da linha inserida pode ser recuperada
result.inserted_primary_key
↳ (1,)
A chave primária pode ser obtida quando a consulta insere apenas 1 linha. O método inserted_primary_key retorna uma tupla contendo todas as colunas que são chaves primárias (pois podem existir várias pks). Isso significa que uma cláusula RETURNING é inserida automaticamente sempre que o banco de dados subjacente der suporte à essa característica. No entanto é possível retornar outros valores além da chave primária. Isso é feito com o método Insert.returning(). Nesse caso o objeto Result retornado contém linhas que podem ser percorridas e lidas.
Para instruções INSERT o recurso RETURNING pode ser usado para instruções de uma única linha ou para múltiplas linhas (desde que tenham suporte no dialeto usado). RETURNING pode também ser usado com as instruções UPDATE e DELETE.
INSERT inclue a cláusula VALUES automaticamente se insert().values() não for usado. Se a consulta for executada com uma lista de valores, uma consulta é feita para cada elemento da lista. Por exemplo:
# se nenhum valor for fornecido
print(insert(aluno))
[SQL]
INSERT INTO aluno (id, matricula, nome, sobrenome, enderecos)
VALUES (:id, :matricula, :nome, :sobrenome, :enderecos)
# fornecendo os valores
valores = [{matricula:"12345-67890", nome:"Marcos", sobrenome:"Sobral"},{matricula:"54321-12345", nome:"Joana", sobrenome:"Rosa"}]
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(insert(alunos), valores,)
conn.commit()
[SQL]
INSERT INTO aluno (id, matricula, nome, sobrenome, enderecos) VALUES (?, ?, ?)
[("12345-67890", "Marcos", "Sobral"),("54321-12345", "Joana", "Rosa")]
No código acima valores é uma lista de dicionários, cada dicionário com os pares campo: valor. A consulta gerada é exibida, sempre respeitando o dialeto usado para o banco de dados usado. Uma consulta “vazia”, que insere apenas os valores default, pode ser realizada, mostrada abaixo.
# para inserir todos os valores default
insert(alunos).values().compile(engine)
[SQL]
INSERT INTO aluno DEFAULT VALUES
SELECT
A função select() é usada tanto no Core (passado com Connection.execute()) quanto ORM (passado com Session.execute()), resultando no objeto Result que contém as linhas retornadas pela consulta. Para a abordagem com ORM existem muitas outras formas de aplicar SELECT.
Podemos passar argumentos posicionais para a função select() para representar qualquer quantidade de objetos Table ou Column (ou outros objetos compatíveis). A cláusula FROM é inferida a partir desses argumentos.
from sqlalchemy import select
print(select(aluno))
↳ SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno
# alternativamente, podemos escolher as colunas a serem retornadas
print(select(aluno.c["nome", "sobrenome"]))
↳ SELECT aluno.nome, aluno.sobrenome FROM aluno
O modificador WHERE é um método do objeto retornado por select().
from sqlalchemy import select
query = select(aluno).where(aluno.c.nome == "Marcos")
print(query)
↳ SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno
WHERE aluno.nome = :nome_1
# a consulta pode ser efetivada com connection.execute(query)
# e o resultado percorrido em um loop
with engine.connect() as conn:
for linha in conn.execute(query):
print(linha)
[SQL]
SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno
WHERE user_account.name = ? ('Marcos',)
# uma única linha é retornada
↳ (1, '12345-67890', 'Marco', 'Sobral', '')
O SQLAlchemy adota uma forma de métodos encadeados (method chaining), que é chamada de generativa (generative) na documentação. Essa é uma técnica de orientação a objetos onde um objeto pode ter suas propriedades configuradas através de chamadas sucessivas aos seus métodos. Para isso cada método retorna o objeto modificado ou um novo objeto construído com as novas propriedades. Os métodos podem ser novamente chamados nesse novo objeto.Esse é o caso de objetos Select e Query. Um objeto Select, por exemplo, pode receber chamadas sucessivas aos métodos where() e order_by(). Assumindo tabela possui os campos id, campo1 e campo2:
O método order_by() fornece a campo para ordenamento do resultado da consulta. ORDER BY: Na linguagem de consulta SQL podemos ordenar as linhas retornadas por meio da cláusula ORDER BY. No SQLAlchemy ORDER BY é inserido com o método Select.order_by() que aceita parâmetros posicionais. Ordenamento crescente ou decrescente é obtido com os modificadores ColumnElement.asc() e ColumnElement.desc(). Por exemplo, consultas básicas no CORE e ORM podem ser obtidas:
print(select(aluno).order_by(aluno.c.name))
↳ SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome FROM aluno ORDER BY aluno.nome
# usando classes do ORM
print(select(Aluno).order_by(Aluno.sobrenome.desc()))
↳ SELECT aluno.id, aluno.name, aluno.sobrenome FROM aluno ORDER BY aluno.sobrenome DESC
SELECT com ORM
Na abordagem ORM usamos Session.execute() para efetivar a consulta. Agora o resultado é formado não apenas por linhas de tuplas mas pelas próprias instâncias da classe Aluno.
query = select(Aluno).where(Aluno.nome == "Marcos")
with Session(engine) as session:
for linha in session.execute(query):
print(linha)
[SQL]
SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno
FROM aluno WHERE aluno.nome = ? ('Marcos',)
# um único objeto é retornado
↳ (Aluno(id=1, matricula='12345-67890', nome='Marcos', sobrenome='Sobral', enderecos=''),)
A forma como esse objeto é exibido (com print()) é definida no método __repr__ (ou __str__).
Objetos gerados pelo ORM, sejam as classes que criamos como Aluno ou as colunas Aluno.nome são inseridos nas consultas SELECT da mesma forma que as próprias tabelas no CORE, gerando consultas idênticas.
# Lembrando que Aluno é a classe associada à tabela aluno
print(select(Aluno))
↳ SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno
Os comandos são executados com Session.execute(). Diferente das consultas com CORE, agora cada linha do resultado é um objeto Row, que são instâncias do objeto Aluno.
row = session.execute(select(Aluno)).first()
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome, aluno.enderecos FROM aluno
print(row)
(Aluno(id=1, matricula="12345-67890", nome='Marcos', sobrenome='Sobral'),)
# a primeira linha pode ser obtida
row = session.execute(select(Aluno)).first()
# outro método fornecido por conveniência é Session.scalars(), com o mesmo resultado
aluno = session.scalars(select(Aluno)).first()
Na consulta acima row (instância de Row) tem apenas um objeto (que é row[0]).
Para selecionar colunas específicas os atributos coluna da classe table são passados como argumento em select().
Essa abordagem pode ser mixta, como mostrado abaixo. Fazemos uma consulta no campo Aluno.nome e na tabela inteira Endereco. No objeto resultado usamos o método where() que restringe quais os endereços serão selecionados por linha. O método all() retorna todos os resultados obtidos na consulta.
session.execute(select(Aluno.nome, Endereco)
.where(Aluno.id == Endereco.aluno_id)
.order_by(Aluno.nome)).all()
[SQL]
SELECT aluno.nome, endereco.id, endereco.email, endereco.aluno_id
FROM aluno, endereco WHERE aluno.id = endereco.aluno_id ORDER BY aluno.nome
Aliases são úteis em consultas SQL, principalmente quando se deseja citar várias tabelas em uma única consulta ou para simpĺificar a exibição de colunas com nomes longos ou aquelas construídas programaticamente. No SQLAlchemy elas são denominadas labels, inseridas nas consultas com o método ColumnElement.label().
query = select(("Nome do aluno: " + aluno.c.nome).label("Nome"),).order_by(aluno.c.nome)
[SQL]
SELECT "Nome do aluno: " || aluno.nome AS Nome FROM aluno ORDER BY aluno.nome
# o resultado da consulta é
↳ Nome do aluno: Joana
Nome do aluno: Marcos
Vale lembrar que || é o operador de concatenação no SQLite e AS é opcional no SQLite (e em vários outros BDs), tanto para tabelas quanto para nome das colunas. É comum se usar AS em nomes de campos e ignorá-lo para nomear tabelas.
# são equivalentes:
SELECT aluno.nome, endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
SELECT a.nome, e.email FROM aluno a JOIN endereco e ON a.id = e.aluno_id
# alias em nomes de campos são úteis em resultados compostos
SELECT a.nome || " " || a.sobrenome AS "Nome do Aluno" FROM aluno a
O exemplo abaixo ilustra o uso de DESC para a ordenação em ordem descendente e o uso do alias na ordenação.
from sqlalchemy import desc
query = select(Aluno.matricula, Aluno.nome + " " + Aluno.sobrenome.label("nomealuno"))
.order_by("nomealuno", desc("matricula"))
print(query)
SELECT aluno.matricula, aluno.nome || " " || aluno.sobrenome AS nomealuno
FROM aluno ORDER BY matricula, nomealuno DESC
Cláusula WHERE
Os operadores padrões de comparação do Python são usados para gerar objetos de consulta, e não apenas retornarem valores booleanos. Esses objetos são passados para o método Select.where()
Condições encadeadas com AND são produzidas pelo uso múltiplo de Select.where() ou pelo uso de múltiplas expressões como argumento de where().
# múltiplos where()
print(
select(endereco.c.email)
.where(user_table.c.name == "Joana")
.where(endereco.c.aluno_id == aluno.c.id)
)
# ou, múltiplos argumentos (o que é equivalente)
print(select(endereco.c.email).where(user_table.c.name == "Joana",
endereco.c.aluno_id == aluno.c.id))
# em ambos os casos o resultado é
[SQL]
↳ SELECT endereco.email FROM endereco, aluno
WHERE aluno.nome = :nome_1 AND enderco.aluno_id = aluno.id
As junções lógicas AND e OR são obtidas com o uso das funções and_() e or_().
from sqlalchemy import and_, or_
print(select(Endereco.email).where(
and_(
or_(Aluno.nome == "Marcos", Aluno.nome == "Joana"),
Endereco.aluno_id == Aluno.id,)
)
)
↳ SELECT endereco.email FROM endereco, aluno
WHERE (aluno.name = :name_1 OR aluno.name = :name_2)
AND endereco.aluno_id = aluno.id
Observe que, se A, B e C são testes booleanos então and_(or_(A, B),C) é o mesmo que (A OR B) AND C).
Para outras comparações podemos usar filtros Select.filter_by() que recebe argumentos nomeados para testar em valores nas colunas ou nomes de atributos no ORM. O filtro age sobre a última cláusula FROM ou última tabela em Join.
print(select(Aluno).filter_by(nome="Marcos", matricula="12345-67890"))
↳ SELECT aluno.id, aluno.matricula, aluno.nome, aluno.sobrenome, aluno.enderecos
FROM aluno WHERE aluno.nome = :nome_1 AND aluno.matricula = :matricula_1
Vimos que a tabela default de onde os campos serão pesquisados com SELECT é inferida pelo código da pesquisa. Para usar mais de uma tabela temos que listar cada uma como argumentos, separados por vírgula.
# consulta em uma única tabela
print(select(aluno.c.name))
↳ SELECT aluno.nome FROM aluno
# consulta em mais de uma tabela
print(select(aluno.c.nome, endereco.c.email))
↳ SELECT aluno.nome, endereco.email FROM aluno, endereco
Para juntar (com JOIN) as tabelas usamos um dos dois métodos: Select.join_from(), que permite indicar o lado esquerdo e direito da junção explicitamente, e Select.join() que apenas define o lado direito (sendo o esquerdo inferido). Com Select.select_from() podemos explictar a tabela que queremos na cláusula FROM.
# usando .join_from()
print(select(aluno.c.nome, endereco.c.email).join_from(aluno, endereco))
↳ SELECT aluno.nome, endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
# usando .join()
print(select(aluno.c.nome, endereco.c.email).join(endereco))
↳ SELECT aluno.nome, enderco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
# usando .select_from()
print(select(endereco.c.email).select_from(aluno).join(endereco))
↳ SELECT endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
Gerando cláusula ON: Nos exemplos anteriores vimosque a clásula ON foi inserida automaticamente. Isso ocorreu porque existe um relacionamento entre as tabelas aluno e endereco por meio de uma foreignkey. Se não exitir um vínculo desse tipo, ou se existirem vínculos entre várias tabelas a cláusula ON pode ser especificada explicitamente em ambas as funções Select.join() e Select.join_from().
print(
select(endereco.c.email)
.select_from(aluno)
.join(endereco, aluno.c.id == endereco.c.aluno_id)
)
↳ SELECT endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
LEFT OUTER JOIN, FULL OUTER JOIN: os dois métodos também admitem a especificação que leva à construção de LEFT OUTER JOIN e FULL OUTER JOIN. Isso é feito com Select.join.isouter e Select.join.full.
print(select(aluno).join(endereco, isouter=True))
↳ SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome
FROM aluno LEFT OUTER JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
print(select(user_table).join(address_table, full=True))
↳ SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome
FROM aluno FULL OUTER JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
Obs.: Existe o método Select.outerjoin() equivalente ao uso de .join(..., isouter=True).
SQLAlchemy não dá suporte à RIGHT OUTER JOIN. Para conseguir o mesmo efeito inverta a ordem das tabelas e use LEFT OUTER JOIN.
GROUP BY e funções agregadas: A cláusula GROUP BY permite o agrupamento de linhas de forma a aplicar funções agregadas sobre os grupos gerados. Para estabelecer condições e filtros sobre linhas agrupadas não usamos WHERE e sim a cláusula HAVING. Funções de agregação são uma forma de inserir cálculos, tais como somas, contagem, médias ou localização de máximos e mínimos, sobre todos os elementos de um grupo.
No SQLAlchemy as funções de agregação estão em um namespace chamado de func, que é o construtor de instâncias da classe Function. Por exemplo, para contar quantas linhas tem a tabela aluno escolhemos uma coluna com valores únicos (como id) e contamos quantas linhas existem.
from sqlalchemy import func
print(func.count(aluno.c.id))
↳ count(user_account.id)
Nesse último caso, como nenhum agrupamento foi feito com GROUP BY, o grupo considerado consiste na tabela inteira e a contagem se refere a todas as linhas. Caso a tabela tenha sido particionada com GROUP BY as funções de agregação serão aplicadas a cada grupo individualmente. Para selecionar ou filtrar grupos usamos a cláusula HAVING sobre valores agregados. SQLAlchemy fornece os métodos Select.group_by() e Select.having().
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(
select(Aluno.nome, func.count(Endereco.id).label("count"))
.join(Endereco)
.group_by(Aluno.nome)
.having(func.count(Endereco.id) > 1)
)
print(result.all())
[SQL]
SELECT aluno.nome, count(endereco.id) AS count
FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
GROUP BY aluno.nome HAVING count(address.id) > 1
A consulta acima faz um JOIN das tabelas aluno e endereco, o que pode retornar várias linhas para cada aluno se ele tiver mais de um endereço registrado. Em seguida ela faz um agrupamento pelo nome e conta quantos endereços existem, retornando apenas aqueles que tem mais de um endereço.
O uso de aliases ou labels podem tornar uma instrução SQL mais legível por evitar repetições de nomes. Aliases também podem ser usados para ordenação e agrupamento.
from sqlalchemy import func, desc
query = (
select(Endereco.aluno_id, func.count(Endereco.id).label("n_enderecos"))
.group_by("aluno_id")
.order_by("aluno_id", desc("n_enderecos"))
)
print(query)
↳ SELECT endereco.aluno_id, count(endereco.id) AS n_enderecos
FROM endereco GROUP BY endereco.aluno_id ORDER BY endereco.aluno_id, n_enderecos DESC
Essa consulta faz um agrupamento da tabela endereco no campo endereco.aluno_id (ou seja, agrupa todos os endereços de cada aluno), conta endereços armazenando a contagem como n_enderecos e exibe o resultado por ordem crescente de endereco.aluno_id, decrescente em n_enderecos. O nome provisório n_enderecos (um label ou alias) é retornado e serve como ordenador das linhas no resultado.
Aliases, no CORE: Também acontece de precisarmos usar o nome de várias tabelas quando fazemos consultas com JOIN e os nomes precisam ser usados várias vezes na mesma consulta. Na SQLAlchemy Expression Language esses aliases são construídos como o objeto Alias retornados pelo método FromClause.alias(). Um objeto construído como um Alias tem a mesma estrutura de uma Table, possuindo objetos Column em sua coleção Alias.c.
alias_1 = aluno.alias()
alias_2 = aluno.alias()
print(
select(alias_1.c.name, alias_2.c.name)
.join_from(alias_1, alias_2, alias_1.c.id > alias_2.c.id)
)
↳ SELECT alias_1.nome AS nome_1, alias_2.nome AS nome_2
FROM aluno AS alias_1 JOIN aluno AS alias_2 ON alias_1.id > alias_2.id
Duas “tabelas” temporárias são construídas a partir da tabela aluno, com os nomes alias_1 e alias_2, que podem ser consultadas independentemente. Essa consulta retorna todos os pares de nomes da tabela aluno, sem repetições.
Subqueries e CTEs
Subqueries (subconsultas) são instruções SELECT realizadas entre parênteses, dentro de uma consulta que a envolve (geralmente outro SELECT). O resultado da subconsulta é usado para a consulta que a envolve. O SQLAlchemy usa o objeto Subquery (em Select.subquery()) para representar uma subconsulta. Qualquer objeto pode ser usado como um elemento FROM dentro de uma construção select() maior.
Como exemplo vamos construir uma subconsulta que selecionará uma contagem agregada de linhas da tabela de endereços (funções agregadas e GROUP BY foram introduzidas anteriormente em Funções Agregadas com GROUP BY / HAVING):
sub_query = (
select(func.count(endereco.c.id).label("contagem"), endereco.c.aluno_id)
.group_by(endereco.c.aluno_id).subquery()
)
# sub_query é uma consulta SELECT (sem os parênteses)
print(sub_query)
↳ SELECT count(endereco.id) AS countagem, endereco.aluno_id
FROM endereco GROUP BY endereco.aluno_id
O objeto Subquery se comporta como qualquer outro objeto FROM (como uma Table), incluindo uma Subquery.c que contém as colunas selecionadas, de onde podemos fazer referência às colunas aluno_id e aquela rotulada “contagem” que contém o resultado da função agregada. Essa subconsulta pode ser usada como parte de FROM em uma nova consulta.
print(select(sub_query.c.user_id, sub_query.c.contagem))
↳ SELECT alias_1.aluno_id, alias_1.contagem FROM
(SELECT count(endereco.id) AS contagem, endereco.aluno_id
FROM endereco GROUP BY endereco.aluno_id) AS alias_1
A subconsulta retorna uma tabela com linhas agrupadas por aluno (aluno.id) e o número de endereços registrados para cada um deles no campo “contagem”. A consulta externa simplesmente lista esses linhas. Consultas mais gerais podem ser realizadas, usando a subquery como uma tabela qualquer.
query = select(aluno.c.nome, aluno.c.sobrenome, sub_query.c.contagem).join_from(aluno, sub_query)
print(query)
↳ SELECT aluno.nome, aluno.sobrenome, alias_1.contagem FROM aluno JOIN
(SELECT count(endereco.id) AS contagem, endereco.aluno_id AS aluno_id FROM endereco
GROUP BY endereco.aluno_id) AS alias_1 ON aluno.id = alias_1.aluno_id
A subconsulta gera a tabela com os campos alias_1.contagem e alias_1.aluno_id. A consulta externa faz um JOIN dessa tabela com aluno, retornando nome e sobrenome de cada aluno, junto com o número de endereços cada um tem registrado. A cláusula ON, nesse caso, foi inferida com base nos vínculo e na chave extrangeira (aluno.id = alias_1.aluno_id).
CTEs ou Common Table Expression (Expressões Comuns de Tabelas) são usadas de modo similar às subconsultas mas possuindo recursos adicionais. Um objeto CTE é construído com método Select.cte() e, da mesma forma que as subqueries, pode ser usado como tabela dentro da cláusula FROM. O uso é muito similar ao das subqueries mas o comando SQL gerado é bastante diferente.
ctable = (
select(func.count(endereco.c.id).label("contagem"), endereco.c.aluno_id)
.group_by(endereco.c.aluno_id)
.cte()
)
query = select(aluno.c.nome, aluno.c.sobrenome, ctable.c.contagem).join_from(aluno, ctable)
print(query)
↳ WITH anon_1 AS
(SELECT count(endereco.id) AS contagem, endereco.aluno_id AS aluno_id
FROM endereco GROUP BY endereco.aluno_id)
SELECT aluno.nome, aluno.sobrenome, anon_1.contagem
FROM aluno JOIN anon_1 ON aluno.id = anon_1.aluno_id
A cláusula WITH gera uma tabela temporária (criada pela consulta entre parânteses) a atribui a ela o aliás anon_1. Essa tabela pode ser usada na consulta que se segue.
Subqueries e CTEs com ORM
Aliases, no ORM: O equivalente ORM para gerar aliases é a função aliased(). Quando aplicada a um objeto de classes mapeadas em tabelas, como Aluno e Endereco, essa função retorna um objeto que representa o objeto Table original, mantendo toda a sua funcionalidade ORM original.
from sqlalchemy.orm import aliased
Alias_1 = aliased(Address)
Alias_2 = aliased(Address)
print(
select(Aluno)
.join_from(Aluno, Alias_1)
.where(Alias_1.email == "marcos@aol.com")
.join_from(Aluno, Alias_2)
.where(Alias_2.email == "soares@gmail.com")
)
↳ SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome
FROM aluno
JOIN endereco AS alias_1 ON aluno.id = alias_1.aluno_id
JOIN endereco AS alias_2 ON aluno.id = alias_2.aluno_id
WHERE alias_1.email = :email_1 AND alias_2.email = :email_2
O SELECT acima seleciona id, nome e sobrenome da tabela aluno que têm dois endereços de e-mail especificados (no caso “marcos@aol.com” e “soares@gmail.com”).
Subqueries e CTEs: No caso das classes do ORM o método subquery() gera objeto semelhante à Table, com todas as suas propriedades. O mesmo ocorre com aliased() que pode armazenar uma Tabela inteira ou o resultado de uma consulta.
sub_query = select(Endereco).where(~Endereco.email.like("%@gmail.com")).subquery()
endereco_query = aliased(Endereco, sub_query)
query = (
select(Aluno, endereco_query)
.join_from(Aluno, endereco_query)
.order_by(Aluno.id, endereco_query.id)
)
with Session(engine) as session:
for aluno, endereco in session.execute(query):
print(f"{aluno} {endereco}")
# a seguinte consulta é executada
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome,
anon_1.id AS id_1, anon_1.email, anon_1.aluno_id
FROM aluno JOIN (
SELECT endereco.id AS id, endereco.email AS email, endereco.aluno_id AS aluno_id
FROM endereco WHERE endereco.email NOT LIKE ?
) AS anon_1 ON aluno.id = anon_1.user_id
ORDER BY aluno.id, anon_1.id ('%@gmail.com',)
Nessa consulta anon_1 é a representação SQL de endereco_query que, por sua vez, é um aliás para a consulta em sub_query sobre a tabela endereco. A consulta retorna id, nome e sobrenome de alunos, id e email de endereços para aqueles que não possuem email do gmail. Uma consulta análoga com cte pode ser realizada substituindo subquery() por cte() na consulta acima. A consulta gerada usa WITH.
O operador de negação ~ foi usado acima. Por exemplo: ~Aluno.enderecos.any() seleciona as linhas
de Aluno que não possuem endereços cadastrados.
query = select(Aluno.nome).where(~Aluno.enderecos.any())
session.execute(query).all()
# a seguinte consulta é executada
↳ SELECT aluno.nome FROM aluno
WHERE NOT (EXISTS (SELECT 1 FROM endereco WHERE aluno.id = endereco.aluno_id))
A consulta interna retorna 1 se a linha de aluno possui algum endereço associado.
Subqueries escalares e correlacionadas
Uma subquery escalar (scalar subquery) é uma subquery que retorna apenas 1, ou nenhuma, linha em uma única coluna. Diferente de uma consulta com mais de uma linha e uma coluna, ela pode ser usada em cláusulas WHERE de um SELECT subjacente (que envolve a subquery).
Esse tipo de objeto é obtido com o método .scalar_subquery() e é frequentemente usado com funções de agregamento.
sub_query = (
select(func.count(endereco.c.id))
.where(aluno.c.id == endereco.c.aluno_id)
.scalar_subquery()
)
print(sub_query)
↳ (SELECT count(endero.id) AS count_1 FROM endereco, aluno
WHERE aluno.id = endereco.aluno_id)
O comando SQL gerado é uma query usual e o resultado da consulta é uma única linha com a coluna count_1. A subquery pode ser usada como qualquer outra expressão de coluna.
print(sub_query == 5)
↳ (SELECT count(endereco.id) AS count_1 FROM endereco, aluno
WHERE aluno.id = endereco.aluno_id) = :param_1 {5, }
No exemplo abaixo a subquery é usada em uma consulta ****
Uniões entre tabelas: UNION
Com consultas SQL usuais podemos unir o resultado de duas consultas obtidas com SELECT usando os operadores UNION e UNION ALL. Eles produzem o conjunto de todas as linhas resultantes em cada uma das consultas envolvidas. Também estão disponíveis consultas com INTERSECT [ALL] e EXCEPT [ALL]. No SQLAlchemy essas operações são obtidas com as funções union(), intersect() e except_(), além de union_all(), intersect_all() e except_all() para incluir o modificador ALL. Todas essas funções aceitam um número arbitrário de conjuntos selecionáveis.
O resultado dessas funções é um CompoundSelect que é usado da mesma forma que um objeto resultante de Select, embora tenha menos métodos. Por exemplo:
from sqlalchemy import union_all
query1 = select(aluno).where(aluno.c.nome == "Marcos")
query2 = select(aluno).where(aluno.c.nome == "Joana")
u = union_all(query1, query2)
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(u)
print(result.all())
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome, aluno.enderecos
FROM aluno WHERE aluno.nome = ?
UNION ALL
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome, aluno.enderecos
FROM aluno WHERE aluno.nome = ?
↳ (Marcos', 'Joana')
O resultado são os dados dos alunos “Marcos” e “Joana”.
Ainda usando a união construída acima podemos ilustrar como usar o resultado da união (que é um objeto CompoundSelect) como uma subquery. O próprio objeto possui um método Subquery.
u_subq = u.subquery()
query = (
select(u_subq.c.name, aluno.c.email)
.join_from(endereco, u_subq)
.order_by(u_subq.c.name, endereco.c.email)
)
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(query)
print(result.all())
Uniões com ORM
Os exemplos acima mostram a união construída à partir de objetos Table retornando linhas do BD. Usando os objetos do ORM (as classes representando tabelas) construímos um objeto CompoundSelect que representa a união das entidades ORM e, portanto, das tabelas que elas mapeiam. O método Select.from_statement() pode ser usado para converter o objeto obtido de union_all() em um selecionável (que é uma coleção). Nesse caso UNION representa a consulta inteira, não necessitando de critérios adicionais. O exemplo tem o mesmo efeito que a consulta anterior feita com CORE.
query1 = select(Aluno).where(Aluno.nome == "Marcos")
query2 = select(Aluno).where(Aluno.nome == "Joana")
u = union_all(query1, query2)
orm_query = select(Aluno).from_statement(u)
with Session(engine) as session:
for obj in session.execute(orm_query).scalars():
print(obj)
Alternativamente, uma UNION pode ser usada como subquery e composta com outro objeto ORM por meio da função aliased(). No exemplo abaixo podemos adicionar critérios adicionais como ORDER BY fora do próprio UNION, inserindo filtros ou ordenamentos nas colunas geradas em uma subconsulta.
aluno_alias = aliased(Aluno, u.subquery())
orm_query = select(aluno_alias).order_by(aluno_alias.id)
with Session(engine) as session:
for obj in session.execute(orm_query).scalars():
print(obj)
↳ Aluno(id=1, matricula="12345-67890", nome='Marcos', sobrenome='Sobral', enderecos="")
Aluno(id=2, matricula="54321-12345", nome='Joana', sobrenome='Rosa', enderecos="")
[SQL]
SELECT anon_1.id, anon_1.matricula, anon_1.nome, anon_1.sobrenome, anon_1.enderecos
FROM (SELECT aluno.id AS id, aluno.matricula AS matricula,
aluno.nome AS nome, aluno.sobrenome AS sobrenome, aluno.enderecos AS enderecos
FROM user_account WHERE user_account.name = ?
UNION ALL
SELECT aluno.id AS id, aluno.nome AS nome, aluno.sobrenome AS sobrenome,
aluno.enderecos AS enderecos
FROM aluno WHERE aluno.nome = ?) AS anon_1 ORDER BY anon_1.id
('Marcos', 'Joana')
O resultado, visualizado com print(obj) são objetos ORM (como Aluno).
A subquery EXISTS
No SQL podemos usar o operador EXISTS junto com subconsultas escalares (aqueles que retornam apenas uma linha, ou nenhuma) para retornar um booleano informando se a instrução SELECT retorna uma linha (TRUE) ou nenhuma (FALSE). Esse funcionalidade é conseguida no SQLAlchemy com o uso de uma variante do objeto ScalarSelect chamado Exists.
subq = (
select(func.count(endereco.c.id))
.where(aluno.c.id == endereco.c.aluno_id)
.group_by(endereco.c.aluno_id)
.having(func.count(endereco.c.id) > 1)
).exists()
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(select(aluno.c.nome).where(subq))
print(result.all())
[SQL]
SELECT aluno.nome FROM aluno WHERE EXISTS
(SELECT count(endereco.id) AS count_1 FROM endereco
WHERE aluno.id = endereco.aluno_id GROUP BY endereco.aluno_id
HAVING count(endereco.id) > ?) (1,)
A consulta SELECT em subq é uma consulta que faz uma JOIN de aluno com endereco, agrupa e conta quantos endereços existem para cada aluno, retornando apenas aqueles que possuem mais de um endereço. A função exists() retorna TRUE se existir alguma linha nessa consulta, FALSE se nenhuma linha existe. Esse conjunto de boolenos é usado na consulta seguinte para retornar os nomes dos alunos que satisfazem à condição descrita.
EXISTS é mais usada como uma negação, como em NOT EXISTS. Ela fornece uma forma de localizar linhas de uma tabela associada à outra tabela que não possui linhas no relacionamento. Por exemplo, para encontrar nomes de alunos que não possuem endereços de e-mail podemos fazer:
subq = (select(endereco.c.id).where(aluno.c.id == endereco.c.aluno_id)).exists()
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(select(aluno.c.nome).where(~subq))
print(result.all())
[SQL]
SELECT aluno.nome FROM aluno WHERE NOT (EXISTS
(SELECT endereco.id FROM endereco WHERE aluno.id = endereco.aluno_id)
)
Observe o uso de ~ para negar o resultado de subq dentro da segunda cláusula WHERE.
Funções SQL
Funções do SQL são utilizadas em conjunto com agrupagamentos e filtros (GROUP BY, HAVING), ou sobre linhas ou campos individuais. Elas foram introduzidas na seção sobre agrupamentos. No SQLAlchemy o objeto func funciona como uma fábrica de funções (objetos da classe Function) que podem ser usados em uma construção tipo select() para representar uma função SQL. Elas consistem em um nome, parênteses (na maioria das vezes) e possíveis argumentos. Seguem alguns exemplos de funções SQL.
# count(): função sobre linhas agregadas, conta quantas linhas foram retornadas
print(select(func.count()).select_from(aluno))
↳ SELECT count(*) AS count_1 FROM aluno
# lower(): converte um string em minúsculas:
print(select(func.lower("A String With Much UPPERCASE")))
↳ SELECT lower(:lower_2) AS lower_1
(a string with much uppercase)
# now(): fornece data e hora atual. In sqlite:
query = select(func.now())
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(query)
print(result.all())
SELECT CURRENT_TIMESTAMP AS now_1
O resultado, a consulta SQL, depende do dialeto e BD usado. Como os diversos dialetos incluem muitas funções (que podem variar entre eles) o método func aceita parâmetros de forma liberal, tentando contruir com eles uma função válida. Por outro lado existe um conjunto pequeno de funções comuns a diversas versões do SQL, como count, now, max, concat, que possuem versões pre-definidas.
# uso de nome genérico
print(select(func.uma_funcao_qualquer(tabela.c.campo, 17)))
↳ SELECT uma_funcao_qualquer(tabela, :uma_funcao_qualquer_2) AS uma_funcao_qualquer_1 FROM tabela
# uso de função comum no postgresql e no oracle
from sqlalchemy.dialects import postgresql
print(select(func.now()).compile(dialect=postgresql.dialect()))
↳ SELECT now() AS now_1
from sqlalchemy.dialects import oracle
print(select(func.now()).compile(dialect=oracle.dialect()))
↳ SELECT CURRENT_TIMESTAMP AS now_1 FROM DUAL
O segundo exemplo acima compara a geração da função SQL no PostgreSQL e no Oracle para a função now().
Tipos definidos de retorno: Algumas funções (mas não todas) retornam objetos com tipo de dados SQL definido. Eles serão chamados aqui de “tipos de retorno SQL” para diferenciá-los do “tipo de retorno” de uma função do Python. O tipo de retorno SQL de qualquer função SQL pode ser verificado com a leitura do atributo Function.type. Por exemplo func.now().type retorna DateTime(). Essa verificação é útil principalmente para debugging.
Considerar o tipo de retorno SQL pode ser importante dentro de uma declaração longa. Operadores matemáticos têm melhor desempenho quando atuam sobre expressões que retornam Integer ou Numeric, por exemplo. Existem operadores que esperam receber parâmetros JSON e funções que retornam colunas ao invés de linhas; as chamadas funções com valor de tabela. Portanto pode ser importante detectar o tipo de objeto que está em uso em algum ponto do código.
O tipo de retorno SQL da função também pode ser significativo quando o SQLAlchemy deve processar o resultado sobre um conjunto de resultados. Um bom exemplo são as funções de datas no SQLite, onde o SQLAlchemy deve converter strings em objetos datetime() do Python. Para garantir que um objeto de tipo específico seja aplicado a uma função passamos o parâmetro Function.type_ especificando esse tipo. No exemplo abaixo passamos a classe JSON para gerar a função PostgreSQL json_object(), lembrando que o tipo de retorno do SQL será do tipo JSON:
# passando a classe JSON para gerar um json_object() do PostgreSQL
from sqlalchemy import JSON
function_expr = func.json_object('{a, 1, b, "def", c, 3.5}', type_=JSON)
query = select(function_expr["def"])
print(query)
↳ SELECT json_object(:json_object_1)[:json_object_2] AS anon_1
O retorno dessa consulta será do tipo JSON.
As funções built-in, como count, max, min, algumas funções de data como now e funções de string como concat, têm tipos de retorno SQL pré-estabelecidos. Em alguns casos esse tipo depende dos argumentos fornecidos.
Funções de data e hora do SQLAlchemy correspondem às expressões SQL DateTime, Date ou Time. Uma função de string, como concat() retorna strings, como esperado.
No entanto o SQLAlchemy não tem tipo definido de retorno para a maioria das funções SQL. Isso significa que ele não tem essas funções pre-definidas mas apenas converte as consultas em SQL válido. Por exemplo, func.lower() e func.upper() para converter strings em minúsculas e maiúsculas, têm tipo de retorno SQL “nulo”. Isso não significa nenhum problema para funções simples (como lower() e upper()) pois strings podem ser recebidas do banco de dados sem tratamento de tipo no lado do SQLAlchemy e as regras internas de coerção de tipo do SQLAlchemy podem interpretar corretamente a intenção: por ex., o operador Python + do python é interpretado como operador de concatenação de strings ou soma, dependendo dos argumentos usados.
# upper() e json_object() não tem tipo pre-definido
func.upper("lowercase").type
↳ ()
func.json_object('{"a", "b"}').type
↳ NullType()
# inferência automática de tipo
print(select(func.upper("tudo minúscula") + " sufixo"))
↳ SELECT upper(:upper_1) || :upper_2 AS anon_1
Funções de janela SQL
Técnicas Avançadas de Função SQL: alguns gerenciadores de BD, como o PostgreSQL, dão suporte a um conjunto mais avançados de técnicas no uso de funções, em particular aquelas que retornam colunas ou tabelas, muito usadas quando se trabalha com dados em formato JSON.
Vimos que as funções SQL de agregação reúnem linhas sob a cláusula GROUP BY e realizam o cálculo sobre os grupos resultantes. A informação individual de cada linha fica perdida. As funções da janela SQL são diferentes: eles calculam seu resultado com base em um conjunto de linhas, retendo as informações individuais das linhas. Com elas podemos gerar um conjunto de resultados que incluem atributos de uma linha individual.
No SQLAlchemy, todas as funções SQL geradas pelo namespace func incluem um método FunctionElement.over() que insere o modificador OVER na consulta SQL para a determinação de janelas.
Uma função comum usada com funções de janela é a função row_number() que conta as linhas. Podemos particionar essa contagem de linhas em relação ao nome de usuário para numerar os endereços de e-mail de usuários individuais:
query = (
select(
func.row_number().over(partition_by=aluno.c.nome),
aluno.c.nome,
endereco.c.email,
)
.select_from(aluno)
.join(endereco)
)
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(query)
print(result.all())
[SQL]
SELECT row_number() OVER (PARTITION BY aluno.nome) AS anon_1,
aluno.nome, endereco.email
FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
A consulta acima faz a junção entre aluno e endereco (pelo id do aluno) e retorna quantas linhas existem para cada aluno, com seu respectivo email.
Coerção de tipos de dados
No SQL podemos obrigar um valor resultado de uma consulta a ter um tipo específico, como string ou inteiro. Isso é feito com o operador CAST. No SQLAlchemy temos a função cast() que recebe uma expressão de coluna e um tipo de dado como argumento.
from sqlalchemy import cast
query = select(cast(user_table.c.id, String))
with engine.connect() as conn:
result = conn.execute(query)
result.all()
[SQL]
SELECT CAST(aluno.id AS VARCHAR) AS id FROM aluno
# resultando em strings
[('1',), ('2',), ('3',)]
Ocorre às vezes a necessidade de informar ao SQLAlchemy o tipo de dado de uma expressão para uso no código python mas sem renderizar a expressão CAST do lado SQL. Para conseguir isso podemos usar a função type_coerce(). Ela é particularmente importante quando usamos o tipo de dados JSON que pode em si mesmo conter informação de tipos de dados. No ex. usamos type_coerce() para entregar uma estrutura Python como uma string JSON em uma das funções JSON do MySQL:
import json
from sqlalchemy import JSON, type_coerce
from sqlalchemy.dialects import mysql
s = select(type_coerce({"nome_campo": {"foo": "bar"}}, JSON)["nome_campo"])
print(s.compile(dialect=mysql.dialect()))
↳ SELECT JSON_EXTRACT(%s, %s) AS anon_1