Flet: Row e Column

Layout do Flet: Row e Column

Flet: Row

Row (linha) é um controle que serve de container para outros controles e os exibe horizontalmente. Ele possui propriedades, eventos e métodos relativos ao layout e gerenciamento de rolagem da página (scroll) para evitar overflow (quando o conteúdo ocupa áerea maior que a disponível na página).

Propriedades de Row

Propriedades Descrição
alignment alinhamento horizontal dos filhos.
A propriedade MainAxisAlignment recebe um ENUM com os valores:

  • START(default) alinha à esquerda da Linha
  • END
  • CENTER
  • SPACE_BETWEEN
  • SPACE_AROUND
  • SPACE_EVENLY

auto_scroll booleano, auto_scroll=True para mover a posição de scroll para o final quando ocorre atualização dos filhos. Para que o método scroll_to() funcione é necessário ajustar auto_scroll=False.
controls uma lista de controles a serem exibidos na linha.
run_spacing espaçamento entre as várias linhas (runs) quando wrap=True. Default: 10.
Linhas adicionais aparecem quando os controles não cabem dentro de uma linha única.
scroll permite rolagem horizontal da linha para evitar overflow. A propriedade pode receber o ENUM ScrollMode com os valores:

  • None (default): não é rolagem e pode haver overflow.
  • AUTO: rolagem habilitada e a barra de rolagem só aparece quando ocorre o scroll.
  • ADAPTIVE: rolagem habilitada e a barra sempre visível quando aplicativo roda na web ou desktop.
  • ALWAYS: rolagem habilitada e a barra sempre visível.
  • HIDDEN: rolagem habilitada e a barra sempre oculta.
spacing espaçamento entre controles na linha. Default: 10 pixeis. O espaçamento só é aplicado quando alignment é start, end ou center.
on_scroll_interval limitação para o evento on_scroll em milisegundos. Default: 10.
tight booleano, espaço a ser ocupado horizontalmente. Default: tight = False, usar todo o espaço os controles.
vertical_alignment alinhamento vertical. A propriedade pode receber o ENUM CrossAxisAlignment os valores:

  • START (default)
  • CENTER
  • END
  • STRETCH
  • BASELINE
wrap booleano, se wrap=True os controles filhos serão colocados em linhas adicionais (chamadas runs), caso não caibam em uma única linha.

Métodos de Row

Método Descrição
scroll_to(offset, delta, key, duration, curve) move a posição de rolagem para o offset absoluto, para um salto (delta) ou para o controle com key especificada.
Detalhes são idênticos ao do método de Column.scroll_to().

Eventos de Row

Evento Dispara quando
on_scroll a posição de rolagem da linha é alterada por um usuário. Consulte Column.on_scroll() para detalhes e exemplos do evento.

Uso das propriedades de row

No código abaixo são criados 30 controles container numerados que são dispostos em uma linha. Dois controle de deslizar (slide) ajustam as propriedades row.width (o número de colunas em cada linha) e row.spacing (o espaçamento entre cada objeto. Quando o número de objetos em uma linha é maior que o espaço permite, novas linhas são inseridas (runs).

import flet as ft # era 52

def main(page: ft.Page):
    def items(count):
        items = []
        for i in range(1, count + 1):
            items.append(ft.Container(ft.Text(value=str(i), color="white", size=20), alignment=ft.alignment.center,
            width=40, height=40, bgcolor="#40A4D2", border_radius=ft.border_radius.all(10)))
        return items

    def muda_largura(e):
        linha.width = float(e.control.value)
        linha.update()

    def muda_separa(e):
        linha.spacing = int(e.control.value)
        linha.update()

    slid_separa = ft.Slider(min=0, max=50, divisions=50, value=0, label="{value}", on_change=muda_separa,)

    slid_largura = ft.Slider(min=0, max=page.window_width, divisions=20, value=page.window_width,
                             label="{value}", on_change=muda_largura,)

    linha = ft.Row(wrap=True, spacing=10, run_spacing=10, controls=items(30), width=page.window_width,)

    txt1 = ft.Text("O primeiro controle seleciona o número de colunas:")
    txt2 = ft.Text("O segundo controle seleciona espaçamento entre colunas:")
    page.add(ft.Column([txt1, slid_largura,]),ft.Column([txt2, slid_separa,]), linha,)

ft.app(target=main)

O código gera, em algum ajuste dos controles de deslizar, a janela abaixo.

Expandindo controles na linha

A expansão de controles na linha e na coluna são análogas. Veja Expandindo controles na linha e na coluna.

Flet: Column

Column é um controle que serve de container para outros controles e os exibe verticalmente. Ele possui propriedades eventos e métodos relativos ao layout e gerenciamento do rolamento da página (scroll) para evitar overflow (quando o conteúdo ocupa áerea maior que a disponível na página.

Propriedades de Column

Propriedades Descrição
alignment define como os controles filhos devem ser colocados verticalmente.
A propriedade MainAxisAlignment recebe um ENUM com os valores:

  • START(default) alinha à esquerda da Linha
  • END
  • CENTER
  • SPACE_BETWEEN
  • SPACE_AROUND
  • SPACE_EVENLY
auto_scroll auto_scroll=True para mover a posição de scroll o final quando ocorre atualização dos filhos. Para que o método scroll_to() funcione devemos fazer auto_scroll=False.
controls lista de controles a serem exibidos na coluna.
horizontal_alignment posicionamento horizontal dos controles filhos.
A propriedade recebe o ENUM CrossAxisAlignment com os valores:

  • START(default) alinha à esquerda da Linha
  • END
  • CENTER
  • STRETCH
  • BASELINE
on_scroll_interval limita o evento on_scroll (em milisegundos). Default: 10.
scroll habilita a rolagem vertical na coluna para evitar overflow de conteúdo.
A propriedade recebe um ENUM opcional ScrollMode com valores:

  • None (default): coluna não é rolável e pode haver overflow.
  • AUTO: rolagem habilitada e a barra de rolagem só aparece quando a rolagem é necessária.
  • ADAPTIVE: rolagem habilitada e a barra sempre visível em aplicativos na web ou desktop.
  • ALWAYS: rolagem habilitada e a barra sempre vivível.
  • HIDDEN: rolagem habilitada, a barra de rolagem está sempre oculta.
spacing espaçamento entre os controles da coluna. Default: 10 pixeis. O espaçamento só é aplicado quando alignment = start, end, center.
run_spacing espaçamento entre “runs” quando wrap=True. Default: 10.
tight espaçamento vertical. Default: False (alocar todo o espaço para filhos).
wrap se wrap=True a coluna distribuirá os controles filho em colunas adicionais (runs) se não couberem em uma coluna.

Métodos de Column

Método Descrição
scroll_to(offset, delta, key, duration, curve) move a posição de rolagem para o offset absoluto, para um salto (delta) ou para o controle com key especificada.
Por exemplo:

(1) products.scroll_to(offset=100, duration=1000)
(2) products.scroll_to(offset=-1, duration=1000)
(3) products.scroll_to(delta=50)
(4) products.scroll_to(key="20", duration=1000)

(1) offset é a posição do controle, um valor entre a extensão mínima e máxima do controle de scroll.
(2) offset negativo conta a partir do final do scroll. offset=-1 para posicionar no final.
(3) delta move o scroll relativo à posição atual. Rola para trás, se negativo.
(4) key move o scroll para a posição especificada com key.
A maioria dos controles do Flet tem a propriedade key (equivalente ao global key do Flutter. keydeve ser única para toda a page/view.
duration define a duração da animação de rolagem, em milisegundos. Default: 0 (sem animação).
curve configura a curva de animação. Default: ft.AnimationCurve.EASE.

Eventos de Column

Evento Dispara quando
on_scroll a posição de rolagem é alterada por um usuário.
O argumento do gerenciador de eventos é instância da ft.OnScrollEvent com as propriedades:

  • event_type (str), tipo do evento de rolagem:
    • start: início da rolagem;
    • update: controle de rolagem mudou de posição;
    • end: início da rolagem (parou de rolar);
    • user: usuário mudou a direção da rolagem;
    • over: controle ficou inalterado por estar no início ou final;
  • pixels(float): posição de rolagem atual, em pixeis lógicos.
  • min_scroll_extent (float): valor mínimo no intervalo permitido, em pixeis.
  • max_scroll_extent (float): valor máximo no intervalo permitido, em pixeis.
  • viewport_dimension (float): extensão da viewport.
  • scroll_delta (float): distância rolada, em pixeis. Definido apenas em eventos update.
  • direction (str) : direção da rolagem: idle, forward, reverse. Definido apenas em evento user.
  • overscroll (float): número de pixeis não rolados, por overflow. Definido apenas em eventos over.
  • velocity (float): velocidade na posição de ScrollPosition quando ocorreu overscroll. Definido apenas em eventos over.

Expandindo controles na linha e na coluna

Todos os controles possuem a propriedade expand que serve para expandi-lo para preencher os espaços disponíveis dentro de uma linha. Ela pode receber um booleano ou um inteiro. expand=True significa expandir o controle para preencher todo o espaço. expand=int introduz um “fator de expansão” especificando como dividir um espaço com outros controles expandidos na mesma linha, ou coluna. O código:

ft.Row([
    ft.TextField(hint_text="Esse será expandido", expand=True),
    ft.ElevatedButton(text="Esse não...")
])

cria uma linha contendo um TextField que ocupa o espaço disponível, e um ElevatedButton, sem expansão. A expansão é calculada em termos do tamanho de todos os controle na linha. É possível fornecer fatores que definem a proporção de expansão de cada controle. Por exemplo:

linha = ft.Row([
        ft.Container(expand=1, content=ft.Text("A")),
        ft.Container(expand=3, content=ft.Text("B")),
        ft.Container(expand=1, content=ft.Text("C"))
])

cria uma linha com 3 controles ocupando 1, 3, 1 partes em 5, como exibido na figura,

Percentualmente a largura resultante de um filho é calculada como largura = expand / soma( todas as expands) * 100%.

Da mesma forma um controle filho em uma coluna pode ser expandido para preencher o espaço vertical disponível. Por exemplo, o código abaixo cria uma coluna com um Container que ocupando todo o espaço disponível e um controle Text na parte inferior servindo como uma barra de status:

coluna = ft.Column([
         ft.Container(expand=True, content=ft.Text("Esse será expandido")),
         ft.Text("Um texto usado como label")
])

Assim como no controle das linhas, podemos usar fatores numéricos em expand=n.

col = ft.Column([
      ft.Container(expand=1, content=ft.Text("Acima")),
      ft.Container(expand=3, content=ft.Text("No centro")),
      ft.Container(expand=1, content=ft.Text("Abaixo"))
])


Isso cria uma coluna com 3 containeres com alturas de 20% (1/5), 60% (3/5)e 20% (1/5) respectivamente.

Percentualmente a altura resultante de um filho é calculada como altura = expand / soma( todas as expands) * 100%.

Bibiografia

Objetos View e Container


Layout do Flet: View e Container

Flet: View

A palavra container do inglês é traduzida como contêiner (pt-br), plural contêineres. Para não criar confusão com a palavra técnica nós o chamaremos aqui por container, containers.

Uma page é um container para o objeto View, que é criado automaticamente quando uma nova sessão é iniciada. Do ponto de vista do layout ele é uma coluna (column) básica, que abriga todos os demais controles que serão inseridos na página. Dessa forma ele tem comportamento semelhante ao de uma column, e as mesmas propriedades. Uma descrição resumida será apresentada aqui. Para maiores detalhes consulte a descrição de column.

O objeto View representa o componente visual de uma página Flet, responsável por renderizar os elementos da UI e gerenciar seu estado. Ele pode abrigar outroso objetoso como botões, campos de texto, imagens, etc, e organizá-los em uma estrutura hierárquica. Esses elementos são então renderizados na tela. O objeto View também fornece possui métodos para lidar com eventos do usuário, como cliques em botões ou alterações na entrada de texto.

Por exemplo, o código:

page.controls.append(ft.Text("Um texto na página!"))
page.update()
# ou, o que é equivalente
page.add(ft.Text("Um texto na página!"))

insere o texto na view que está diretamente criada sobre page.

View: Propriedades

Propriedade Descrição
appbar recebe um controle AppBar para exibir na parte superior da página.
auto_scroll Booleano. True para que a barra de rolagem se mova para o final quando os filhos são atualizados. Para que scroll_to() funcione deve ser atribuído auto_scroll=False.
bgcolor Cor de fundo da página.
controls Lista de controles a serem inseridos na página. O último controle da lista pode se removido com page.controls.pop(); page.update().
fullscreen_dialog Booleano. True se a página atual é um diálogo em tela cheia.
route Rota da visualização (não usada atualmente). Pode ser usada para atualizar page.route em caso de nova visualização.
floating_action_button Recebe um controle FloatingActionButton a ser exibido no alto da página.
horizontal_alignment Alinhamento horizontal dos filhos. Default: horizontal_alignment=CrossAxisAlignment.START.
on_scroll_interval Definição do intervalo de tempo para o evento on_scrollo, em milisegundos. Default: 10.
padding Espaço entre o conteúdo do objeto e suas bordas, em pixeis. Default: 10.
scroll Habilita rolagem (scroll) vertical para a página, evitando overflow. O valor da propriedade está em um ENUM ScrollMode com as possibilidades:

  • None (padrão): nenhum scroll. Pode haver overflow.
  • AUTO: scroll habilitado, a barra só aparece quando a rolagem é necessária.
  • ADAPTIVE: scroll habilitado, a barra de rolagem visível quando aplicativo é web ou desktop.
  • ALWAYS: scroll habilitado, a barra sempre exibida.
  • HIDDEN: scroll habilitado, barra de rolagem invisível.
spacing Espaço vertical entre os controles da página, em pixeis. Default: 10. Só aplicado quando alignment = start, end, center.
vertical_alignment Alinhamento vertical dos filhos. A propriedade está em um ENUM MainAxisAlignmente com as possibilidades:

  • START (padrão)
  • END
  • CENTER
  • SPACE_BETWEEN
  • SPACE_AROUND
  • SPACE_EVENLY

Exemplos:

page.vertical_alignment = ft.MainAxisAlignment.CENTER
page.horizontal_alignment = ft.CrossAxisAlignment.CENTER
scroll_to(offset, delta, key, duration, curve) Move a barra de scroll para uma posição absoluta ou salto relativo para chave especificada.

View: Evento

Evento Descrição
on_scroll Dispara quando a posição da barra de rolagem é alterada pelo usuário.

Flet: Container

Um objeto Container é basicamente um auxiliar de layout, um controle onde se pode inserir outros controles, permitindo a decoração de cor de fundo, borda, margem, alinhamento e preenchimento. Ele também pode responder a alguns eventos.

Como exemplo, o código abaixo:

import flet as ft

def main(page: ft.Page):
    page.title = "Contêineres com cores de fundo"

    def cor(e):
        c4 = ft.Container(content=ft.Text("Outro conteiner azul!"), bgcolor=ft.colors.BLUE, padding=5)
        page.add(c4)

    c1 = ft.Container(content=ft.ElevatedButton("Um botão \"Elevated\""),
                      bgcolor=ft.colors.YELLOW, padding=5)

    c2 = ft.Container(content=ft.ElevatedButton("Elevated Button com opacidade=0.5",
                      opacity=0.5), bgcolor=ft.colors.YELLOW, padding=5)

    c3 = ft.Container(content=ft.Text("Coloca outra área azul"),
                      bgcolor=ft.colors.YELLOW, padding=5, on_click=cor)
    page.add(c1, c2, c3)

ft.app(target=main)

gera a janela na figura 1, após 1 clique no botão c3.

Figura 1: Novo container é adicionado ao clicar em “Coloca outra área azul”.

O container c3 reage ao evento clique, adicionando um (ou mais) botão azul à janela.

Container: Propriedades

Figura 2

A figura 2 mostra o esquema de espaçamentos entre controles: a largura e altura (width, height) do container, a margem (margin) entre a caixa de decoração e o container, a borda (border) da caixa e o espaçamento interno (padding) entre o controle e a caixa.

Propriedade Descrição
alignment Alinhamento do controle filho dentro do Container para exibir na parte superior da página. Alignment é uma instância do objeto alignment.Alignment com propriedades x e y que representam a distância do centro de um retângulo.

  • x=0, y=0: o centro do retângulo,
  • x=-1, y=-1: parte superior esquerda do retângulo,
  • x=1.0, y=1.0: parte inferior direita do retângulo.
Figura 3

Constantes de alinhamento pré-definidas no módulo flet.alignment são: top_left, top_center, top_right, center_left, center, center_right, bottom_left, bottom_center, bottom_right. Por exemplo, mostrado na figura 4:

  • container_1.alignment = alignment.center
  • container_2.alignment = alignment.top_left
  • container_3.alignment = alignment.Alignment(-0.5, -0.5)

Figura 4
animate Ativa a animação predefinida do container, alterando valores de suas propriedades de modo gradual. O valor pode ser um dos seguintes tipos:

  • bool: True para ativar a animação do container com curva linear de duração de 1000 milisegundos.
  • int: ajusta tempo em milisegundos, com curva linear.
  • animation: Animation(duration: int, curve: str): ativa animação do container com duração e curva de transição especificadas.

Por exemplo:

import flet as ft

def main(page: ft.Page):

    c = ft.Container(width=200, height=200, bgcolor="red", animate=ft.animation.Animation(1000, "bounceOut"))

    def animar_container(e):
        c.width = 100 if c.width == 200 else 200
        c.height = 100 if c.height == 200 else 200
        c.bgcolor = "blue" if c.bgcolor == "red" else "red"
        c.update()

    page.add(c, ft.ElevatedButton("Animate container", on_click=animar_container))

ft.app(target=main)

O código resulta na animação mostrada abaixo, na figura 5:

Figura 5: animação

bgcolor Cor de fundo do container.
blend_mode modo de mistura (blend) de cores ou gradientes no fundo container.
blur Aplica o efeito de desfoque (blur) gaussiano sobre o container.

O valor desta propriedade pode ser um dos seguintes:

  • um número: especifica o mesmo valor para sigmas horizontais e verticais, por exemplo 10.
  • uma tupla: especifica valores separados para sigmas horizontais e verticais, por exemplo (10, 1).
  • uma instância de ft.Blur: especifica valores para sigmas horizontais e verticais, bem como tile_mode para o filtro. tile_mode é o valor de ft.BlurTileMode tendo como default ft.BlurTileMode.CLAMP.
border Borda desenhada em torno do controle e acima da cor de fundo. Bordas são descritas por uma instância de border.BorderSide, com as propriedades: width (número) e color (string). O valor da propriedade border é instância de border.Borderclasse, descrevendo os 4 lados do retângulo. Métodos auxiliares estão disponíveis para definir estilos de borda:

  • border.all(width, color)
  • border.symmetric(vertical: BorderSide, horizontal: BorderSide)
  • border.only(left: BorderSide, top: BorderSide, right: BorderSide, bottom: BorderSide).

Por exemplo:

container_1.border = ft.border.all(10, ft.colors.PINK_600)
container_1.border = ft.border.only(bottom=ft.border.BorderSide(1, "black"))
border_radius Permite especificar (opcional) o raio de arredondamento das bordas. O raio é instância de border_radius.BorderRadius com as propriedades: top_left, top_right, bottom_left, bottom_right. Esses valores podem ser passados no construtor da instância, ou por meio de métodos auxiliares:

  • border_radius.all(value)
  • border_radius.horizontal(left: float = 0, right: float = 0)
  • border_radius.vertical(top: float = 0, bottom: float = 0)
  • border_radius.only(top_left, top_right, bottom_left, bottom_right)

Por exemplo: container_1.border_radius= ft.border_radius.all(30), fará todas as bordas do container_1 igual 1 30.

clip_behavior Opção para cortar (ou não) o conteúdo do objeto. A propriedade ClipBehavior é um ENUM com valores suportados:

  • NONE
  • ANTI_ALIAS
  • ANTI_ALIAS_WITH_SAVE_LAYER
  • HARD_EDGE

Se border_radius=None o default é ClipBehavior.ANTI_ALIAS. Caso contrário o default é ClipBehavior.HARD_EDGE.

content Define um controle filho desse container.
gradient O gradiente na cor de fundo. O valor deve ser uma instância de uma das classes: LinearGradient, RadialGradient e SweepGradient.


Uma descrição mais detalhada está em Detalhes sobre o gradiente de cores.

image_fit Descrita junto com o objeto image.
image_opacity Define a opacidade da imagem ao mesclar com um plano de fundo: valor entre 0.0 e 1.0.
image_repeat Descrita junto com o objeto image.
image_src Define imagem do plano de fundo.
image_src_base64 Define imagem codificada como string Base-64 como plano de fundo do container.
ink True para efeito de ondulação quando o usuário clica no container. Default: False.
margin Espaço vazio que envolve o controle. margin é uma instância de margin.Margin, definindo a propriedade para os 4 lados do retângulo: left, top, right e bottom. As propriedades podem ser dadas no construtor ou por meio de métodos auxiliares:

  • margin.all(value)
  • margin.symmetric(vertical, horizontal)
  • margin.only(left, top, right, bottom)

Por exemplo:

container_1.margin = margin.all(10)
container_2.margin = 20 # same as margin.all(20)
container_3.margin = margin.symmetric(vertical=10)
container_3.margin = margin.only(left=10)
padding Espaço vazio de decoração entre borda do objeto e seu container. Padding é instância da padding.Padding com propriedades definidas como padding para todos os lados do retângulo: left, top, right e bottom. As propriedades podem ser dadas no construtor ou por meio de métodos auxiliares:

  • padding.all(value: float)
  • padding.symmetric(vertical, horizontal)
  • padding.only(left, top, right, bottom)

Por exemplo:

container_1.padding = ft.padding.all(10)
container_2.padding = 20 # same as ft.padding.all(20)
container_3.padding = ft.padding.symmetric(horizontal=10)
container_4.padding=padding.only(left=10)
shadow Efeito de sombras projetadas pelo container. O valor dessa propriedade é uma instância ou uma lista de ft.BoxShadow, com as seguintes propriedades:

  • spread_radius: espalhamento, quanto a caixa será aumentada antes do desfoque. Default: 0.0.
  • blur_radius: desvio padrão da gaussiano de convolução da forma. Default: 0.0.
  • color: Cor da sombra.
  • offset: Uma instância de ft.Offsetclasse, deslocamentos da sombra, relativos à posição do elemento projetado. Os deslocamentos positivos em x e y deslocam a sombra para a direita e para baixo. Deslocamentos negativos deslocam para a esquerda e para cima. Os deslocamentos são relativos à posição do elemento que o está projetando. Default: ft.Offset(0,0).
  • blur_style: tipo de estilo, ft.BlurStyleque a ser usado na sombra. Default: ft.BlurStyle.NORMAL.

Exemplo:

ft.Container(
    shadow=ft.BoxShadow(
        spread_radius=1,
        blur_radius=15,
        color=ft.colors.BLUE_GREY_300,
        offset=ft.Offset(0, 0),
        blur_style=ft.ShadowBlurStyle.OUTER,
    )
)
shape A forma do conteiner. O valor é ENUM BoxShape: RECTANGLE (padrão), CIRCLE
theme_mode O ajuste do theme_mode redefine o tema usado no container e todos os objetos dentro dele. Se não for definido o tema em theme é válido para o container e seus filhos.
theme Ajuste o tema global e dos filhos na árvore de controle.
Exemplo:
import flet as ft

def main(page: ft.Page):
    page.theme = ft.Theme(color_scheme_seed=ft.colors.RED)

    b1 = ft.ElevatedButton("Botão com tema da página")
    b2 = ft.ElevatedButton("Botão com tema herdado")
    b3= ft.ElevatedButton("Botão com tema dark")

    c1 = ft.Container(b1, bgcolor=ft.colors.SURFACE_TINT, padding=20, width=300)
    c2 = ft.Container(b2, theme=ft.Theme(
                      color_scheme=ft.ColorScheme(primary=ft.colors.PINK)),
                      bgcolor=ft.colors.SURFACE_VARIANT, padding=20, width=300)
    c3 = ft.Container(b3, theme=ft.Theme(color_scheme_seed=ft.colors.INDIGO),
                      theme_mode=ft.ThemeMode.DARK,
                      bgcolor=ft.colors.SURFACE_VARIANT, padding=20, width=300)

    page.add(c1, c2, c3)

ft.app(main)
Figura 6: Temas

O tema principal da página é definido em page.theme, usando um seed vermelho. Os botões b1 e b2 simnplesmente herdam o tema da página. O botão b3 está no container definido com theme_mode=ft.ThemeMode.DARK, exibindo o tema escuro. O código gera a janela mostrada na figura 6.

Vale lembrar que c1 = ft.Container(b1,...) é equivalente à c1 = ft.Container(content = b1,...) sendo que o content só pode ser omitido se o conteúdo for inserido como primeiro parâmetro.urlDefine a URL a ser abertta quando o container é clicado, disparando o evento on_click.url_target

Define onde abrir URL no modo web:

  • _blank (default): em nova janela ou aba,
  • _self: na mesma janela ou aba aberta.

 

Container: Eventos

Evento Dispara quando
on_click o usuário clica no container.

class ft.ContainerTapEvent():
    local_x: float
    local_y: float
    global_x: float
    global_y: float

Obs.: O objeto de evento e é uma instância de ContainerTapEvent, exceto se a propriedade ink = True. Nesse caso e será apenas ControlEvent com data vazio.

Um exemplo simples de uso:

import flet as ft

def main(page: ft.Page):

    t = ft.Text()

    def clicou_aqui(e: ft.ContainerTapEvent):
        t.value = (
            f"local_x: {e.local_x}\nlocal_y: {e.local_y}"
            f"\nglobal_x: {e.global_x}\nglobal_y: {e.global_y}"
        )
        t.update()

    c1 = ft.Container(ft.Text("Clique dentro\ndo container"),
                      alignment=ft.alignment.center, bgcolor=ft.colors.TEAL_300, 
                      width=200, height=200, border_radius=10,  on_click=clicou_aqui)
    col = ft.Column([c1, t], horizontal_alignment=ft.CrossAxisAlignment.CENTER)
    page.add(col)

ft.app(target=main)
Figura 8: posição do click.

As propriedades e.local_x e e.local_y se referem à posição dentro do container c1, enquanto e.global_x e e.global_y se referem à posição global, dentro da página.

on_hover o cursor do mouse entra ou abandona a área do container. A propriedade data do evento contém um string (não um booleano) e.data = "true" quando o cursor entra na área, e e.data = "false" quando ele sai.

Um exemplo de um container que altera sua cor de fundo quando o mouse corre sobre ele:

import flet as ft

def main(page: ft.Page):
    def on_hover(e):
        e.control.bgcolor = "blue" if e.data == "true" else "red"
        e.control.update()

    c1 = ft.Container(width=100, height=100, bgcolor="red",
                      ink=False, on_hover=on_hover)
    page.add(c1)

ft.app(target=main)
on_long_press quando o container recebe um click longo (pressionado por um certo tempo).

Detalhes sobre o gradiente de cores

O gradiente na cor de fundo admite como valor uma instância de uma das classes: LinearGradient, RadialGradient e SweepGradient.

A primeira imagem é gerada com LinearGradient:

import flet as ft
import math

def main(page: ft.Page):
    c1 = ft.Container(
        gradient=ft.LinearGradient(
        begin=ft.alignment.top_center,
        end=ft.alignment.bottom_center,
        colors=[ft.colors.AMBER_900, ft.colors.BLUE],),
        width=150, height=150, border_radius=5,)

    c2 = ft.Container(
         gradient=ft.RadialGradient(colors=[ft.colors.GREY, ft.colors.CYAN_900],),
         width=150, height=150, border_radius=5,)

    c3 = ft.Container(
         gradient=ft.SweepGradient(center=ft.alignment.center,
         start_angle=0.0, end_angle=math.pi * 2,
         colors=[ft.colors.DEEP_PURPLE_800, ft.colors.DEEP_ORANGE_400],),
         width=150, height=150, border_radius=5,)
    
    page.add(ft.Row([c1, c2, c3]))

ft.app(target=main)

O código acima gera as imagens na figura n:

Figura 9: LinearGradient, RadialGradient e SweepGradient>

São propriedades da classe LinearGradient:

begin instância de Alignment. Posicionamento inicial (0.0) do gradiente.
end instância de Alignment. Posicionamento final (1.0) do gradiente.
colors cores assumidas pelo gradiente a cada parada. Essa lista deve ter o mesmo tamanho que stops se a lista for não nula. A lista deve ter pelo menos duas cores.
stops lista de valores de 0.0 a 1.0 marcando posições ao longo do gradiente. Se não nula essa lista deve ter o mesmo comprimento que colors. Se o primeiro valor não for 0.0 fica implícita uma parada em 0,0 com cor igual à primeira cor em colors. Se o último valor não for 1.0 fica implícita uma parada em 1.0 e uma cor igual à última cor em colors.
tile_mode como o gradiente deve preencher (tile) a região antes de begin depois de end. O valor é um ENUM GradientTileMode com valores: CLAMP (padrão), DECAL, MIRROR, REPEATED.
rotation rotação do gradiente em radianos, em torno do ponto central de sua caixa container.

Mais Informações:

Gradiente linear na documentação do Flutter.
Unidade de medida de radianos na Wikipedia.

São propriedades da classe RadialGradient:

colors, stops, tile_mode, rotation propriedades idênticas às de LinearGradient.
center instância de Alignment. O centro do gradiente em relação ao objeto que recebe o gradiente. Por exemplo, alinhamento de (0.0, 0.0) coloca o centro do gradiente radial no centro da caixa.
radius raio do gradiente, dado como fração do lado mais curto da caixa. Supondo uma caixa com largura = 100 e altura = 200 pixeis, um raio de 1 no gradiente radial colocará uma parada de 1,0 afastado 100,0 pixeis do centro.
focal ponto focal do gradiente. Se especificado, o gradiente parecerá focado ao longo do vetor do centro até esse ponto focal.
focal_radius raio do ponto focal do gradiente, dado como fração do lado mais curto da caixa. Ex.: um gradiente radial desenhado sobre uma caixa com largura = 100,0 e altura = 200,0 (pixeis), um raio de 1,0 colocará uma parada de 1,0 a 100,0 pixels do ponto focal.

São propriedades da classe SweepGradient:

colors, stops, tile_mode, rotation propriedades idênticas às de LinearGradient.
center centro do gradiente em relação ao objeto que recebe o gradiente. Por exemplo, alinhamento de (0.0, 0.0) coloca o centro do gradiente no centro da caixa.
start_angle ângulo em radianos onde será colocada a parada 0.0 do gradiente. Default: 0.0.
end_angle ângulo em radianos onde será colocada a parada 1.0 do gradiente. Default: math.pi * 2.

Graus e radianos

Figura 10: graus e radianos.

A maiora das medidas angulares na programação do flet (e do python em geral) é dada e, radianos. Segue uma breve imagem explicativa do uso de radianos.

Bibiografia


Controles do Flet: Row e Column

Flet: Botões

Widgets, propriedades e eventos

Estritamente dizendo deveríamos iniciar nosso estudo do Flet considerando os objetos mais básicos, no sentido de serem containeres de outros objetos. No entanto já vimos vários casos de pequenos aplicativos que usam botões. É difícil sequer exibir exemplos de código de GUI sem botões. Por isso vamos descrever aqui o uso dos botões, deixando para depois uma descrição dos controles de layout.

Alguns controles tem a função principal de obter informações do usuário, como botões, menus dropdown ou caixas de texto, para inserção de dados. Outros servem para a exibição de informações calculadas pelo código, mostrando gráficos, figuras ou textos. As caixas de textos podem ser usadas em ambos os casos.

Buttons (botões)

Os seguintes tipos de botões estão disponíveis (e ilustrados na figura 1), contendo as propriedades, métodos e respondendo a eventos:

Botões
ElevatedButton FilledButton
FilledTonalButton
FloatingActionButton
IconButton OutlinedButton
PopupMenuButton TextButton
Propriedades
autofocus, bgcolor,
data, color, content,
elevation, icon, icon_color,
style, text, tooltip,
url, url_target
Eventos
on_blur,
on_click,
on_focus,
on_hover,
on_long_press
Método
focus()
Figura 1

Vamos usar alguns exemplos para ilustrar as propriedades e métodos desses objetos.

import flet as ft

def main(page: ft.Page):
    def mudar(e):
        bt2.disabled = not bt2.disabled
        bt2.text = "Desabilitado" if bt2.disabled else "Habilitado" 
        page.update()

    bt1 = ft.FilledButton(text="FilledButton", on_click=mudar, width=200)
    bt2 = ft.ElevatedButton("Habilitado", disabled=False, width=200)
    page.add(bt1, bt2)

ft.app(target=main)

Nesse caso um FilledButton aciona a função mudar que alterna a propriedade disabled do botão elevado. Observe que um botão com disabled=True não reage ao clique, nem à nenhum outro evento. O operador ternário foi usado: valor_se_true if condicao else valor_se_false.

Dois novos eventos são mostrados a seguir: on_hover, que é disparado quando o cursor se move sobre o botão (sem necessidade de clicar) e on_long_press, disparado com um clique longo. Um ícone é inserido nos botões ElevatedButton, cujas cores são alteradas pelos eventos descritos.

import flet as ft

def main(page: ft.Page):

    def azular(e):
        bt2.icon_color="blue"
        page.update()

    def vermelho(e):
        bt2.icon_color="red"
        page.update()

    bt1 = ft.ElevatedButton("Tornar azul", icon="chair_outlined", on_hover= azular, width=250)
    bt2 = ft.ElevatedButton("Tornar Vermelho", icon="park_rounded", on_long_press=vermelho, icon_color= "green", width=250)
    page.add(bt1, bt2)

ft.app(target=main)

Os botões assumem os estados mostrados na figura 2.

Figura 2: Execução do código acima.

 

Alguns Ícones pré-definidos do Flet

Uma grande quantidade de ícones está disponível e pode ser pesquisada em Flet.dev: Icons Browser.

Botões possuem a propriedade data que pode armazenar um objeto a ser passado para as funções acionadas por eventos. As propriedades dos widgets funcionam como variáveis globais. No exemplo abaixo temos uma caixa de texto, que exibe a propriedade data. O botão elevado também tem uma propridade data que não é exibida mas serve para armazenar quantas vezes o botão foi clicado. Ele serve de container para um Row contendo 3 ícones (ft.Icon(ft.icons.NOME_DO_ICONE)).

import flet as ft

def main(page: ft.Page):
    def bt_clicou(e):
        bt.data += 1
        txt.value = f"O botão foi clicado {bt.data} {'vezes' if bt.data >1 else 'vêz'}"
        page.update()

    txt = ft.Text("O botão não foi clicado", size=25, color="navyblue", italic=True)
    bt = ft.ElevatedButton("Clica!",
            content=ft.Row(
                [
                    ft.Icon(ft.icons.CHAIR, color="red"),
                    ft.Icon(ft.icons.COTTAGE, color="green"),
                    ft.Icon(ft.icons.AGRICULTURE, color="blue"),
                ],  alignment=ft.MainAxisAlignment.SPACE_AROUND,),
                    on_click=bt_clicou, data=0, width=150,
         )
    page.add(txt, bt)

ft.app(target=main)

Se o nome do ícone não for fornecido como primeiro parâmetro o nome do parâmetro deve ser nomeado: ft.Icon(color="red", name=ft.icons.CHAIR). E execução do código resulta nas janelas exibidas na figura 3.

Figura 3

As caixas de texto podem receber formatações diversas como size (tamanho da fonte), color (cor da fonte) bgcolor (cor do fundo), italic (itálico), weight (peso da fonte). A propriedade selectable informa se o texto exibido pode ser selecionado, e estilos diversos podem ser atribuídos em style. A página recebe a propriedade page.scroll = "adaptive" para que possa apresentar uma barra de scroll.

import flet as ft

def main(page: ft.Page):
    page.scroll = "adaptive"

    t1 = ft.Text("Tamanho 12 (Size 12)", size=12)
    t2 = ft.Text("Tamanho 20, Italic", size=32, color="red", italic=True)
    t3 = ft.Text("Tamanho 30, peso 100", size=30, color=ft.colors.WHITE,
                  bgcolor=ft.colors.BLUE_600, weight=ft.FontWeight.W_100)
    t4 = ft.Text(
            "Size 40, Normal",
            size=40,
            color=ft.colors.WHITE,
            bgcolor=ft.colors.ORANGE_800,
            weight=ft.FontWeight.NORMAL
        )
    t5 = ft.Text(
            "Size 30, Bold, Italic",
            size=30,
            color=ft.colors.WHITE,
            bgcolor=ft.colors.GREEN_700,
            weight=ft.FontWeight.BOLD,
            italic=True
        )
    t6 = ft.Text("Size 20, w900, selecionável", size=20, weight=ft.FontWeight.W_900, selectable=True)

    page.add(t1, t2, t3, t4, t5, t6) 

ft.app(target=main)

O resultado é mostrado na figura 4. A janela foi dimensionada para ser menor que o texto existente, mostrando a barra de scroll.

Figura 4

O número máximo de linhas exibidas, max_lines, ou largura e altura do texto, width e height são úteis quando se apresenta texto logo em uma janela.

import flet as ft

def main(page: ft.Page):
    page.scroll = "adaptive"
    
    texto1 = (
        "René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596, Estocolmo, 11 de"
        "fevereiro de 1650) foi um filósofo, físico e matemático francês. Durante a"
        "Idade Moderna, também era conhecido por seu nome latino Renatus Cartesius."
    )
    texto2 = (
        "Descartes, por vezes chamado de o fundador da filosofia moderna e o pai da"
        "matemática moderna, é considerado um dos pensadores mais importantes e"
        "influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou contemporâneos e"
        "várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da filosofia escrita "
        "a partir de então foi uma reação às suas obras ou a autores supostamente"
        "influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam que, a partir de"
        "Descartes, inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna."
    )

    t7 = ft.Text("Limita texto longo a 1 linha, com elipses", style=ft.TextThemeStyle.HEADLINE_SMALL)
    t8 = ft.Text(texto1, max_lines=1, overflow="ellipsis")
    t9 = ft.Text("Limita texto longo a 2 linhas", style=ft.TextThemeStyle.HEADLINE_SMALL)
    t10 = ft.Text(texto2, max_lines=2)
    t11 = ft.Text("Limita largura e altura do texto longo", style=ft.TextThemeStyle.HEADLINE_SMALL)
    t12 = ft.Text(texto2, width=700, height=100)

    page.add(t7, t8, t9, t10, t11, t12)

ft.app(target=main)
Figura 5

Resultando na janela mostrada na figura 5. O parâmetro overflow="ellipsis" mostra uma elipses onde on texto foi quebrado. As definições de texto1 e texto2 correspondem a uma das formas de declarar strings longas no python.

Existem estilos pré-definidos. código abaixo usamos o texto do widget igual ao nome do estilo, para facilitar a visualização: style=ft.TextThemeStyle.NOME_DO_ESTILO. Apenas as definições estão mostradas e o resultado está na figura 6.

    page.add(
        ft.Text("DISPLAY_LARGE",   style=ft.TextThemeStyle.DISPLAY_LARGE),
        ft.Text("DISPLAY_MEDIUM",  style=ft.TextThemeStyle.DISPLAY_MEDIUM),
        ft.Text("DISPLAY_SMALL",   style=ft.TextThemeStyle.DISPLAY_SMALL),
        ft.Text("HEADLINE_LARGE",  style=ft.TextThemeStyle.HEADLINE_LARGE),
        ft.Text("HEADLINE_MEDIUM", style=ft.TextThemeStyle.HEADLINE_MEDIUM),
        ft.Text("HEADLINE_MEDIUM", style=ft.TextThemeStyle.HEADLINE_MEDIUM),
        ft.Text("TITLE_LARGE",     style=ft.TextThemeStyle.TITLE_LARGE),
        ft.Text("TITLE_MEDIUM",    style=ft.TextThemeStyle.TITLE_MEDIUM),
        ft.Text("TITLE_SMALL",     style=ft.TextThemeStyle.TITLE_SMALL),
        ft.Text("LABEL_LARGE",     style=ft.TextThemeStyle.LABEL_LARGE),
        ft.Text("LABEL_MEDIUM",    style=ft.TextThemeStyle.LABEL_MEDIUM),
        ft.Text("LABEL_SMALL",     style=ft.TextThemeStyle.LABEL_SMALL),
        ft.Text("BODY_LARGE",      style=ft.TextThemeStyle.BODY_LARGE),
        ft.Text("BODY_MEDIUM",     style=ft.TextThemeStyle.BODY_MEDIUM),
        ft.Text("BODY_SMALL",      style=ft.TextThemeStyle.BODY_SMALL)
    )
Figura 6

Propriedades dos controles pode ser alterados dinamicamente por meio de inputs recebidos do usuário (ou outra origem qualquer). No próximo exemplo o tamanho da fonte é controlado por um flet.Slider.

import flet as ft
def main(page: ft.Page):
    def font_size(e):
        t.size = int(sl.value)
        t.value = f"Texto escrito com fonte Bookerly, size={t.size}"
        t.update()

    t = ft.Text("Texto escrito com fonte Bookerly, size=10", size=10, font_family="Bookerly")
    sl = ft.Slider(min=0, max=100, divisions=10, value=10, label="{value}", width=500, on_change=font_size)

    page.add(t, sl)

ft.app(target=main)
Figura 7

O app gerado está na figura 7. Observe que a propriedade do Slider.label="value" exibe acima do cursor (como um tooltip) o valor do controle. O tamanho da fonte é ajustado de acordo com esse valor.

Se a fonte está instalada localmente basta usar font_family="Nome_da_Fonte". Para fontes remotas podemos definir uma ou várias fontes a serem usadas. page.fonts recebe um dicionário com nomes e locais das fontes.

    page.fonts = {
        "Kanit": "https://raw.githubusercontent.com/google/fonts/master/ofl/kanit/Kanit-Bold.ttf",
        "Open Sans": "fonts/OpenSans-Regular.ttf",
    }
    page.theme = Theme(font_family="Kanit")
    page.add(
        ft.Text("Esse texto é renderizado com fonte Kanit"),
        ft.Text("Esse texto é renderizado com fonte 'Open Sans'", font_family="Open Sans"),

Ícones

O objeto fleet.Icon pode ser inserido em vários conteineres. Ele possui as propriedades (entre outras) color, name, size e tooltip. O tamanho default é size=24 enquanto tooltip é o texto exibido quando o cursor está sobre o ícone.
O código ilustra esse uso:

import flet as ft

def main(page: ft.Page):
    ic1 = ft.Icon(name=ft.icons.ADD_HOME_ROUNDED, color=ft.colors.AMBER_900)
    ic2 = ft.Icon(name=ft.icons.ZOOM_IN, color=ft.colors.BLUE_ACCENT_700, size=30)
    ic3 = ft.Icon(name=ft.icons.AIR_SHARP, color="blue", size=50)
    ic4 = ft.Icon(name="child_care", color="#ffc1c1", size=70, tooltip="ajustes")
    page.add(ft.Row([ic1, ic2, ic3, ic4, ft.Image(src=f"img/Search.png")]))

ft.app(target=main)
Figura 8: Resultado do código de exibição de ícones.

O nome do ícone pode ser dado como name=ft.icons.ZOOM_IN ou uma string name="child_care", onde o nome pode ser pesquisado no Icons Browser. Note que ft.icons contém ENUMS predefinidos e name=ft.icons.AIR_SHARP é o mesmo que name="air_sharp".

Ícones personalizados podem ser inseridos como imagens, como em flet.Image(src=f"img/Search.png"), onde o caminho pode ser absoluto ou relativo, em referência ao diretório onde está o aplicativo. Isso significa que a imagem da lupa exibida na figura está armazenada em pasta_do_aplicativo/img/Search.png.

Bibiografia


Flet: Objeto Page

Python com Flet


Flet: Flutter para Python

Baseado no Flutter (veja nota abaixo) foi desenvolvida a biblioteca Flet, um framework que permite a construção de aplicações web, desktop e mobile multiusuário interativas usando o Python. O Flet empacota os widgets do Flutter e adiciona algumas combinações próprias de widgets menores, ocultando complexidades e facilitando o uso de boas práticas de construção da interface do usuário. Ele pode ser usado para construir aplicativos que rodam do lado do servidor, eliminando a necessidade de uso de HTML, CSS e Javascrip, e também aplicativos para celulares e desktop. Seu uso exige o conhecimento prévio de Python e um pouco de POO (programação orientada a objetos).

Atualmente (em julho de 2023) o Flet está na versão 0.7.4 e em rápido processo de desenvolvimento.

Flutter e Widgets

Instalando o Flet

Para executar código do python com flet no Linux é necessário ter as bibliotecas do GStreamer instaladas, o que já ocorre na maioria das instalações. Se a mensagem de erro abaixo for emitida instale o GStreamer.

# mensagem de erro ao executar python com flet
error while loading shared libraries: libgstapp-1.0.so.0: cannot open shared object file: No such file or directory

# GStreamer pode ser instalado com (no fedora)
$ sudo dnf update
$ sudo dnf install libgstreamer1.0-dev libgstreamer-plugins-base1.0-dev libgstreamer-plugins-bad1.0-dev gstreamer1.0-plugins-base gstreamer1.0-plugins-good gstreamer1.0-plugins-bad gstreamer1.0-plugins-ugly gstreamer1.0-libav gstreamer1.0-doc gstreamer1.0-tools gstreamer1.0-x gstreamer1.0-alsa gstreamer1.0-gl gstreamer1.0-gtk3 gstreamer1.0-qt5 gstreamer1.0-pulseaudio

# no ubuntu
$ sudo apt-get update
$ sudo apt-get  (mesmo string acima)

Flet exige Python 3.7 ou superior. Para instalar o módulo podemos usar o pip. Como sempre, é recomendado (mas não obrigatório) instalar a nova biblioteca dentro de um ambiente virtual é recomendado (embora não obrigatório).

# criamos um ambiente virtual com o comando
$ python3 -m venv ~/Projetos/.venv
# para ativar o ambiente virtual
$ cd ~/Projetos/.venv
$ source bin/activate

# agora podemos instalar o flet
$ pip install flet

# para upgrade do flet, se já instalado
$ pip install flet --upgrade

Outras instruções de instalação podem ser encontradas na documentação do Flet, ou a instalação com Anaconda.

Feito isso podemos escrever nosso primeiro código flet, apenas com o esqueleto de um aplicativo. Ao ser executado ele apenas abre uma janela sem conteúdo. Abra um editor de texto, ou sua IDE preferida, e grave o seguinte arquivo, com nome flet1.py:

import flet as fl

def main(page: fl.Page):
    # add/update controls on Page
    pass

fl.app(target=main)

Ao executar python flet1.py veremos apenas uma janela vazia, que pode ser fechada com os controles usuais de janela (ou CTRL-F4). O programa termina com flet.app(target=main), recebendo no parâmetro target a função que apenas recebe o objeto fleet.Page, main (podia ter outro nome qualquer). O objeto Page é como um Canvas onde, mais tarde, inseriremos outros widgets.

Da forma como escrevemos esse código, uma janela nativa do sistema operacional será aberta no desktop. Para abrir o mesmo aplicativo no browser padrão trocamos a última linha por:

fl.app(target=main, view=fl.AppView.WEB_BROWSER)

Inserindo Widgets

Para obter alguma funcionalidade em nosso aplicativo temos que inserir nele controles, também chamados de widgets. Controles são inseridas na Page, o widget de nível mais alto, ou aninhados dentro de outros controles. Por exemplo, para inserir texto diretamente na page fazemos:

import flet as fl

def main(page= fl.Page):
    txt = fl.Text(value="Olá mundo!", color="blue")
    page.controls.append(txt)
    page.update()

fl.app(target=main)

Widgets são objetos do python com uma representação visual, com características controladas por seus parâmetros. value e color são parâmetros que recebem strings, esse último declarado no formato de cor do HTML. São válidas as cores, por exemplo: navyblue, #ff0000 (vermelho), etc. O objeto page possui uma lista controls, à qual adicionamos o elemento txt.


No código seguinte usamos um atalho: page.add(t) significa o mesmo que page.controls.append(t) seguido de page.update(). Também importamos o módulo time para provocar uma pausa na execução do código em time.sleep(1).

import flet as fl
import time

def main(page= fl.Page):
    t = fl.Text()
    page.add(t)
    cidades = ["Belo Horizonte","Curitiba","São Paulo","Salvador","** fim **"]
    for i in range(5):
        t.value = cidades[i]
        page.update()
        time.sleep(1)

fl.app(target=main)

Ao ser executado as quatro cidades armazenadas na lista cidades são exibidas e o loop é terminado com a exibição de ** fim **.

Alguns controles, como Row e Line são containers, podendo conter dentro deles outros widgets, da mesma forma que Page. Por exemplo, inicializamos abaixo uma linha (um objeto ft.Row) contendo três outros objetos que são strings, e a inserimos em page.

import flet as ft
import time

def main(page= ft.Page):
    linha = ft.Row(controls=[ft.Text("Estas são"), ft.Text("cidades"), ft.Text("brasileiras")])
    page.add(linha)
    t = ft.Text()
    page.add(t) # it's a shortcut for page.controls.append(t) and then page.update()
    cidades = ["Belo Horizonte","Curitiba","São Paulo","Salvador","** fim **"]
    for i in range(5):
        t.value = cidades[i]
        page.update()
        time.sleep(1)


ft.app(target=main)

O resultado é exibido na figura 1, com a cidade sendo substituída a cada momento.

Figura 1

Vemos que Row recebe no parâmetro controls  uma lista com 3 widgets de texto.

Claro que muitos outros controles pode ser inseridos. Com o bloco abaixo podemos inserir um campo de texto, que pode ser editado pelo usuário, e um botão.

    page.add(
        ft.Row(controls=[
            ft.TextField(label="Sua cidade"),
            ft.ElevatedButton(text="Clique aqui para inserir o nome de sua cidade!")
        ])
    )

Podemos também criar novas entradas de texto e as inserir consecutivamente em page.

import flet as ft
import time

def main(page= ft.Page):
    page.add(
        ft.Row(controls=[
            ft.Text("Estas são"),
            ft.Text("cidades"),
            ft.Text("brasileiras")
        ])
    )
    page.add(
        ft.Row(controls=[
            ft.TextField(label="Sua cidade"),
            ft.ElevatedButton(text="Clique aqui para inserir o nome de sua cidade!")
        ])
    )
    cidades = ["Belo Horizonte","Curitiba","São Paulo","Salvador","** fim **"]
    for i in range(5):
        t = ft.Text()
        t.value = cidades[i]
        page.add(t)
        page.update()
        time.sleep(1)

ft.app(target=main)
Figura 2

Nesse caso não estamos substituindo o conteúdo de um objeto de texto fixo na página, e sim inserindo novas linhas (figura 2). Observe que nenhum procedimento foi designado a esse botão que, no momento, não executa nenhuma tarefa.

O comando page.update(), que pode estar embutido em page.add(), envia para a página renderizada apenas as alterações feitas desde sua última execução.

Para incluir alguma ação útil em nosso projeto usamos a capacidade de alguns controles de lidar com eventos (os chamados event handlers). Botões podem executar tarefas quando são clicados usando o evento on_click.

import flet as ft
def main(page: ft.Page):
    def button_clicked(e):
        page.add(ft.Text("Clicou"))
        
    page.add(ft.ElevatedButton(text="Clica aqui", on_click=button_clicked))

ft.app(target=main)

Esse código associa a função button_clicked() com o evento on_click do botão. A cada clique um novo elemento de texto é colocado na página.

Várias outras propriedades podem ser usadas para alterar a aparência dos controles. Vamos usar width (largura) no código abaixo, além do controle Checkbox, uma caixa de texto que pode ser marcada. A função entrar_tarefa() verifica se há conteúdo em nova_tarefa, um TextField e, se houver, cria e insere na página uma nova Checkbox.
Depois limpa o valor de nova_tarefa. O comando nova_tarefa.focus() coloca no comando de texto o foco da ação dentro da página, independente de ela ter ou não sido usada no if.

import flet as ft

def main(page):
    def entrar_tarefa(e):
        if nova_tarefa.value:
            page.add(ft.Checkbox(label=nova_tarefa.value))
            nova_tarefa.value = ""            
        nova_tarefa.focus()

    nova_tarefa = ft.TextField(hint_text="Digite sua nova tarefa...", width=400)
    page.add(ft.Row([nova_tarefa, ft.ElevatedButton("Inserir tarefa", on_click=entrar_tarefa, width=300)]))
    nova_tarefa.focus()

ft.app(target=main)

É claro que muitas outras ações podem ser inseridas nesse pequeno programa, tal como testar se uma entrada já existe, eliminar espaços em branco desnecessários ou gravar as tarefas em um banco de dados.

Outro Exemplo: Controles e propriedades

É comum os tutoriais do Flet apresentarem um pequeno bloco ilustrativo de código com a operação de somar e subtrair uma unidade a um número em uma caixa de texto. Mostramos aqui um código um pouco mais elaborado para apresentar propriedades adicionais. Usamos page.title = "Soma e subtrai" para inserir um título na barra de tarefas (ou na aba do navegador, se o codigo for executado no modo web), as propriedades de alignment. Além disso declaramos os botões e caixas de texto separadamente e depois os inserimos nas linhas.

import flet as ft

def main(page: ft.Page):
    def operar(e):
        numero = int(txt_number.value) + int(e.control.text)
        txt_number.value = str(numero)
        txt_operacao.value = "soma"
        page.update()

    def mult(e):
        numero =int(txt_number.value) * int(e.control.text.replace("*",""))
        txt_number.value = str(numero)
        txt_operacao.value = "multiplica"
        page.update()

    page.title = "Soma, subtrai, multiplica"
    txt_number = ft.TextField(value="0", text_align=ft.TextAlign.RIGHT, width=100)
    txt_info = ft.Text("Você pode somar ou subtrair 1 ou 10, multiplicar por 2, 3, 5, 7")
    txt_operacao = ft.TextField(value="", text_align=ft.TextAlign.RIGHT, width=100)
    
    bt1 = ft.ElevatedButton("-10", on_click=operar, width=100)
    bt2 = ft.ElevatedButton("-1", on_click=operar, width=100)
    bt3 = ft.ElevatedButton("+1", on_click=operar, width=100)
    bt4 = ft.ElevatedButton("+10", on_click=operar, width=100)
    

    bt5 = ft.ElevatedButton("*2", on_click=mult, width=100)
    bt6 = ft.ElevatedButton("*3", on_click=mult, width=100)
    bt7 = ft.ElevatedButton("*5", on_click=mult, width=100)
    bt8 = ft.ElevatedButton("*7", on_click=mult, width=100)

    page.add(ft.Row([txt_info], alignment=ft.MainAxisAlignment.CENTER))
    page.add(ft.Row([bt1, bt2, txt_number, bt3, bt4], alignment=ft.MainAxisAlignment.CENTER))
    page.add(ft.Row([bt5, bt6, txt_operacao, bt7, bt8], alignment=ft.MainAxisAlignment.CENTER))

ft.app(main)

O resultado do código é mostrado na figura 3.

Figura 3

Observe que, ao se clicar nos botões de soma, por ex., o evento on_click chama a função operar(e) passando para ela o parâmetro e, que é um objeto de evento. Este objeto tem propriedades que usamos nas funções de chamada. Na soma (e subtração) capturamos e.control.text, a propriedade de texto exibida nesse botão (-1, +1, etc.). e a usamos para fazer a operação requerida. Os controles possuem diversas propriedades e respondem a eventos específicos, que devemos manipular para contruir a aparência e funcionalidade da interface gráfica.

Vale ainda mencionar que construímos as linhas com a sintaxe ft.Row([bt1, bt2, txt_number, bt3, bt4]), usando uma lista de controles previamente definidos. Essa lista está na primeira posição, onde se insere o valor do parâmetro nomeado controls. Se esse parâmetro não estiver na primeira entrada seu nome deve ser fornecido, como em: page.add(ft.Row(alignment=ft.MainAxisAlignment.CENTER, controls=[txt_info])).

Em uma questão meramente de estilo mas que pode facilitar a organização e leitura do código, podemos definir as linhas separadamente e depois inserí-las na página.

    linha1 = ft.Row([txt_info], alignment=ft.MainAxisAlignment.CENTER)
    linha2 = ft.Row(controls=[bt1, bt2, txt_number, bt3, bt4], alignment=ft.MainAxisAlignment.CENTER)
    linha3 = ft.Row(controls=[bt5, bt6, txt_operacao, bt7, bt8],
             alignment=ft.MainAxisAlignment.CENTER)

    page.add(linha1, linha2, linha3)

Bibiografia

Todas as URLs acessadas em Julho de 2023.


Python com Flet: Widgets

ORM e Relacionamentos

ORM Manipulação de Objetos

Vimos na seção sobre a definição de tabelas com o ORM como definir classes do Python que podem ser correlacionadas com entidades do SQL por meio do SQLAlchemy. Já fizemos uso, sem explorar muito o assunto, do método relationship() que insere no esquema de uma sessão os relacionamentos entre propriedades dos objetos que serão espelhadas nas tabelas envolvidas.

Recordando, criamos uma classe vazia herdando de DeclarativeBase que será a superclasse para os modelos de tabelas. No nosso exemplo criamos os objetos aluno e endereco

class Base(DeclarativeBase):
    pass

class Aluno(Base):
    __tablename__ = "aluno"
    ...
    enderecos: Mapped[List["Endereco"]] = relationship(back_populates="aluno")
    
class Endereco(Base):
    __tablename__ = "endereco"
    ...
    aluno: Mapped[Aluno] = relationship(back_populates="enderecos")


Vemos que a classe Aluno tem o atributo Aluno.enderecos e a classe Endereco tem o atributo Endereco.aluno, que estão em relacionamento. Vimos também que Mapped informa o tipo do campo. Objetos da classe Endereco se referem a uma tabela com a campo aluno que é uma chave estrangeira (ForeignKeyConstraint) ligada ao campo aluno.enderecos. O método relationship() pode determinar sem ambiguidade que existe um relacionamento de um para muitos: um aluno.enderecos (uma linha de aluno) pode estar ligada a várias linhas na tabela de endereco.

Relacionamentos um-para-muitos correspondem, é claro, a um relacionamento muitos-para-um na direção oposta. Portanto o parâmetro relacionship.back_populates, em ambas as classes, define que esses campos estão em relação complementar entre si.

Persistência: Um objeto dentro de uma sessão pode ter diversos estados, no que se refere à persistência. Um objeto persistente possui uma identidade em relação ao banco de dados, ou seja, possui uma identidade (uma pk ou chave primária) igual àquela da linha que ele modela. Ao ser criado, antes de ser comitado, um objeto está no estado pendente. Ele se torna persistente com um commit, após ser aplicado no BD. Igualmente, um objeto que foi carregado do BD é persistente. Objetos removidos da sessão são denominados destacados (detached ).

Persistência de relacionamentos: Definidos os relacionamentos eles devem ser gravados na tabela e, quando as tabelas já estão definidas, carregados de volta para as classes do ORM. Suponha que inicializamos um objeto aluno com as seguintes propriedades:

aluno1 = Aluno(matricula="976567-123", nome="Mauro", sobrenome="Olivares")
aluno1.enderecos
↳ []
# uma lista vazia


O campo retornado, inicialmente vazio, é uma versão de uma lista no SQLAlchemy (uma Mapped[List]) que pode rastrear e responder às alterações efetuadas sobre o objeto. Ela é inserido automaticamente quando tentamos acessar o atributo, mesmo que não o tenhamos definido na criação do objeto. Isso é semelhante à inserção de ids que não são informados na incialização. Esse comportamento é diferente daqueles das classes usuais do Python que geram uma exeção AttributeError se a propriedade não for definida na inicialização. O objeto aluno1 é transitório e a lista em aluno1.enderecos não sofreu nenhuma alteração.

Para inserir um elemento nessa coleção criamos um endereço e usamos o método list.append(objeto_endereco).

end1 = Endereco(email="olivares@gmail.com")
aluno1.enderecos.append(end1)

# um endereço é anexado ao objeto aluno1
aluno1.enderecos
↳ [Endereco(id=None, email='olivares@gmail.com')]

# o objeto end1 é sincronizado (veja descrição abaixo)
end1.aluno
↳ Aluno(id=None, nome='Mauro', sobrenome='Olivares')

A operação de inserir um Endereco ao objeto Aluno, além de atualizar o próprio campo aluno1.enderecos também realiza a sincronização automática de Endereco.aluno, inserindo uma referência ao aluno dono desse endereço de email. Essa sincronização é o resultado do parâmetro relationship.back_populates entre os objetos relacionados.

Essa sincronização funciona também na outra direção: se criamos outro objeto Endereco com atributo Endereco.aluno referenciando o aluno1 esse novo endereço fará parte da coleção Aluno.enderecos, para o aluno em questão.

# criamos novo endereco, já associado ao aluno1
end2 = Endereco(email="olivar@aol.com", aluno=aluno1)
# o novo endereco se torna parte da coleção
aluno1.enderecos
↳ [Endereco(id=None, email='olivares@gmail.com'), Endereco(id=None, email='olivar@aol.com')]

Esses novos elementos precisam ser inseridos na sessão, o que pode ser feito com o método session.add(). Com a inserção de aluno1 os dois endereços ficam também inseridos.

session.add(aluno1)
# com esse procedimento temos
aluno1 in session
↳ True
end1 in session
↳ True
end2 in session
↳ True

Essas são as chamadas operações de save e update em cascata. Agora os 3 objetos envolvidos estão em estado pendente: nenhum deles tem um id designado, por enquanto. Além disso os objetos end1 e end2 possuem o atributo aluno_id que é a referência à coluna com um ForeignKeyConstraint ligada à aluno.id. Esse atributo também não foi ainda atribuído a uma linha real do banco de dados, portanto aluno.id = None.

print(aluno1.id)
↳ None
print(end1.aluno_id)
↳ None


Quando comitamos as transações os passos ocorrem na ordem correta, gerenciados pelo SQLAlchemy, para gerar as ids e propagar essa informação para os campos relacionados.

session.commit()
[SQL]
INSERT INTO aluno (nome, sobrenome) VALUES (?, ?) ('Mauro', 'Olivares')
INSERT INTO endereco (email, aluno_id) VALUES (?, ?), (?, ?) RETURNING id
('olivares@gmail.com', 6, 'olivar@aol.com', 6)
COMMIT

No último insert estamos supondo que o id de aluno recém inserido seja 6.

Carregando Relacionamentos: Após a emissão de Session.commit() é emitida automaticamemnte um Session.commit.expire_on_commit que faz com que todos os objetos da sessão fiquem expirados. No próximo acesso de um atributo desses objetos um SELECT é emitido para a linha, permitindo a visualização da chave primária recém-gerada.

aluno1.id
↳ 6
[SQL]
SELECT aluno.id AS aluno_id, aluno.nome AS aluno_nome, aluno.sobrenome AS aluno_sobrenome
FROM aluno WHERE aluno.id = ? (6,)

Podemos também acessar a coleção persistente aluno.enderecos de aluno1, que consiste em um conjunto adicional de linhas da tabela de endereços. Quando acessamos essa coleção ocorre uma lazy load (uma carga lenta) emitida para recuperar os objetos:

aluno1.enderecos
↳ [Endereco(id=4, email='olivares@gmail.com'), Endereco(id=5, email='olivar@aol.com')]
[SQL]
SELECT endereco.id AS endereco_id, endereco.email AS endereco_email,
endereco.aluno_id AS endereco_aluno_id
FROM endereco WHERE endereco.aluno_id = ? (6,)

lazy load, eager load: No ORM uma “carga lenta”, ou lazy load, se refere a um atributo que não contém seu valor imediatamente lido no banco de dados. Geralmente isso ocorre quando o objeto é carregado pela primeira vez. O atributo recebe uma referência na memória que permite que ele leia o valor no banco de dados quando for usado pela primeira vez. Esse padrão busca reduzir o tempo gasto nas buscas de objetos que não precisam ser imediatamente exibidos. Carregamentos que ocorrem no momento da chamada são denominados “carregamentos imediatos ou rápidos”, eager load.

As coleções e atributos relacionados no SQLAlchemy ORM são persistentes na memória. Depois que o valor é atribuído não há mais necessidade de emitir consultas SQL até que a coleção ou atributo expire. Podemos acessar, adicionar ou remover itens em aluno1.enderecos sem que novas consultas SQL sejam executadas.

Esse carregamento lento pode se tornar pesado na memória se não forem tomadas medidas para otimizá-lo. Existe otimização para evitar trabalho redundante: a coleção aluno1.enderecos foi atualizada no mapa de identidade onde todas as referências apontam para as mesmas instâncias Endereco já criadas. Portanto, todos esses objetos já estão carregados.

Consultas com Relacionamentos: O SQLAlchemy admite diversos recursos para a construção consultas SQL que envolvem classes mapeadas coom relacionamentos. Os métodos Select.join() e Select.join_from() são usados para compor cláusulas JOIN nas consultas. Esses métodos inferem a cláusula ON com base na presença de um único e inequívoco objeto ForeignKeyConstraint quando constroem consultas com junções (JOIN), vinculando as tabelas à partir da estrutura dos metadados da sessão. Se desejado, também é possível fornecer explicitamente uma expressão SQL especificando a cláusula ON.

Outro mecanismo também está disponível para estabelecer junções quando usamos entidades ORM, usando os objetos gerados por relationship(), que foram configurados no mapeamento das classes. O atributo da classe que está em relacionamento, definido em relationship(), pode ser passado como argumento para Select.join(), para indicar tanto o lado direito da junção quanto o campo na cláusula ON.

# consulta (1)
print(select(Endereco.email).select_from(Aluno).join(Aluno.enderecos))
# consulta (2)
print(select(Endereco.email).join_from(Aluno, Endereco))
# ambas as consultas geram:
[SQL]
SELECT endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id

Consultas com Select.join() ou Select.join_from() não usam o relacionamento estabelecido no mapeamento para inferir a cláusula ON, exceto se isso for explicitamente especificado. Isso significa que, quando fazemos união de Aluno para Endereco sem incluir uma cláusula ON, uma consulta correta é emitida por causa da ForeignKeyConstraint entre os objetos mapeados e não devido à existência de um relationship().


Vale lembrar que Aluno, Endereco (com maiúsculas) se referem às classes do ORM enquanto aluno, endereco são os nomes das tabelas no BD.Consulte o manual do SQLAlchemy: ORM Query Guide, Select Join, Select Join On Clause.

Relacionamentos e WHERE

Existem algumas formas de gerar consultas e filtros com relationship(), tipicamente aplicados com WHERE (no SQL) e Select.where() (no SQLAlchemy).

EXISTS: has() e any(): Vimos na seção Agrupamentos e Subqueries: EXISTS como funciona EXISTS e sua contraparte no SQLAlchemy. O método exists() é usado para gerar a cláusula EXISTS do SQL que é aplicada sobre um conjunto de resultados obtidos com uma subconsulta escalar. A classe construída por relationship() tem métodos auxiliares responsáveis pela geração de algumas formas comuns de uso de EXISTS em consultas sobre colunas ligadas por relacionamentos.

Em um relacionamento um-para-muitos, como é o caso de Aluno.enderecos que se liga a uma coleção de Endereco.aluno, podemos gerar um EXISTS usando PropComparator.any(). Este método aceita um critério WHERE opcional para filtrar as linhas retornadas pela subconsulta.

query = select(Aluno.sobrenome)
             .where(Aluno.enderecos.any(Enderecos.email == "olivares@gmail.com"))
session.execute(query).all()
# é retornado
↳ ['Olivares',)]
[SQL]
SELECT aluno.sobrenome FROM aluno
WHERE EXISTS (SELECT 1 FROM endereco WHERE aluno.id =
              endereco.aluno_id AND aluno.email = ?) ('olivares@gmail.com',)

A subconsulta retorna 1 para cada linha que satisfaz
aluno.id = endereco.aluno_id AND aluno.email = 'olivares@gmail.com' .
Se existir algum valor EXISTS retorna TRUE e o sobrenome é retornado pela consulta externa.

O uso de EXISTS é, em geral, mais eficiente para pesquisas negativas, quando se faz uma busca por elementos que não estão presentes nas linhas. Para isso basta negar um resultado, como ~Aluno.endereco.any(), para selecionar Alunos que não possuem linhas associadadas na tabela endereco.

query = select(Aluno.nome).where(~Aluno.enderecos.any())
session.execute(query).all()

[SQL]
SELECT aluno.nome FROM aluno WHERE NOT (EXISTS 
      (SELECT 1 FROM aluno WHERE aluno.id = endereco.aluno_id)
)

A consulta retorna os nomes dos alunos sem um endereço cadastrado.

O método PropComparator.has() age quase da mesma forma que PropComparator.any(), com a diferença de ser usado em relacionamentos muitos-para-um. Esse seria o caso se quisermos encontrar todos os endereços associados com um aluno determinado.

query = select(Endereco.email).where(Endereco.aluno.has(Aluno.nome == "Mauro"))
session.execute(query).all()

[SQL]
SELECT endereco.email FROM endereco WHERE EXISTS
   (SELECT 1 FROM aluno WHERE aluno.id = endereco.aluno_id AND aluno.nome = ?) ('Mauro',)

↳ [('olivares@gmail.com',), ('olivar@aol.com',)]

As consultas 1-4 abaixo exibem outras propriedades: (1) Uma instância de um objeto pode ser comparada a um relacionamento muitos-para-um para selecionar linhas onde a chave estrangeira no destino corresponde à chave primária do objeto dado. (2) O operador not equals (!=) também pode ser usado. (3) Aluno.enderecos.contains(obj_endereco) testa se o objeto carregado é um dos endereços na coleção. (4) with_parent(obj_aluno, Aluno.enderecos) testa se obj_aluno tem Aluno.enderecos como classe pai.

# (1) 
obj_endereco = session.get(Endereco, 1)
obj_aluno = session.get(aluno, 1)
print(select(Endereco).where(Endereco.aluno == obj_aluno))
[SQL]
SELECT endereco.id, endereco.aluno_id, endereco.email 
FROM endereco WHERE :param_1 = endereco.aluno_id

# (2) 
print(select(Endereco).where(Endereco.aluno != obj_aluno))
[SQL]
SELECT endereco.id, endereco.aluno_id, endereco.email FROM endereco
WHERE endereco.aluno_id != :aluno_id_1 OR endereco.aluno_id IS NULL

# (3) 
print(select(Aluno).where(Aluno.enderecos.contains(obj_endereco)))
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.matricula, aluno.nome, aluno.sobrenome
FROM aluno WHERE aluno.id = :param_1

# (4) 
from sqlalchemy.orm import with_parent
print(select(Endereco).where(with_parent(obj_aluno, Aluno.enderecos)))
[SQL]
SELECT endereco.id, endereco.aluno_id, endereco.email
FROM endereco WHERE :param_1 = endereco.aluno_id

Lembramos aqui que Endereco.aluno está em relacionamento (muitos-para-1) com Aluno.enderecos.

Estratégias de de carregamento

Vimos que, quando acessamos atributos de objetos mapeados que usam relacionamentos, um carregamento lento (ou lazy load) será realizado quando a coleção ainda não estiver preenchida. O carregamento lento é um padrão importante no ORM, embora controverso. Quando temos muitos objetos ORM na memória que fazem referência a muitos atributos não carregados, a manipulação desses objetos pode gerar novas consultas em cascata, causando acúmulo (no que consiste no problema denominado “N mais um”). Para piorar o estado de coisas essas novas consultas são emitidas implicitamente. Elas podem causar erros quando são produzidas após o fechamento das transações com o BD, ou quando se usa gerenciadores de conexões assíncronas, como asyncio.

Apesar disso o carregamento lento é útil, principalmente quando bem ajustado com mecanismos de sincronização. Por isso o SQLAlchemy ORM inclui muitos recursos para controlar e otimizar o comportamento de carregamentos. A etapa principal no uso de carregamento lento consiste em testar o aplicativo ativando a exibição de saídas de consultas para análise do SQL emitido. A presença de muitas instruções SELECT redundantes, que poderiam ser agrupadas com mais eficiência, ou a ocorrência de carregamentos inadequados para objetos que já estão destacados (detached ) da sessão, são indicadores de que se deve usar estratégias de carregamento.

Essas estratégias são representadas por objetos que podem ser associados a uma instrução SELECT através do método Select.options(). A estratégia abaixo permite o acesso aos objetos já carregados de Aluno.enderecos.

enderecos_carregados = session.execute(select(Aluno)
                            .options(selectinload(Aluno.enderecos))).scalars()
for obj_aluno in enderecos_carregados:
    obj_aluno.enderecos

Também é possível tornar o carregamento lento a forma default em relationship(), usando a opção relationship.lazy.

from sqlalchemy.orm import Mapped
from sqlalchemy.orm import relationship

class Aluno(Base):
    __tablename__ = "aluno"
    ...
    enderecos: Mapped[List["Endereco"]] = relationship(back_populates="aluno", lazy="selectin")

Carregamento Selectin: Uma opção de carregamento muito útil é a selectinload() que resolve o problema frequente “N mais um”, citado acima. A opção selectinload() faz com que uma coleção completa de objetos relacionados seja carregada antecipadamente em uma única consulta. Isso é obtido com consultas SELECT aplicadas apenas sobre uma tabela, sem inserir JOINs ou subconsultas, seguida de consultas para os objetos relacionados que ainda não foram carregados.

No exemplo abaixo selectinload() é usado para carregar todos os objetos Alunos e os objetos Enderecos associados. Quando invocamos Session.execute() uma vez, passando um select(), o BD dados é acessado com duas instruções SELECT, sendo a segunda usada para carregar objetos Enderecos associados.

from sqlalchemy.orm import selectinload
query = select(Aluno).options(selectinload(Aluno.enderecos)).order_by(Aluno.id)
for row in session.execute(query):
    print(f"Aluno: {row.Aluno.nome} {row.Aluno.sobrenome}")
    for a in row.Aluno.enderecos:
        print(f"{a.email}")
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome
FROM aluno ORDER BY aluno.id

SELECT endereco.aluno_id AS endereco_aluno_id, endereco.id AS endereco_id, 
endereco.email AS endereco_email FROM endereco
WHERE endereco.aluno_id IN (?, ?, ?, ?, ?, ?) (1, 2, 3, 4, 5, 6)

A consulta retorna nome e sobrenome dos 6 primeiros alunos e seus respectivos emails.

Carregamento com JOIN: joinedload() é usado como estratégia de carregamento imediato (eager load ) que inclui a possibilidade de JOINs em uma instrução SELECT. Esse JOIN pode ser uma junção externa ou interna. Essa é a estratégia adequada para carregar objetos em relacionamentos muitos-para-um pois isso exige apenas o carregamento de colunas adicionais a uma linha da entidade primária. Ele também aceita a opção joinload.innerjoin para que a junção seja considerada interna (e não externa). No exemplo abaixo sabemos que todos os objetos Enderecos estão associados a algum Aluno.

from sqlalchemy.orm import joinedload
query = (
    select(Endereco)
    .options(joinedload(Endereco.aluno, innerjoin=True))
    .order_by(Endereco.id)
)
for row in session.execute(query):
    print(f"Aluno: {row.Endereco.aluno.nome}: email: {row.Endereco.email} ")
    
SELECT endereco.id, endereco.email, endereco.aluno_id,
       aluno_1.id AS id_1, aluno_1.nome, aluno_1.sobrenome
FROM endereco JOIN aluno AS aluno_1 ON aluno_1.id = endereco.aluno_id
       ORDER BY endereco.id

A consulta retorna os nomes e emails de alunos, ordenados pelo id do endereço. Lembrando que Endereco está em relação com aluno vemos que Endereco.aluno.nome fica carregado com o nome desse aluno.

joinload() também funciona para coleções, em relacionamentos um-para-muitos. Esse uso, no entanto, pode multiplicar as linhas linhas retornadas de maneira recursiva, o que exige cuidado nessa opção, e consideração do uso de selectinload().

Importante: os critérios WHERE e ORDER BY, usados para modificar a instrução Select, não agem sobre a tabela afetada por joinload(). Como mostra a consulta SQL acima um aliás é atribuído à tabela aluno para que ela não seja alvo desses filtros.

Vemos assim que joinload() recebe como argumento o campo que deve ser carregado de forma imediata. Nos exemplos abaixo os objetos ORM (com letra maiúscula) refletem tabelas Cliente, com campo (uma coleção) Cliente.pedidos; Pedidos com coleção Pedidos.itens, cada item com a descrição Item.descricao.

# joined-load um campo "pedidos" no objeto ORM Cliente
query(Cliente).options(joinedload(Cliente.pedidos))

# joined-load Pedidos.itens, depois Item.descricao (se Pedidos.itens é uma coleção de objetos Item)
query(Pedidos).options(
    joinedload(Pedidos.itens).joinedload(Item.descricao))

# a mesma consulta, com lazy load
query(Pedidos).options(
    lazyload(Pedidos.items).joinedload(Item.descricao))


Junções explícitas com carregamentos rápidos, contains_eager: Suponha que queremos carregar as linhas de endereço associadas à tabela aluno usando um método como Select.join() para aplicar um JOIN. Esse JOIN para ser aproveitado para uma carga rápida do conteúdo de Endereco.aluno em cada campo endereco retornado. Podemos realizar um carregamento rápido como JOIN, executando esse JOIN manualmente. Isso pode ser obtido com contains_eager(), uma opção semelhante a joinload() que libera o desenvolvedor para configurar o JOIN. Colunas adicionais na cláusula COLUMNS devem ser carregadas em atributos relacionados em cada objeto retornado. Por exemplo:

from sqlalchemy.orm import contains_eager
query = (
    select(Endereco)
    .join(Endereco.aluno)
    .where(Aluno.nome == "Marcos")
    .options(contains_eager(Endereco.aluno))
    .order_by(Endereco.id)
)
for row in session.execute(query):
    print(f"{row.Endereco.aluno.nome}, email: {row.Endereco.email} ")
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome, endereco.id AS id_1, endereco.email, endereco.aluno_id
FROM endereco JOIN aluno ON aluno.id = endereco.aluno_id
WHERE aluno.nome = ? ORDER BY endereco.id ('Marcos',)

Filtramos, na consulta acima, as linhas por aluno.nome e carregamos linhas de aluno no atributo Endereco.aluno. Se tivéssemos aplicado joinedload() seriam geradas partes desnecessárias na consulta SQL, como exibido abaixo.

query = (
    select(Endereco)
    .join(Endereco.aluno)
    .where(Aluno.nome == "Marcos")
    .options(joinedload(Endereco.aluno))
    .order_by(Endereco.id)
)
print(query)
[SQL]
SELECT endereco.id, endereco.email, endereco.aluno_id,
aluno_1.id AS id_1, aluno_1.nome, aluno_1.sobrenome
FROM endereco JOIN aluno ON aluno.id = endereco.aluno_id
LEFT OUTER JOIN aluno AS aluno_1 ON aluno_1.id = endereco.aluno_id
WHERE aluno.nome = :nome_1 ORDER BY endereco.id

Esse exemplo produz a geração desnecessária de clásulas JOIN e LEFT OUTER JOIN junto com SELECT.

Raiseload é outra estratégia de carregamento. Ela é usada para impedir o surgimento do problema N-mais-um, transformando cargas lazy em um lançamento de erro. Usamos a opção raiseload.sql_only para bloquear cargas lentas feitas por consultas SQL ou bloquear todos os carregamentos, incluindo aqueles que apenas precisam consultar a sessão atual. Uma das formas consiste em usar raiseload() para configurar o relacionamento estabelecido em relationship(), ajustando o valor relationship.lazy = "raise_on_sql". Com isso nenhum acesso aos dados tentará emitir uma consulta SQL. Isso pode ser feito na definição dos objetos ORM que refletem as tabelas.

from sqlalchemy.orm import Mapped
from sqlalchemy.orm import relationship

class Aluno(Base):
    __tablename__ = "aluno"
    id: Mapped[int] = mapped_column(primary_key=True)
    enderecos: Mapped[List["Endereco"]] = relationship(back_populates="aluno", lazy="raise_on_sql")

class Endereco(Base):
    __tablename__ = "endereco"
    id: Mapped[int] = mapped_column(primary_key=True)
    aluno_id: Mapped[int] = mapped_column(ForeignKey("aluno.id"))
    aluno: Mapped["Aluno"] = relationship(back_populates="enderecos", lazy="raise_on_sql")

Esse tipo de definição no relacionamento impede a realização de “lazy loads” e obriga a definição de uma estratégia de carregamento para consultas nesses campos.

u1 = session.execute(select(Aluno)).scalars().first()
[SQL]
SELECT aluno.id FROM aluno
# ao tentar acessar a propriedade relacionada
u1.enderecos
# um erro é lançado
sqlalchemy.exc.InvalidRequestError: 'Aluno.enderecos' is not available due to lazy='raise_on_sql'

Essa exceção indica que a coleção devaria ter sido carregada antes do uso.

u1 = (
    session.execute(select(User).options(selectinload(User.addresses)))
    .scalars()
    .first()
)
[SQL]
SELECT aluno.id FROM aluno
[...]
SELECT endereco.aluno_id AS endereco_aluno_id, endereco.id AS endereco_id
FROM endereco WHERE endereco.aluno_id IN (?, ?, ?, ?, ?, ?) (1, 2, 3, 4, 5, 6)

O opção lazy="raise_on_sql" também tenta o carregamneto correto em relacionamentos muitos-para-um. Se o atributo Endereco.aluno não estiver preenchido mas o objeto Aluno já está carregado no sessão atual, então a estratégia raiseload não lança erros.

Bibliografia

Esse texto é baseado primariamente na documentação do SQLAlchemy, disponível em SQLAlchemy 2, Documentation. Outras referências no artigo Python e SQL: SQLAlchemy.

SQLAlchemy: ORM

ORM

Após termos visto do uso consultas de inserção, alteração e apagamento com o SQLAlchemy Core podemos considerar o mesmo conjunto de operações com o ORM.

Usando ORM

Na abordagem ORM (Object Relational Mapper) do SQLAlchemy o objeto Section é a base da interação entre o código Python e os bancos de dados. Ele é usado de forma muito semelhante ao objeto Connection, usado no CORE que, internamente, é acionado pelas sessões do ORM para produzir consultas SQL.

Para ilustrar o processo básico vamos usar a construção dos padrões semelhante à usada com Connection, usando um gerenciador de contexto, embora Section admita alguns padrões de criação diferentes.

from sqlalchemy.orm import Session
query = text("SELECT campo_1, campo_2 FROM tabela WHERE campo_1 > :c ORDER BY campo_1, campo_2")
with Session(engine) as session:
    result = session.execute(query, {"c": 23})
    for row in result:
        print(f"campo_1: {row.campo_1}  campo_2: {row.campo_2}")
[SQL]
SELECT campo_1, campo_2 FROM tabela WHERE campo_1 > ? ORDER BY campo_1, campo_2
[...] (23,)
# o resultado contém uma lista de listas com campo_1 e campo_2 (se campo_1 >23)

# um update
with Session(engine) as session:
    result = session.execute(
        text("UPDATE tabela SET campo_1=:c1 WHERE campo_2=:c2"),
        [{"c1": 9, "c2": 11}, {"c1": 13, "c2": 15}],
    )
    session.commit()
[SQL]
UPDATE tabela SET campo_1=? WHERE campo_2=?
[...] [(9, 11), (13, 15)]

Vemos no exemplo que simplesmente substituimos as intruções:

with engine.connect() as conn  por  with Session(engine) as session
Connection.execute()           por  Session.execute()
Connection.commit()            por  Session.commit()

Obs.: Todas as consultas SQL são precedidas por BEGIN e terminadas por COMMIT (omitidas aqui).

Uma sessão com ORM


Para ilustrar o uso do ORM continuaremos, por enquanto, usando a construção de consultas com a função text("query"), que passa a string de consulta diretamente para o banco de dados. O artigo Sqlalchemy ORM Resumido contém uma amostra das funções básicas do ORM.

Começaremos com a tabela coordenadas do BD meu_banco.db do SQLite, construído na seção anterior. Na última operação ele foi gravado com o estado mostrado na figura. Faremos uma atualização de valores com UPDATE coordenadas SET y=:y WHERE x=:x. Os valores de :x, :y são lidos na lista de dicionários. Cada dicionário gera uma operação de UPDATE. Para conferir o resultado da atualização fazemos uma consulta somente dos valores com y > 100.

from sqlalchemy import create_engine, text
from sqlalchemy.orm import Session

engine = create_engine("sqlite:///meu_banco.db")	

query = text("UPDATE coordenadas SET y=:y WHERE x=:x")
valores = [{"x": 11, "y": 110}, {"x": 15, "y": 150}]
with Session(engine) as session:
    result = session.execute(query, valores)
    session.commit()    

query = text("SELECT x, y FROM coordenadas WHERE y > :y ORDER BY x, y")
with Session(engine) as session:
    result = session.execute(query, {"y": 100})
    for row in result:
        print(f" x = {row.x}  y = {row.y}")
        
# a consulta com SELECT resulta em
↳  x = 11  y = 110
   x = 15  y = 150

As consultas geradas acima são, respectivamente:

[SQL]
UPDATE coordenadas SET y=110 WHERE x=11
UPDATE coordenadas SET y=150 WHERE x=15
SELECT x, y FROM coordenadas WHERE y > 100 ORDER BY x, y

A sessão não é tornada permamente (commited) automaticamente. Para isso é necessário emitir o comando session.commit(). Pelos exemplos mostrados vemos que simplesmente substituimos as intruções:

with engine.connect() as conn  por  with Session(engine) as session
Connection.execute()           por  Session.execute()
Connection.commit()            por  Session.commit()

Obs.: Todas as consultas SQL são precedidas por BEGIN e terminadas por COMMIT (omitidas aqui).

Definindo tabelas com ORM

Com o SQLAlchemy ORM temos uma sintaxe de criação de tabelas mais próxima do estilo do Python. Ele fornece uma interface chamada de Tabela Declarativa (Declarative Table) que usa tipos de variáveis do Python para representar e configurar as tabelas. Com esse procedimento temos classes mapeadas do Python que refletem as propriedades das tabelas do SQL. Em outras palavras, criamos classes do Python com atributos e propriedades que refletem tabelas, colunas, vínculos e relacionamentos que são mapeadas em tabelas do SQL. As operações CRUD usuais são feitas diretamente nos objetos que herdam dessas classes e que, depois, são transferidas para o BD.

A coleção MetaData é criada automaticamente (se uma não for explicitamente fornecida) e fica associada ao objeto chamado Base Declarativa (Declarative Base) que pode ser criado como instância da classe DeclarativeBase:

from sqlalchemy.orm import DeclarativeBase
class Base(DeclarativeBase):
    pass

# a coleção metadata é criada em Base
print(Base.metadata)
↳ MetaData()

Para definir nossas tabelas mapeadas herdamos de Base que, como vimos, herda de DeclarativeBase.

from typing import Optional, List
from sqlalchemy import create_engine, ForeignKey, String
from sqlalchemy.orm import DeclarativeBase, Mapped, mapped_column, relationship

engine = create_engine("sqlite:///meu_banco.db")

class Base(DeclarativeBase):
    pass

class Aluno(Base):
    __tablename__ = "aluno"
    id: Mapped[int] = mapped_column(primary_key=True)
    matricula: Mapped[str] = mapped_column(String(50))
    nome: Mapped[str] = mapped_column(String(50))
    sobrenome: Mapped[Optional[str]]
    enderecos: Mapped[List["Endereco"]] = relationship(back_populates="aluno")
    
    def __repr__(self):
        return f"Aluno(id={self.id!r}, nome={self.nome!r}, sobrenome={self.sobrenome!r})"

class Endereco(Base):
    __tablename__ = "endereco"
    id: Mapped[int] = mapped_column(primary_key=True)
    email: Mapped[str]
    aluno_id: Mapped[int] = mapped_column(ForeignKey("aluno.id"))    
    aluno: Mapped[Aluno] = relationship(back_populates="enderecos")

    def __repr__(self):
        return f"Aluno(id={self.id!r}, nome={self.nome!r}, sobrenome={self.sobrenome!r})"

Base.metadata.create_all(engine)

As duas classes, Alunos e Enderecos (e os objetos que herdam delas) ficam disponíveis para operações de persistência e consultas. Elas são denominadas classes mapeadas pelo ORM (ORM Mapped Classes). O nome de cada tabela fica atribuído em DeclarativeBase.__tablename__. Após a criação a tabela fica disponível por meio do atributo DeclarativeBase.__table__.

As colunas da tabela, por sua vez, são criadas por mapped_column() que usa anotações (a construção nome_campo: tipo_de_dado, que fica associado ao Mapped[tipo]. Se a coluna tem um tipo simples sem outras qualificações basta indicar apenas Mapped[tipo], onde os tipos do Python como int ou str significam as classes Integer ou String do SQLAlchemy, respectivamente. Essas definições podem ser bastante modificadas para representar objetos mais complexos.

Inserindo linhas

No ORM as instruções Insert são emitidas, e inseridas na transação, pelo objeto Session. Para isso inserimos novos objetos à Session e os tornamos persistentes (gravando a transação no BD) com com um processo chamado de flush. Esse processo é conhecido como padrão de unidade de trabalho (UoW).

Leia sobre Transações

Até agora inserimos dados usando INSERT com dicionários que contém as dados a serem incluídos. Com a abordagem ORM criamos novos objetos derivados das classes das classes customizadas que representam dados na tabela e os inserimos nos objetos table contidos em Session.

Vimos nos nossos exemplos como definir a estrutura de uma tabela criando classes de herdam de DeclarativeBase, criando uma classe para cada tabela SQL. Definimos as classes Aluno e Endereco e usamos Base.metadata.create_all(engine) para inserir no BD as tabelas representadas por elas. As mesmas classes são usadas na inserção de linhas.

Por exemplo, criamos abaixo dois objetos instâncias de Aluno, instanciando a classe e usando os nomes de colunas como keywords. Essa operação usa o construtor __init__() construído automaticamente pelo ORM.

jones = Aluno(matricula= '3456-1234', nome="Jones", sobrenome="Manoel", enderecos=[])
galileu = Aluno(matricula= '8888-9999',nome="Galileu", sobrenome="Galilei", enderecos=[])

# se exibirmos um objeto com print
print(jones)
↳ Aluno(id=None, matricula= '3456-1234', nome="Jones", sobrenome="Manoel", enderecos=[])

Observe que não incluimos um valor para id que é um campo de autoincremento inserido automaticamente. Se o objeto for exibido veremos que id=None, provisoriamente. Um valor é atribuído pelo mecanismo do banco de dados.

Objetos criados dessa forma são chamados transientes, pois não fazem parte ainda do BD, nem mesmo da representação no ORM. Essa inserção deve ser feita na Session, com o método .add(). Feito isso as linhas são pendentes, ainda não inseridas no BD. Esse estado pode ser verificado por meio do objeto Session.new.

# criamos uma sessão
session = Session(engine)

# inserimos os objetos (que representam linhas) na sessão
session.add(jones)
session.add(galileu)

# para verificar objetos pendentes
print(session.new)
↳ IdentitySet([Aluno(id=None, matricula= '3456-1234', nome="Jones", sobrenome="Manoel"),
               Aluno(id=None, matricula= '8888-9999',nome="Galileu", sobrenome="Galilei")]

# para inserir esses valores no modelo do BD
session.flush()
[SQL]
INSERT INTO aluno (matricula, nome, sobrenome) VALUES (?, ?), (?, ?) RETURNING id
('3456-1234', 'Jones', 'Manoel', '8888-9999', 'Galileu', 'Galilei')

A consulta realizada insere os dois objetos criados na Session e retorna os ids das linhas inseridas. Para isso é usado o padrão de unidade de trabalho (UoW), o que significa que as alterações não são comunicadas ao BD até que o método Session.flush() seja usado. A transação aberta no início com Session(engine) permanece aberta até que sejam emitidos um dos comandos, chamando métodos de Session:

Session.commit()
Session.rollback() # ou
Session.close()

A execução de .commit() também emite um .flush(). É possível configurar uma Session para que o comportamento autoflush (flush automático).

Recuperando pks: Quando um objeto é inserido o ORM gera automaticamente os atributos das chaves primárias (pk). Os objetos criados acima, jones e galileu passam a ter um id que pode ser lidos.

print(jones.id)
↳ 4
print(galileu.id)
↳ 5

Essa propriedade é lida internamente com CursorResult.inserted_primary_key e esse procedimento exige que operações de INSERT sejam feitas uma de cada vez. Por isso não foram feitas operações tipo executemany. Alguns gerenciadores, como o psycopg2 do PostgreSQL, são capazes de inserir várias linhas de uma vez e recuperar suas chaves primárias.

Um mapa de identidade (identity map) é um mapeamento entre objetos do Python os objetos (tabelas, linhas, colunas, etc) representados no banco de dados. Ele é uma coleção mantida na memória no objeto Session do ORM que contém objetos relacionados por meio de suas chaves primárias. Esse padrão permite que todas as operações sobre o BD sejam coordenadas por em uma única instância de objeto. Veja: Martin Fowler, Identity Map.

Podemos recuperar um dos objetos armazenados no mapa de identidade usando o método Session.get()

um_aluno = session.get(Aluno, 4)
print(um_aluno)
↳ Aluno(id=None, matricula= '3456-1234', nome="Jones", sobrenome="Manoel", enderecos=[])

# o objeto é o mesmo que o definido anteriormente
um_aluno is jones
↳ True

O objeto é retornado se existir no mapa ou, caso contrário, um SELECT é produzido. Observamos que get() retorna uma referência para o mesmo objeto já existente (desde que não tenha sido removido).

Committing: Comitar o estado do BD significa gravar as alterações feitas no BD. Após o commit, todos os objetos continuam ligados (attached) à seção até que ela seja encerrada. Se estamos usando um gerenciador de contexto, abrindo e usando a sessão dentro de um bloco with, a sessão é fechada ao abandonarmos o bloco. Caso contrário temos que fechar manualmente a sessão com session.close().

# para "comitar" uma sessão
session.commit()
[SQL]
COMMIT

# para fechar a sessão
session.close()

Update com UoW: Suponha que desejamos alterar a linha da tabela Aluno referente ao aluno de nome Galileu (que assumiremos tem id=4). Primeiro carregamos essa linha em um objeto (caso já não esteja carregada).

galileu = session.execute(select(Aluno).filter_by(name="Galileu")).scalar_one()
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome, aluno.enderecos
FROM aluno WHERE alunou.nome = ? ('Galileu',)

# o objeto é criado com os dados da linha
print(galileu)
galileu = Aluno(id=4, matricula= '8888-9999',nome="Galileu", sobrenome="Galilei", enderecos='')

Podemos alterar propriedades desse objeto da forma usual. A alteração fica armazenada em session, inicialmente na coleção chamada session.dirty, que contém objetos alterados antes de flush. Após session.flush() um UPDATE é executado no BD e o objeto alterado sai da coleção session.dirty (lembrando que podemos ajustar um autoflush).

galileu.sobrenome = "Osbourne"
galileu in session.dirty
↳ True

session.flush()
galileu in session.dirty
↳ False

# após a operação o novo dado pode ser verificado

galileu_sobrenome = session.execute(select(Aluno.sobrenome)
                           .where(Aluno.id == 4)).scalar_one()
print(galileu_sobrenome)
↳ Osbourne

# as linhas correspondem a
[SQL]
UPDATE aluno SET sobrenome=? WHERE aluno.id = ? ('Osbourne', 4)
SELECT aluno.sobrenome FROM aluno WHERE aluno.id = ? (4,)

Um flush é executado quando SELECT é executado.

Deleting com UoW: Uma linha pode ser removida do BD com Session.delete(obj), onde obj é um objeto carregado representando essa linha. O objeto permanece na sessão até a emissão de um flush e, depois, é removido dela. Da mesma forma que ocorre com a consulta de UPDATE, as alterações do estado do BD só é permanente quando se realiza um commit.

jones = session.get(Aluno, 1)
session.delete(jones)

# após um flush
session.flush()   # ou uma consulta de SELECT emitida
jones in session
↳ False

# para a permanência no BD
session.commit()

Operações de INSERT, UPDATE e DELETE em várias linhas: Vimos que objetos são inseridos em uma sessão com Session.add() e o mecanismo interno da ORM cuida da emissão de consultas SQL relacionadas.

Além dessa funcionalidade, sessões ORM também podem processar instruções INSERT, UPDATE e DELETE diretamente sem passar pela criação de outros objetos da ORM, recebendo listas de valores a serem inseridas, atualizados ou apagados, incluindo critérios WHERE que aplicam a transformação em muitas linhas de uma vez. Isso é útil quando se quer aplicar a alteração a muitas linhas, evitando a construção de objetos mapeados.

As sessões ORM podem se utilizar de recursos com insert(), update() e delete() de forma similar à usada no CORE. Para isso essas funções recebem coleções em seus argumentos, em geral uma lista de dicionários. Por exemplo:

from sqlalchemy import insert
session.execute(
    insert(Aluno),
    [
        {"matricula":"9487634", "nome": "Rodrigo", "sobrenome": "Santos"},
        {"matricula":"0698734", "nome": "Paula", "sobrenome": "Silva"},
        {"matricula":"9998765", "nome": "Humberto", "sobrenome": "Loyola"},
        {"matricula":"1230984", "nome": "Mariane", "sobrenome": "Louise"},
        {"matricula":"2345670", "nome": "Afonso", "sobrenome": "Pena"},
    ],
)
[SQL]
INSERT INTO aluno (matricula, nome, sobrenome) VALUES (?, ?, ?)
[
  ('9487634', 'Rodrigo' 'Santos'),
  ('0698734', 'Paula',  'Silva'),
  ('9998765', 'Humberto', 'Loyola'),
  ('1230984', 'Mariane',  'Louise'),
  ('2345670', 'Afonso', 'Pena')
]

Outras informações no Guia do SQLAlchemy: ORM-Enabled INSERT, UPDATE, and DELETE statements.

Desfazendo transações com Roll Back: Uma sessão possui o método Session.rollback() que se destina a emitir um ROLLBACK na conexão SQL ativa. Esse método também afeta os objetos associados à Session, como é o caso do objeto galileu armazenada em nossos exemplos. Fizemos no exemplo a alteração da propriedade galileu.sobrenome de "Galilei" para "Osbourne". Se aplicarmos Session.rollback() toda a transação atual será cancelada e todos os objetos em associação com a sessão ficarão expirados.

Fechando uma sessão: Em vários dos exemplos usados abrimos e manipulamos as sessões fora de um gerenciador de contexto e, portanto, elas devem ser fechadas manualmente. Claro que a alternativa é usar o gerenciador, como mostrado abaixo.

from sqlalchemy.orm import Session
engine = create_engine("url/do/banco_de_dados")	

session = Session(engine)
#  conjunto de operações sobre o BD
session.commit()
session.close()


# usando o gerenciador de contexto
with Session(engine) as session:
    # conjunto de operações sobre o BD
    session.commit()

Quando fechamos uma sessão, manualmente ou por meio de um gerenciador de contexto, liberamos os recursos de máquina usados para a conexão. Se existirem transações não comitadas elas serão perdidas (emitindo um ROLLBACK). Portanto, se usarmos a sessão apenas para operações de leitura, como em SELECTs, basta fechá-la, sem preocupação com a emissão de Session.rollback(). Além disso todos os objetos ligados à sessão são desconectados, ficando sujeitos à execução de limpeza pelo gc, coletor de lixo do Python. Veja Python Manual: Garbage Collector interface.

Transações

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Uma transação é a menor unidade de operações realizadas sobre um banco de dados. Ela é composta de um conjunto ordenado de instruções e pode ser executada manualmente ou automatizada no código. Os sistemas gerenciadores devem garantir que a transação seja executada por completo ou abandonada, sem nenhuma alteração ao banco.

†: Padrão de Unidade de Trabalho (Unit Of Work, UoW) Unidade de Trabalho é um padrão de projeto onde se mantém uma lista de objetos afetados por uma transação e coordena como essas alterações são efetivadas, cuidando de possíveis problemas de concorrência. O padrão Unit of Work pode ser visto como um contexto, sessão ou objeto que acompanha as alterações das entidades de negócio durante uma transação e está presente em muitas das ferramentas ORM modernas. O objetivo das UoW é o agrupamento de funções e alterações aplicados sobre um banco de dados que possa ser executado de uma vez, ou abandonado por completo. Veja artigo de Martin Fowler.

COMMIT e ROLLBACK: Um COMMIT é a instrução para efetivar, tornando permanentes, as operações sobre o BD desde que o último COMMIT ou ROLLBACK foi feito. Um ROLLBACK é a instrução SQL usado para reverter o estado do BD para o estado tornado efetivo pela última operação COMMIT ou ROLLBACK.

Se uma transação for concluída com sucesso o banco de dados será alterado permanentemente, com gravação em disco dos dados alterados, na operação de COMMIT. Porém, se houver falha em qualquer uma das operações da transação, o banco deve ser deixado em seu estado inicial, coom um ROLLBACK.

Transações devem possuir início e fim e podem ser salvas (permanência no banco de dados) ou desfeitas. Se houver falha nenhuma operação deve ser tornada permanente.

No SQL transações são iniciadas com BEGIN TRANSACTION, e finalizada com COMMIT ou ROLLBACK. Essas operações estão ilustradas abaixo.

-- criamos uma tabela provisória de testes
SELECT matricula, nome INTO temp_aluno FROM aluno;

-- transação com rollback
BEGIN TRANSACTION
  DELETE FROM temp_aluno        -- apaga todos registros da tabela
  SELECT * FROM temp_aluno      -- a tabela está vazia
ROLLBACK TRANSACTION;           -- desfaz a transação
SELECT * FROM temp_aluno;       -- a tabela está como no início
                               
-- transação com commit        
BEGIN TRANSACTION              
  DELETE FROM temp_aluno        -- apaga todos registros da tabela
  SELECT * FROM temp_aluno      -- a tabela está vazia
COMMIT TRANSACTION;             -- confirma a transação
SELECT * FROM temp_aluno;       -- a tabela está vazia (permanente)

Fonte: Boson Treinamentos: Transacões, commit e rollback.

Bibliografia

Esse texto é baseado primariamente na documentação do SQLAlchemy, disponível em SQLAlchemy 2, Documentation. Outras referências no artigo Python e SQL: SQLAlchemy.

SQLAlchemy: UPDATE e DELETE

UPDATE e DELETE

Vimos nas sessões anteriores como aplicar os comandos do SQL, INSERT e SELECT, para a inserção de dados em um banco de dados e a recuperação das informações desejadas, em termos do SQLAlchemy. Claro que precisamos também de UPDATE E DELETE para atualizar as informações e linhas existentes. Essa seção cobre essas funções no CORE SQLAlchemy. As operações UPDATE e DELETE com ORM são normalmente chamadas internamente no objeto Session.

As construções com UPDATE e DELETE podem ser usadas diretamente com o ORM, usando o padrão conhecido denominado “atualização e exclusão habilitadas para ORM”. Por isso é necessário compreender essas construções feitas no CORE, antes de usá-las com o ORM.

UPDATE

No SQLAlchemy usamos a função update() para gerar uma instância do objeto Update que representa uma instrução UPDATE em SQL, responsável pela atualização de dados em uma tabela.

Assim como ocorre com insert(), existe uma forma padrão de emitir um update() que executa um UPDATE em uma única tabela por vez, sem retornar nenhuma linha. Alguns back-ends, por outro lado, dão suporte a UPDATEs que modificam várias tabelas de uma vez, além de suporte a RETURNING, de permite o retorno das colunas modificadas, como veremos.

from sqlalchemy import update
query = (
    update(aluno)
    .where(aluno.c.nome == "Marcos")
    .values(sobrenome="Abudab")
)
print(query)
↳ UPDATE aluno SET sobrenome=:sobrenome WHERE aluno.nome = :nome_1
# que, após a substituição dos parâmetros se torna
↳ UPDATE aluno SET sobrenome='Abudab' WHERE aluno.nome = 'Marcos'


O método Update.values() define qual será o conteúdo dos elementos SET em uma instrução UPDATE. Os parâmetros podem ser passados como pares chave = valor usando os nomes das colunas como chaves. Por ex., para atualizar o sobrenome de todos os alunos acrescentando “da Silva” fazemos:

query = update(aluno).values(sobrenome = aluno.c.sobrenome + " da Silva")
print(query)
↳ UPDATE aluno SET sobrenome=(aluno.sobrenome || :name_1) (' da Silva',)

Para fazer várias atualizações (no contexto “executemany”) usamos a construção bindparam() pode ser usada para configurar parâmetros vinculados; estes substituem os lugares onde os valores literais normalmente iriam:

from sqlalchemy import bindparam
query = (
    update(aluno)
    .where(aluno.c.nome == bindparam("nomeantigo"))
    .values(nome = bindparam("nomenovo"))
)
with engine.begin() as conn:
    conn.execute( query, 
        [
            {"nomeantigo": "Pedro", "nomenovo": "George"},
            {"nomeantigo": "Anita", "nomenovo": "Anitta"},
            {"nomeantigo": "Aluisio", "nomenovo": "Alonso"},
        ],
    )
[SQL]
UPDATE aluno SET nome=? WHERE aluno.name = ? 
[('Pedro', 'George'), ('Anita', 'Anitta'), ('Aluisio','Alonso')]

Observe que em .where() temos um operador de comparação == enquanto em values() temos uma atribuição, =. Fornecemos uma lista de dicionários com as chaves “nomeantigo” e “nomenovo” para serem substituídos como parâmetros nas três consultas a serem realizadas.

Outras possibilidades de uso de UPDATE

Updates Correlacionados: Uma instrução UPDATE pode usar linhas de outras tabelas obtidas em uma subconsulta. Subconsultas podem ser usada no lugar de qualquer expressão de coluna:

scalar_subq = (
    select(endereco.c.email)
    .where(endereco.c.aluno_id == aluno.c.id)
    .order_by(endereco.c.id)
    .limit(1)
    .scalar_subquery()
)
query = update(aluno).values(sobrenome=scalar_subq)
print(query)

↳ UPDATE aluno SET sobrenome=(SELECT endereco.email FROM endereco
     WHERE endereco.aluno_id = aluno.id ORDER BY endereco.id LIMIT 1)

LIMIT é uma cláusula SQL que especifica o número de linhas que devem ser retornadas no resultado de uma consulta. Nem todos os SGBDS dão suporte a esse recurso.

UPDATE FROM: Alguns bancos de dados, como PostgreSQL e MySQL, aceitam a sintaxe “UPDATE FROM” onde tabelas adicionais podem ser declaradas diretamente em uma cláusula FROM especial. No SQLAlchemy esse tipo de consulta é gerada quando existirem tabelas adicionais na cláusula WHERE da instrução:

query = (
    update(aluno)
    .where(aluno.c.id == endereco.c.aluno_id)
    .where(endereco.c.email == "asilva@gmail.com")
    .values(sobrenome="Silva")
)
print(query)

↳ UPDATE aluno SET sobrenome=:sobrenome FROM endereco
  WHERE aluno.id = endereco.aluno_id AND endereco.email = :email_1

Não se esqueça de que os parâmetros são substituídos na execução da query: :sobrenome -> 'Silva':email_1 -> 'asilva@gmail.com'.

UPDATE múltiplas tabelas: existe no MySQL uma forma específica para atualizar múltiplas tabelas simultaneamente. No SQLAlchemy nos referimos aos objetos Table adicionais dentro das cláusulas values.

query = (
    update(aluno)
    .where(aluno.c.id == endereco.c.aluno_id)
    .where(endereco.c.email == "patrick@aol.com")
    .values(
        {
            aluno.c.sobrenome: "Jones",
            endereco.c.email: "jones@aol.com",
        }
    )
)
from sqlalchemy.dialects import mysql
print(query.compile(dialect=mysql.dialect()))

↳ UPDATE aluno, endereco
  SET endereco.email=%s, aluno.sobrenome=%s
  WHERE aluno.id = endereco.aluno_id AND endereco.email = %s

Updates com parâmetros ordenados: Outra característica que existe apenas no MySQL é que a ordem dos parâmetros fornecidos na cláusula SET de um UPDATE modifica a ordem de execução de cada expressão. Para conseguir isso usamos o método Update.ordered_values() que aceita uma sequência de tuplas que são executadas na ordem em que aparecem na expressão.

query = update(tabela).ordered_values((tabela.c.y, 20), (tabela.c.x, tabela.c.y + 10))
print(query)
↳ UPDATE tabela SET y=:y, x=(tabela.y + :y_1)

O comando faz tabela.y=20 e depois tabela.x=tabela.y + 10 (ou seja, y=20, x =30).

Função delete()

A função delete() retorna uma instância do objeto Delete que contém as instruções de apagamento, traduzidas como um SQL DELETE, que apaga linhas de uma tabela, modificado pela clásula WHERE. Em geral a instrução não retorna linhas, embora seja possível o retorno de dados específicos em algumas variantes de SGBD.

from sqlalchemy import delete
query = delete(aluno).where(aluno.c.nome == "Mauro")
print(query)
↳ DELETE FROM aluno WHERE aluno.nome = 'Mauro'

DELETE em múltiplas tabelas: Assim como ocorre com UPDATE, é possível realizar apagamentos de linhas em várias tabelas, dependendo do dialeto usado. Por exemplo, no MySQL podemos usar:

query = (
    delete(aluno)
    .where(aluno.id == endereco.c.aluno_id)
    .where(endereco.c.email == "mauro@igmail.com")
)
from sqlalchemy.dialects import mysql
print(query.compile(dialect=mysql.dialect()))
↳ DELETE FROM aluno USING aluno, endereco
    WHERE aluno.id = endereco.aluno_id AND endereco.email = %s

Obtendo o número de linhas afetadas por UPDATE e DELETE: Tanto Update quanto Delete permitem o retorno de número de linhas afetadas pelo procedimento. Esse valor é extraído do atributo CursorResult.rowcount quando usamos Core Connection, acessado por meio de Connection.execute().

with engine.begin() as conn:
    result = conn.execute(
        update(aluno)
        .values(sobrenome="Aquino")
        .where(aluno.c.nome == "José")
    )
    print(result.rowcount)

[SQL]
UPDATE aluno SET sobrenome=? WHERE nome = ? ('Aquino', 'José')
# é retornado
↳ 1

CursorResult é uma subclasse de Result que contém outros atributos. Uma instância dessa subclasse é retornada sempre que uma instrução é passada para o método Connection.execute(). Quando se usa ORM o método Session.execute() sempre retorna um objeto CursorResult quando se executa INSERT, UPDATE, ou DELETE.

Sobre o atributo CursorResult.rowcount:

  • seu valor é o número de linhas que satisfazem a cláusula WHERE da instrução, independente do número de linhas efetivamente modificada.
  • esse valor pode não estar disponível para instruções UPDATE ou DELETE que usam RETURNING, ou para casos de execução executemany. Isso depende do módulo DBAPI em uso e das opções configuradas.
  • Existe o atributo CursorResult.supports_sane_multi_rowcount que indica se esse valor estará disponível para o backend em uso. Alguns drivers, especialmente dialetos de terceiros para bancos de dados não relacionais, podem não oferecer suporte a CursorResult.rowcount. A propriedade CursorResult.supports_sane_rowcount indicará isso.
  • rowcount é usado pelo processador do ORM para validar se uma instrução UPDATE ou DELETE correspondeu ao número esperado de linhas afetadas.

Usando RETURNING com UPDATE e DELETE: Assim como Insert, Update e Delete também dão suporte à cláusula RETURNING. Ele é inserido com os métodos Update.returning() e Delete.returning(). Quando o backend do BD aceita RETURNING as colunas selecionadas de todas as linhas que satisfazem o critério WHERE são retornadas no objeto Result como um objeto iterável. Isso significa que as linhas que podem ser percorridas por iteração.

query = (
    update(aluno)
    .where(aluno.c.nome == "Marcos")
    .values(sobrenome="Olímpio")
    .returning(aluno.c.id, aluno.c.nome)
)
print(query)
↳ UPDATE aluno SET sobrenome=:sobrenome
  WHERE aluno.nome = :nome_1
  RETURNING aluno.id, aluno.nome

query = (
    delete(table)
    .where(aluno.c.nome == "Jones")
    .returning(aluno.c.id, aluno.c.nome)
)
print(query)
↳ DELETE FROM aluno WHERE aluno.nome = :nome_1
  RETURNING aluno.id, aluno.nome

Bibliografia

Esse texto é baseado primariamente na documentação do SQLAlchemy, disponível em SQLAlchemy 2, Documentation. Outras referências no artigo Python e SQL: SQLAlchemy.

SQLAlchemy: INSERT e SELECT

Inserindo e selecionando dados

Definimos uma tabela na seção sobre Metadados. Uma vez definidas as tabelas com seus tipos de dados, vínculos e relacionamentos, o próximo passo consiste em realizar operações de inserção, extração, modificação e apagamento de dados.

INSERT

No SQL dados são inseridos nas tabelas com a instrução INSERT. Tanto ao usar CORE ou ORM a instrução INSERT é gerada com função insert(). No CORE usamos insert(tabela).values(valores). O objeto query obtido tem a representação de string mostrada abaixo. Ele possui o método compile() com têm parâmetros como params que armazena os campos e valores associados na consulta.

from sqlalchemy import insert
query = insert(aluno).values(matricula="12345-67890", nome="Marcos", sobrenome="Sobral")
print(query)
↳ INSERT INTO aluno (matricula, nome, sobrenome) VALUES (:matricula, :nome, :sobrenome)

# a query compilada possui propriedades
query_compilada = query.compile()
print(query_compilada.params)
{matricula:"12345-67890", nome:"Marcos", sobrenome:"Sobral"}

# para efetivar a consulta
with engine.connect() as conn:
    result = conn.execute(query)
    conn.commit()

# que gera a consulta
[SQL]
INSERT INTO aluno (matricula, nome, sobrenome) VALUES (?, ?)
    ("12345-67890", "Marcos", "Sobral")

# a chave primária da linha inserida pode ser recuperada
result.inserted_primary_key
↳ (1,)

A chave primária pode ser obtida quando a consulta insere apenas 1 linha. O método inserted_primary_key retorna uma tupla contendo todas as colunas que são chaves primárias (pois podem existir várias pks). Isso significa que uma cláusula RETURNING é inserida automaticamente sempre que o banco de dados subjacente der suporte à essa característica. No entanto é possível retornar outros valores além da chave primária. Isso é feito com o método Insert.returning(). Nesse caso o objeto Result retornado contém linhas que podem ser percorridas e lidas.

insert_query = insert(aluno).returning(aluno.c.matricula, aluno.c.nome, aluno.c.sobrenome)
print(insert_query)

[SQL]
INSERT INTO aluno (matricula, nome, sobrenome)
    VALUES (:matricula, :nome, :sobrenome)
    RETURNING aluno.matricula, aluno.nome, aluno.sobrenome

Para instruções INSERT o recurso RETURNING pode ser usado para instruções de uma única linha ou para múltiplas linhas (desde que tenham suporte no dialeto usado). RETURNING pode também ser usado com as instruções UPDATE e DELETE.

INSERT inclue a cláusula VALUES automaticamente se insert().values() não for usado. Se a consulta for executada com uma lista de valores, uma consulta é feita para cada elemento da lista. Por exemplo:

# se nenhum valor for fornecido
print(insert(aluno))
[SQL]
INSERT INTO aluno (id, matricula, nome, sobrenome, enderecos)
       VALUES (:id, :matricula, :nome, :sobrenome, :enderecos)

# fornecendo os valores
valores = [{matricula:"12345-67890", nome:"Marcos", sobrenome:"Sobral"},{matricula:"54321-12345", nome:"Joana", sobrenome:"Rosa"}]
with engine.connect() as conn:
    result = conn.execute(insert(alunos), valores,)
    conn.commit()

[SQL]
INSERT INTO aluno (id, matricula, nome, sobrenome, enderecos) VALUES (?, ?, ?)
       [("12345-67890", "Marcos", "Sobral"),("54321-12345", "Joana", "Rosa")]

No código acima valores é uma lista de dicionários, cada dicionário com os pares campo: valor. A consulta gerada é exibida, sempre respeitando o dialeto usado para o banco de dados usado. Uma consulta “vazia”, que insere apenas os valores default, pode ser realizada, mostrada abaixo.

# para inserir todos os valores default
insert(alunos).values().compile(engine)
[SQL]
INSERT INTO aluno DEFAULT VALUES

SELECT


A função select() é usada tanto no Core (passado com Connection.execute()) quanto ORM (passado com Session.execute()), resultando no objeto Result que contém as linhas retornadas pela consulta. Para a abordagem com ORM existem muitas outras formas de aplicar SELECT.

Podemos passar argumentos posicionais para a função select() para representar qualquer quantidade de objetos Table ou Column (ou outros objetos compatíveis). A cláusula FROM é inferida a partir desses argumentos.

from sqlalchemy import select

print(select(aluno))
↳ SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno

# alternativamente, podemos escolher as colunas a serem retornadas
print(select(aluno.c["nome", "sobrenome"]))
↳ SELECT aluno.nome, aluno.sobrenome FROM aluno

O modificador WHERE é um método do objeto retornado por select().

from sqlalchemy import select
query = select(aluno).where(aluno.c.nome == "Marcos")
print(query)
↳  SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno
   WHERE aluno.nome = :nome_1

# a consulta pode ser efetivada com connection.execute(query)
# e o resultado percorrido em um loop
with engine.connect() as conn:
    for linha in conn.execute(query):
        print(linha)

[SQL]
SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno
       WHERE user_account.name = ? ('Marcos',)

# uma única linha é retornada
↳ (1, '12345-67890', 'Marco', 'Sobral', '')
O SQLAlchemy adota uma forma de métodos encadeados (method chaining), que é chamada de generativa (generative) na documentação. Essa é uma técnica de orientação a objetos onde um objeto pode ter suas propriedades configuradas através de chamadas sucessivas aos seus métodos. Para isso cada método retorna o objeto modificado ou um novo objeto construído com as novas propriedades. Os métodos podem ser novamente chamados nesse novo objeto.Esse é o caso de objetos Select e Query. Um objeto Select, por exemplo, pode receber chamadas sucessivas aos métodos where() e order_by(). Assumindo tabela possui os campos id, campo1 e campo2:

query = (
        select(tabela.c.campo1)
        .where(tabela.c.id > 5)
        .where(tabela.c.campo2.like("e%"))
        .order_by(tabela.c.campo2)
    )

O método order_by() fornece a campo para ordenamento do resultado da consulta.
ORDER BY: Na linguagem de consulta SQL podemos ordenar as linhas retornadas por meio da cláusula ORDER BY. No SQLAlchemy ORDER BY é inserido com o método Select.order_by() que aceita parâmetros posicionais. Ordenamento crescente ou decrescente é obtido com os modificadores ColumnElement.asc() e ColumnElement.desc(). Por exemplo, consultas básicas no CORE e ORM podem ser obtidas:

print(select(aluno).order_by(aluno.c.name))
↳ SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome FROM aluno ORDER BY aluno.nome
  
# usando classes do ORM
print(select(Aluno).order_by(Aluno.sobrenome.desc()))
↳ SELECT aluno.id, aluno.name, aluno.sobrenome FROM aluno ORDER BY aluno.sobrenome DESC

SELECT com ORM

Na abordagem ORM usamos Session.execute() para efetivar a consulta. Agora o resultado é formado não apenas por linhas de tuplas mas pelas próprias instâncias da classe Aluno.

query = select(Aluno).where(Aluno.nome == "Marcos")
with Session(engine) as session:
    for linha in session.execute(query):
        print(linha)
        
[SQL]
SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno
       FROM aluno WHERE aluno.nome = ? ('Marcos',)

# um único objeto é retornado
↳ (Aluno(id=1, matricula='12345-67890', nome='Marcos', sobrenome='Sobral', enderecos=''),)

A forma como esse objeto é exibido (com print()) é definida no método __repr__ (ou __str__).

Objetos gerados pelo ORM, sejam as classes que criamos como Aluno ou as colunas Aluno.nome são inseridos nas consultas SELECT da mesma forma que as próprias tabelas no CORE, gerando consultas idênticas.

# Lembrando que Aluno é a classe associada à tabela aluno
print(select(Aluno))
↳ SELECT id, matricula, nome, sobrenome, enderecos FROM aluno

Os comandos são executados com Session.execute(). Diferente das consultas com CORE, agora cada linha do resultado é um objeto Row, que são instâncias do objeto Aluno.

row = session.execute(select(Aluno)).first()
[SQL]
SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome, aluno.enderecos FROM aluno

print(row)
(Aluno(id=1, matricula="12345-67890", nome='Marcos', sobrenome='Sobral'),)

# a primeira linha pode ser obtida
row = session.execute(select(Aluno)).first()

# outro método fornecido por conveniência é Session.scalars(), com o mesmo resultado
aluno = session.scalars(select(Aluno)).first()

Na consulta acima row (instância de Row) tem apenas um objeto (que é row[0]).

Para selecionar colunas específicas os atributos coluna da classe table são passados como argumento em select().

print(select(Aluno.matricula, Aluno.nome))
↳ SELECT aluno.matricula, aluno.nome FROM aluno

row = session.execute(select(Aluno.matricula, Aluno.nome)).first()
print(row)
↳ ('12345-67890', 'Marcos')

Essa abordagem pode ser mixta, como mostrado abaixo. Fazemos uma consulta no campo Aluno.nome e na tabela inteira Endereco. No objeto resultado usamos o método where() que restringe quais os endereços serão selecionados por linha. O método all() retorna todos os resultados obtidos na consulta.

session.execute(select(Aluno.nome, Endereco)
       .where(Aluno.id == Endereco.aluno_id)
       .order_by(Aluno.nome)).all()
[SQL]
SELECT aluno.nome, endereco.id, endereco.email, endereco.aluno_id
       FROM aluno, endereco WHERE aluno.id = endereco.aluno_id ORDER BY aluno.nome	

Aliases são úteis em consultas SQL, principalmente quando se deseja citar várias tabelas em uma única consulta ou para simpĺificar a exibição de colunas com nomes longos ou aquelas construídas programaticamente. No SQLAlchemy elas são denominadas labels, inseridas nas consultas com o método ColumnElement.label().

query = select(("Nome do aluno: " + aluno.c.nome).label("Nome"),).order_by(aluno.c.nome)
[SQL]
SELECT "Nome do aluno: " || aluno.nome AS Nome FROM aluno ORDER BY aluno.nome

# o resultado da consulta é
↳ Nome do aluno: Joana
  Nome do aluno: Marcos

Vale lembrar que || é o operador de concatenação no SQLite e AS é opcional no SQLite (e em vários outros BDs), tanto para tabelas quanto para nome das colunas. É comum se usar AS em nomes de campos e ignorá-lo para nomear tabelas.

# são equivalentes:
SELECT aluno.nome, endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id
SELECT a.nome, e.email FROM aluno a JOIN endereco e ON a.id = e.aluno_id

# alias em nomes de campos são úteis em resultados compostos
SELECT a.nome || " " || a.sobrenome AS "Nome do Aluno"  FROM aluno a

O exemplo abaixo ilustra o uso de DESC para a ordenação em ordem descendente e o uso do alias na ordenação.

from sqlalchemy import desc
query = select(Aluno.matricula, Aluno.nome + " " + Aluno.sobrenome.label("nomealuno"))
        .order_by("nomealuno", desc("matricula"))
print(query)
SELECT aluno.matricula, aluno.nome || " " || aluno.sobrenome AS nomealuno
FROM aluno ORDER BY matricula, nomealuno DESC

Cláusula WHERE

Os operadores padrões de comparação do Python são usados para gerar objetos de consulta, e não apenas retornarem valores booleanos. Esses objetos são passados para o método Select.where()

print(aluno.c.nome == "Roberto")
↳ aluno.nome = :nome_1

print(endereco.c.aluno_id > 10)
↳ endereco.c.aluno_id > :aluno_id_1

print(select(aluno).where(aluno.c.nome == "Roberto"))
↳ SELECT aluno.id, aluno.matricula, aluno.nome, aluno.sobrenome, aluno.enderecos
  FROM aluno WHERE aluno.nome = :nome_1

Condições encadeadas com AND são produzidas pelo uso múltiplo de Select.where() ou pelo uso de múltiplas expressões como argumento de where().


# múltiplos where()
print(
     select(endereco.c.email)
     .where(user_table.c.name == "Joana")
     .where(endereco.c.aluno_id == aluno.c.id)
)

# ou, múltiplos argumentos (o que é equivalente)
print(select(endereco.c.email).where(user_table.c.name == "Joana",
      endereco.c.aluno_id == aluno.c.id))

# em ambos os casos o resultado é
[SQL]
↳ SELECT endereco.email FROM endereco, aluno
   WHERE aluno.nome = :nome_1 AND enderco.aluno_id = aluno.id

As junções lógicas AND e OR são obtidas com o uso das funções and_() e or_().

from sqlalchemy import and_, or_
print(select(Endereco.email).where(
    and_(
        or_(Aluno.nome == "Marcos", Aluno.nome == "Joana"),
        Endereco.aluno_id == Aluno.id,)
    )
)
↳ SELECT endereco.email FROM endereco, aluno
  WHERE (aluno.name = :name_1 OR aluno.name = :name_2)
  AND endereco.aluno_id = aluno.id

Observe que, se A, B e C são testes booleanos então and_(or_(A, B),C) é o mesmo que (A OR B) AND C).

Para outras comparações podemos usar filtros Select.filter_by() que recebe argumentos nomeados para testar em valores nas colunas ou nomes de atributos no ORM. O filtro age sobre a última cláusula FROM ou última tabela em Join.

print(select(Aluno).filter_by(nome="Marcos", matricula="12345-67890"))
↳ SELECT aluno.id, aluno.matricula, aluno.nome,  aluno.sobrenome, aluno.enderecos
  FROM aluno WHERE aluno.nome = :nome_1 AND aluno.matricula = :matricula_1

Vimos que a tabela default de onde os campos serão pesquisados com SELECT é inferida pelo código da pesquisa. Para usar mais de uma tabela temos que listar cada uma como argumentos, separados por vírgula.

# consulta em uma única tabela	
print(select(aluno.c.name))
↳ SELECT aluno.nome FROM aluno

# consulta em mais de uma tabela	
print(select(aluno.c.nome, endereco.c.email))
↳ SELECT aluno.nome, endereco.email FROM aluno, endereco

Para juntar (com JOIN) as tabelas usamos um dos dois métodos: Select.join_from(), que permite indicar o lado esquerdo e direito da junção explicitamente, e Select.join() que apenas define o lado direito (sendo o esquerdo inferido). Com Select.select_from() podemos explictar a tabela que queremos na cláusula FROM.

# usando .join_from()
print(select(aluno.c.nome, endereco.c.email).join_from(aluno, endereco))
↳ SELECT aluno.nome, endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id

# usando .join()
print(select(aluno.c.nome, endereco.c.email).join(endereco))
↳ SELECT aluno.nome, enderco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id

# usando .select_from()
print(select(endereco.c.email).select_from(aluno).join(endereco))
↳ SELECT endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id

Gerando cláusula ON: Nos exemplos anteriores vimosque a clásula ON foi inserida automaticamente. Isso ocorreu porque existe um relacionamento entre as tabelas aluno e endereco por meio de uma foreignkey. Se não exitir um vínculo desse tipo, ou se existirem vínculos entre várias tabelas a cláusula ON pode ser especificada explicitamente em ambas as funções Select.join() e Select.join_from().

print(
     select(endereco.c.email)
     .select_from(aluno)
     .join(endereco, aluno.c.id == endereco.c.aluno_id)
)
↳ SELECT endereco.email FROM aluno JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id

LEFT OUTER JOIN, FULL OUTER JOIN: os dois métodos também admitem a especificação que leva à construção de LEFT OUTER JOIN e FULL OUTER JOIN. Isso é feito com Select.join.isouter e Select.join.full.

print(select(aluno).join(endereco, isouter=True))
↳ SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome 
  FROM aluno LEFT OUTER JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id

print(select(user_table).join(address_table, full=True))
↳ SELECT aluno.id, aluno.nome, aluno.sobrenome 
  FROM aluno FULL OUTER JOIN endereco ON aluno.id = endereco.aluno_id

Obs.: Existe o método Select.outerjoin() equivalente ao uso de .join(..., isouter=True).
SQLAlchemy não dá suporte à RIGHT OUTER JOIN. Para conseguir o mesmo efeito inverta a ordem das tabelas e use LEFT OUTER JOIN.

Bibliografia

Esse texto é baseado primariamente na documentação do SQLAlchemy, disponível em SQLAlchemy 2, Documentation. Outras referências no artigo Python e SQL: SQLAlchemy.

SQLAlchemy – ORM (Exemplo de Uso)


SQLAlchemy ORM

O SQLAlchemy Object Relational Mapper fornece métodos de associação de classes Python definidas pelo usuário com tabelas de banco de dados e instâncias dessas classes (objetos) com linhas em suas tabelas correspondentes, tipos de dados, vínculos e relacionamentos. Ele sincroniza de forma transparente todas as mudanças de estado entre objetos e suas linhas relacionadas, e inclui uma forma de expressação de consultas ao banco de dados como manipulações das classes do Python.

O ORM está construído sobre a SQLAlchemy Expression Language (CORE) mas enfatizando muito mais o modelo definido pelo usuário, garantindo a sincronia entre as duas camadas. Um aplicativo pode ser construído com o uso exclusivo do ORM, embora existam situções em que a Expression Language pode ser usada para fazer interações específicas com o banco de dados.

CREATE TABLE: Para ilustrar a criação de tabelas, inserção de dados, alteração e apagamento de valores listamos aqui o código do python. Outputs de código são precedidos pelo sinal e os comandos SQL emitidos internamente em quadros iniciados por [SQL].

A classe DeclarativeBase é a base de todas as classes que geram as classes do Python mapeadas em tabelas do banco de dados. Os tipos de cada coluna são informados com anotações com tipos tratados por Mapped[type], onde type é
int (INTEGER), str (VARCHAR), etc. Campos que podem ser nulos são declarados com o modificador Optional[type] (caso contrário o campo é NOT NULL).

A função mapped_column informa tipos e todos os demais atributos da coluna, como a informação de que ela é uma chave estrangeira. A função relationship() estabelece relacionamentos entre classes (portanto entre campos das tabelas). O método de classe __repr__() não é obrigatório mas pode ser útil para debugging. O parâmetro echo=True faz com que o comando SQL subjacente seja exibido no console.

from typing import Optional
from sqlalchemy import create_engine, ForeignKey, String
from sqlalchemy.orm import DeclarativeBase, Mapped, mapped_column, relationship

engine = create_engine('sqlite:///contatos.db' , echo=True)

class Base(DeclarativeBase):
    pass

class Pessoa(Base):
    __tablename__ = "pessoas"

    id: Mapped[int] = mapped_column(primary_key=True)
    nome: Mapped[str] = mapped_column(String(30))
    sobrenome: Mapped[Optional[str]]
  
    enderecos: Mapped[list["Endereco"]] = relationship(back_populates="pessoa",
               cascade="all, delete-orphan")
    def __repr__(self) -> str:
        return f"Pessoa (id = {self.id!r}, nome={self.nome!r}, sobrenome={self.sobrenome!r})"

class Endereco(Base):
    __tablename__ = "enderecos"

    id: Mapped[int] = mapped_column(primary_key=True)
    pessoa_id: Mapped[int] = mapped_column(ForeignKey("pessoas.id"))

    email: Mapped[Optional[str]]
    endereco: Mapped[Optional[str]]
    pessoa: Mapped["Pessoa"] = relationship(back_populates="enderecos")

    def __repr__(self) -> str:
        return f"Endereco: (id = {self.id!r}, email = {self.email!r})"

Base.metadata.create_all(engine)

O comando Base.metadata.create_all(engine) cria um banco de dados e tabelas, se elas não existirem previamente. Os seguintes comandos são gerados.

[SQL]
CREATE TABLE pessoas (
	id INTEGER NOT NULL, 
	nome VARCHAR(30) NOT NULL, 
	sobrenome VARCHAR, 
	PRIMARY KEY (id)
)
CREATE TABLE enderecos (
	id INTEGER NOT NULL, 
	pessoa_id INTEGER NOT NULL, 
	email VARCHAR, 
	endereco VARCHAR, 
	PRIMARY KEY (id), 
	FOREIGN KEY(pessoa_id) REFERENCES pessoas (id)
)

Essa estrutura é denominada Mapeamento Declarativo (Declarative Mapping), responsável pela definição das classes Python e das tabelas, campos e relacionamentos que ficam armazenados em um objeto MetaData (embora esse não seja mencionado explicitamente no código). Temos, como resultado, a criação das tabelas e campos:

pessoas
id
nome
sobrenome
enderecos
id
pessoa_id
email
endereco

INSERT: Para inserirmos valores nas tabelas instanciamos objetos das classes Pessoa e Endereco (que são atribuidos ao campo Pessoa.enderecos). Criamos um objeto session = Session(engine) (dentro de um gerenciador de contexto width) e depois acrescentamos os objetos à sessão com session.add_all([lista_de_objetos]). Nenhuma alteração é gravada no banco de dados até a emissão de session.commit().

galileu = Pessoa(nome="Galileu", sobrenome="Galilei")
paulo = Pessoa(
    nome="Paul",
    sobrenome="Adrian Dirac",
    enderecos=[Endereco(email="pamdirac@hotmail.com")],
)
alberto = Pessoa(
    nome="Albert",
    sobrenome="Einstein",
    enderecos=[Endereco(email="albert@tre.org")],
)
ricardo = Pessoa(
    nome="Richerd",
    sobrenome="Feynman",
    enderecos=[
        Endereco(email="feynman@caltech.edu", endereco="R. Bahia, 2311"),
        Endereco(email="richar@google.com"),
    ],
)

width Session(engine) as session:
    session.add_all([paulo, alberto, ricardo, galileu])
    session.commit()

O nome Richerd foi digitado com erro propositalmente. As consultas são emitidas:

[SQL]
INSERT INTO pessoas (nome, sobrenome) VALUES (?, ?), (?, ?), (?, ?), (?, ?)
    ('Paul', 'Adrian Dirac', 'Albert', 'Einstein', 'Richerd', 'Feynman', 'Galileu', 'Galilei')

INSERT INTO enderecos (pessoa_id, email, endereco) VALUES (?, ?, ?), (?, ?, ?), (?, ?, ?), (?, ?, ?)
(5, 'pamdirac@hotmail.com', None, 6, 'albert@tre.org', None, 7, 'feynman@caltech.edu', 'R. Bahia, 2311', 7, 'richar@google.com', None)

Como resultado temos as tabelas com os seguintes valores:

id nome sobrenome
1 Paul Adrian Dirac
2 Albert Einstein
3 Richerd Feynman
4 Galileu Galilei
id pessoa_id email endereco
1 1 pamdirac@hotmail.com NULL
2 2 albert@tre.org NULL
3 3 feynman@caltech.edu R. Bahia, 2311
4 3 richar@google.com NULL

SELECT: Consultas podem ser feitas com a classe select. Uma query tem a sintaxe básica query = select(Classe_tabela).where(condicao_na_classe). o resultado é um iterável:

from sqlalchemy import select

session = Session(engine)
query = select(Pessoa).where(Pessoa.nome.in_(["Galileu", "Paul"]))

for p in session.scalars(query):
    print(p)
↳   Pessoa (id = 1, nome='Paul', sobrenome='Adrian Dirac')
    Pessoa (id = 4, nome='Galileu', sobrenome='Galilei')    

A consulta equivalente é:

[SQL]
SELECT pessoas.id, pessoas.nome, pessoas.sobrenome FROM pessoas
    WHERE pessoas.nome IN (?, ?) ('Galileu', 'Paul')

Uma consulta SELECT * pode ser feita diretamente por id:

print(session.get(Pessoa, 4))
↳ Pessoa (id = 4, nome='Galileu', sobrenome='Galilei')
print(session.get(Pessoa, 1).sobrenome)
↳ Adrian Dirac

JOIN: Para realizar consulta com relacionamentos usamos join.

query = (select(Endereco)
    .join(Endereco.pessoa)
    .where(Pessoa.nome == "Richard")
    .where(Endereco.email == "richar@google.com")
)
result = session.scalars(query).one()

print(result)
↳ Endereco: (id = 4, email = 'richar@google.com')
[SQL]
SELECT enderecos.id, enderecos.pessoa_id, enderecos.email, enderecos.endereco 
    FROM enderecos JOIN pessoas ON pessoas.id = enderecos.pessoa_id 
    WHERE pessoas.nome = ? AND enderecos.email = ? ('Richard', 'richar@google.com')

O resultado de print acima decorre da forma como definimos o método __repr__. Qualquer propriedade do objeto pode ser obtida, por exemplo com print(result.id). Em particular result.pessoa é o objeto pessoa associado a esse endereço e print(result.pessoa.nome) imprime o nome “Richard”.

UPDATE: Para alterar um campo de um registro recuperamos o objeto correpondente ao registro e alteramos a propriedade desejada. A alteração só é gravada no BD com session.commit(), quando é emitido e executado o UPDATE.

rick = session.execute(select(Pessoa).filter_by(nome="Richerd")).scalar_one()
print(rick)
↳ Pessoa (id = 3, nome='Richerd', sobrenome='Feynman')

rick.nome = "Richard"
print(rick in session.dirty)
↳ True

# para verificar a alteração (na classe)
rick_nome = session.execute(select(Pessoa.nome).where(Pessoa.id == 3)).scalar_one()
print(rick_nome)
↳ Richard

print(rick in session.dirty)
↳ False

session.commit()

O modificador scalar_one() só pode ser usado quando a consulta retorna apenas uma linha (um objeto). Caso contrário uma exceção é lançada. Após a alteração o objeto fica na coleção Session.dirty até que um commit seja emitido. No caso acima o commit foi implícito, ocorrido quando a query SELECT foi executada.
A consulta resulta em:

[SQL]
SELECT pessoas.id, pessoas.nome, pessoas.sobrenome FROM pessoas 
    WHERE pessoas.nome = ? ('Richerd',)
# depois
UPDATE pessoas SET nome=? WHERE pessoas.id = ? ('Richard', 3)

Uma alteração em um campo exige a recuperação desse objeto seguida da alteração propriamente dita depois a gravação no BD.

query = select(Pessoa).where(Pessoa.id == 3)
p = session.scalars(query).one()
p.sobrenome = "Dawkings"
print(p)
↳ Pessoa (id = 3, nome='Richard', sobrenome='Dawkings')

# para gravar no BD
session.commit()

As consultas são emitidas:

[SQL]
SELECT pessoas.id, pessoas.nome, pessoas.sobrenome  FROM pessoas 
    WHERE pessoas.id = ? (3,)

UPDATE pessoas SET sobrenome=? WHERE pessoas.id = ? ('Dawkings', 3)

DELETE: para uma operação de apagamento de uma linha de tabela recuperamos essa linha (em um objeto) e a apagamos com session.delete(objeto).

p = session.get(Pessoa, 1)
print(p)
↳ Pessoa (id = 1, nome='Paul', sobrenome='Adrian Dirac')

session.delete(p)
session.commit()

Os seguintes comandos SQL são gerados:

[SQL]
SELECT pessoas.id AS pessoas_id, pessoas.nome AS pessoas_nome, pessoas.sobrenome AS pessoas_sobrenome 
   FROM pessoas WHERE pessoas.id = ? (1,)

DELETE FROM enderecos WHERE enderecos.id = ? (1,)
DELETE FROM pessoas WHERE pessoas.id = ? (1,)

Devido aos vínculos estabelecidos na definição da tabela (e, portanto, também da classe) enderecos, relationship(back_populates="pessoa", cascade="all, delete-orphan") ao ser apagada a linha da pessoa de id = 1 as linhas vinculadas da tabela enderecos também são apagadas.

Python e SQL: SQLAlchemy

SQL e SQLAlchemy

Nesse site: Linguagem de Consulta SQL,
Um projeto Python: SQLite.Essas notas e o código listado estão baseados na versão 2.0 do SQLAlchemy que é a versão lançada em 26 de janeiro de 2023. Um documento de migração, para quem está habituado com versões anteriores, está disponível em SQLAlchemy 2.0 – Major Migration Guide.

SQL é uma linguagem de consulta a bancos de dados relacionais universalmente usada para aplicativos em desktop ou na web. Existem muitas bibliotecas de integração desses bancos com o Python, inclusive o sqlite3 que vem instalado na biblioteca padrão, já descrito aqui em linhas básicas. Uma biblioteca Python poderosa e flexível muito usada é a SQLAlchemy, criada por Mike Bayer em 2005, de código aberto e disponibilizado sob licença MIT. Com ela se pode fazer consultas tradicionais, usando as queries padrões do SQL, mas também utilizar ferramentas que abstraem essas consultas associando as tabelas de banco de dados com classes. Ela pode ser usada para fazer a conexão com os bancos de dados mais comuns, como o Postgres, MySQL, SQLite, Oracle, entre outros.

Com o SQLAlchemy podemos abstrair do código específico do banco de dados subjacente. Com instruções comuns para todos os bancos ele facilita a migração de um banco para outro, sem maiores dificuldades. Além disso ele cuida de problemas de segurança comuns, tais como ataques de injeção de SQL. O SQLAlchemy é bastante flexível e permite duas formas principais de uso: o SQL Expression Language (referido como Core) e Object Relational Mapping (ORM), que podem ser usados separadamente ou juntos, dependendo das necessidades do aplicativo.

SQLAlchemy Core e ORM

SQL Expression Language (CORE): é uma forma de representar instruções e expressões SQL comuns de modo pitônico, uma abstração das consultas SQL sem se afastar muito delas. Ela é uma interface bem próxima das bancos de dados mas padronizado para ser consistente com muitos desses bancos. Além disso ela fundamenta o SQLAlchemy ORM.

SQLAlchemy ORM: é um mapeador relacional de objeto (ORM, Object Relational Mapper) que fornece uma abstração de alto nível sobre a SQL Expression Language. Ele utiliza um sistema declarativo semelhante aos utilizados em outros ORMs como, por exemplo, o do Ruby on Rails.

Diferente da maioria das outras ferramentas SQL/ORM, o SQLAlchemy não tenta ocultar os detalhes do mecanismo de SQL, deixando expostos e sob controle do programador todos os processos envolvidos. Ele estabelece uma associação entre o banco de dados e classes, geralmente atribuindo uma classe a cada tabela e cada instância dessa classe com linhas da tabela.

Instalando o SQLAlchemy

Um ambiente virtual é recomendado (embora não obrigatório).

# criamos um ambiente virtual com o comando
$ python3 -m venv ~/Projetos/.venv
# para ativar o ambiente virtual
$ cd ~/Projetos/.venv
$ source bin/activate

# instalamos o sqlalchemy (última versão publicada)
$ pip install sqlalchemy

# para a distribuição Anaconda do Python
$ conda install -c anaconda sqlalchemy

# criamos uma pasta para o sqlalchemy
$ mkdir ~/Projetos/.venv/sqlalchemy
$ cd ~/Projetos/.venv/sqlalchemy

# para verificar a versão instalada iniciamos o python e carregamos o sqlalchemy
$ python
>>> import sqlalchemy
>>> sqlalchemy.__version__
'2.0.0rc3'

O sqlalchemy consegue se conectar com banco de dados sqlite sem a necessidade de nenhum drive adicional. Para o PostgreSQL podemos usar o psycopg2, instalado com pip install psycopg2. Para o MySQl uma boa opção é o PyMySQL (pip install pymysql). Para nosso processo de aprendizado usaremos o SQLite.

A engine do SQLAlchemy

Para estabelecer contato com o banco de dados criamos uma instância do objeto da classe engine com create_engine que usa uma string de conexão (connection string), uma string com formato próprio para fornecer o tipo do banco, detalhes de autenticação (usuário e senha), localização do banco (servidor ou arquivo), e a DBAPI usada.

A DBAPI (Python Database API Specification) do Python é um driver usado pelo SQLAlchemy para interagir com o banco de dados escolhido. Por exemplo, nos nossos exemplos estamos usando sqlite3, da biblioteca padrão.

A DBAPI é uma API de baixo nível usado pelo Python para conectar ao banco de dados. O sistema de dialetos do SQLAlchemy é construído pela DBAPI que fornece classes específicas para lidar com o mecanismo de BD usado, como POSTGRES, MYSQL, SQLite, etc.

Por exemplo, para uma conexão com um arquivo meu_banco.db do SQLite usamos:

from sqlalchemy import create_engine

# abaixo alguns exemplos de strings de conexão
engine1 = create_engine("sqlite:///meu_banco.db")
engine2 = create_engine("sqlite:////home/projeto/db/meu_banco.db")
engine3 = create_engine("sqlite:///:memory:")
# no windows
engine4 = create_engine("sqlite:///c:\\Users\\projeto\\db\\meu_banco.db")

# para efetivar a conexão
connection = engine1.connect()

# para ativar um serviço de log usamos echo=True
engine1 = create_engine("sqlite:///meu_banco.db", echo=True)

No caso 1 o arquivo está na pasta default, no 2 o caminho completo é informado. A conexão em engine3 cria um banco na memória (sem ser gravado em disco), o que é útil para aprendizado e experimentação. Em 4 se mostra a sintaxe de pastas para o Windows. A função create_engine retorna uma instância da engine mas não estabelece a conexão, o que é chamado de lazy connection. Essa conexão só é efetivada quando, pela primeira vez, alguma ação é executada no banco. Se o arquivo meu_banco.db não existe ele é criado com esse processo.

O ajuste do parâmetro opcional echo = True faz com que todas as operações feitas no banco sejam também exibidas no console com a sintaxe do SQL. Nessas notas exibiremos os comandos mostrados nesse log com a marcação [SQL].

Conexão

O SQLAlchemy Core usa uma linguagem de expressão (SQLAlchemy Expression Language) como forma de interagir com o código Python. Uma forma de enviar comandos SQL literais consiste no uso da função text(), útil no aprendizado e experimentação mas não muito usado na prática em projetos. Para efetivar a conexão usamos o método engine.connect(). No código abaixo o banco meu_banco.db será criado na pasta do projeto, se já não existir. O objeto engine é o elemento básico no relacionamento com o BD, basicamento feito através de sua função connect():

from sqlalchemy import create_engine, text
engine = create_engine("sqlite:///meu_banco.db")

with engine.connect() as conn:
    conn.execute(text("CREATE TABLE IF NOT EXISTS coordenadas (x int, y int)"))
    conn.execute(
        text("INSERT INTO coordenadas (x, y) VALUES (:x, :y)"),
        [{"x": 1, "y": 1}, {"x": 2, "y": 4}, {"x": 3, "y": 9}],
    )
    result = conn.execute(text("SELECT * FROM coordenadas"))
    print(result.all())

    # nenhuma alteração foi feito no banco de dados. Alterações são feitas com
    conn.commit()
    # agora o INSERT foi efetivado no BD

# o print acima exibe    
↳ [(1, 1), (2, 4), (3, 9)]

O objeto result é um iterador que fica esgotado após a operação print(result.all()). Se quisermos utilizar esse resultado posteriormente temos que refazer a consulta ou armazenar os valores. O gerenciador de contexto with garante que a conexão (atribuída à variável conn) é criada e fechada após a operação, o que garante que os recursos usados são liberados. Podemos percorrer result em um loop:

with engine.connect() as conn:
    result = conn.execute(text("SELECT x, y FROM coordenadas"))
    for linha in result:
        print(f"x = {linha.x}  y = {linha.y}")
        # ou  print(f"x = {linha[0]}  y = {linha[1]}")
        
# output
↳ x = 1  y = 1
  x = 2  y = 4
  x = 3  y = 9

Result possui vários métodos de busca e transformações de linhas. Um deles é result.all() visto acima, que retorna uma lista de todos os objetos Row. Ele age como um iterador do Python. Cada linha é um objeto row representado por uma tupla (e agindo como tuplas nomeadas). Para recuperar esses valores podemos usar fazer uma atribuição de tuplas, usar índices ou usar os nomes das tuplas nomeadas.

# feita a consulta
result = conn.execute(text("SELECT x, y FROM coordenadas"))

# qualquer um dos métodos pode ser usado:
# atribuição de tuplas
for x, y in result:
    print(x, y)

# uso de índices
for row in result:
    print(row[0], row[1])
    
# tuplas nomeadas
for row in result:
    print(row.x, row.y)

Também podemos usar as linhas recebidas mapeando o resultado em dicionários com o modificador Result.mappings():

result = conn.execute(text("SELECT x, y FROM coordenadas"))
for dict_row in result.mappings():
    x = dict_row["x"]
    y = dict_row["y"]
    ...

Passando parâmetros

O método Connection.execute() aceita parâmetros que modificam a consulta feita. Por exemplo, para fazer uma consulta SELECT, atendendo a alguns critérios, inserimos o modificador WHERE à instrução.

with engine.connect() as conn:
    query = text("SELECT x, y FROM coordenadas WHERE y > :y")
    result = conn.execute(query, {"y": 2})
    for row in result:
        print(f"x = {row.x}  y = {row.y}")
[SQL]
SELECT x, y FROM coordenadas WHERE y > 2        
# resulta em
↳ x = 2  y = 4
  x = 3  y = 9

O valor do parâmetro em :y é lido no dicionário, resultando em WHERE y > 2. Essa técnica é chamada de “estilo de parâmetro qmark” e deve sempre ser usada para evitar ataques de injeção SQL no aplicativo.

Múltiplos parâmetros podem ser passados. Podemos enviar vários parâmetros para o método Connection.execute() por meio de uma lista de dicionários (no estilo conhecido como executemany). Isso já foi feito na nossa primeira operação de inserção.

# vamos apagar todas as linhas da tabela
with engine.connect() as conn:
    result = conn.execute("DELETE FROM coordenadas")
    conn.commit()

# agora vamos inserir várias linhas de uma vez
with engine.connect() as conn:
    query = text("INSERT INTO coordenadas (x, y) VALUES (:x, :y)")
    values = [{"x": 11, "y": 12}, {"x": 13, "y": 14}, {"x": 15, "y": 16}]
    conn.execute(query, values,)
    conn.commit()
# o BD agora contém a tabela mostrada na figura.


No código acima, values é uma lista de dicionários e a operação de INSERT é feita uma vez para cada item da lista.

Metadata, Table e Column

Nos bancos de dados relacionais os objetos mais básicos são as tabelas que são, por sua vez, constituídas por colunas e linhas, cada uma delas com seu correspondente objeto do Python via SQLAchemy.

Classe MetaData: O SQLAlchemy mantém um objeto chamado MetaData que armazena toda a informação sobre as tabelas usadas, as colunas, vínculos e relacionamentos. A sintaxe de criação de um objeto MetaData é a seguinte:

from sqlalchemy import MetaData
metadata_objeto = MetaData()

É comum que um único objeto MetaData sirva para armazenar todas as tabelas de um aplicativo, geralmente como uma variável de nível de módulo. Pode ocorrer, embora seja menos comum, que existam vários objetos MetaData. Mesmo assim as tabelas continuam podendo se relacionar entre elas.

Table e Column: Objetos Table são inicializados em um objeto MetaData através do construtor de tabelas onde o nome é fornecido. Argumentos adicionais são considerados objetos de coluna. Objetos Column representam cada campo na tabela. A sintaxe de definição de uma tabela é variavel = Table("nome_tabela", metadata, Columns ...).

from sqlalchemy import Table, Column, Integer, Numeric, String

# tabela alunos
alunos = Table("alunos", metadata,
    Column("id", Integer(), primary_key=True), 
    Column("matricula", String(50), nullable=False, unique=True),
    Column("nome", String(50), index=True, nullable=False),
    Column("sobrenome", String(50)),
    Column("idade", Integer()),
    Column("curso", String(50)),
    Column("nota_final", Numeric(2, 2)),
    Column("nascimento", DateTime()), 
    Column("atualizado", DateTime(), default=datetime.now, onupdate=datetime.now)
)

# tabela notas
notas = Table("notas", metadata,
    Column("id", Integer(), primary_key=True), 
    Column("id_aluno", ForeignKey("aluno.id"), nullable=False),
    Column("nota", Numeric(2, 2)),
    Column("data_prova", DateTime())
)

# as chaves primárias podem ser visualizadas
print(alunos.primary_key)
# resulta em:
PrimaryKeyConstraint(Column('id', Integer(), table=, primary_key=True, nullable=False))

# as tabelas são criadas no BD com
engine = create_engine('sqlite:///meu_banco.db')
metadata.create_all(engine)

O campo id é uma chave primária, nome é um índice, usado para agilizar consultas. O construtor de table usa vários construtores de colunas, cada um com seu nome e definição. O campo matricula não pode ser nulo nem repetido (nullable=False, unique=True). O campo atualizado é um campo de datas com default (now), e é atualizado automaticamente toda vez que o registro é alterado. Os parênteses no import servem para quebrar a linha sem a necessidade de uso da barra invertida, \.

Quando uma coluna é definida como ForeignKey dentro da definição da tabela, como foi feito acima, o tipo de dado pode ser omitido pois é automaticamente ajustado de acordo com a coluna a que se refere. No caso acima id_aluno tem o mesmo tipo que aluno.id, que é um inteiro.

Chaves e vínculos: (Keys, Constraints) são formas de forçar algum critério sobre os dados e seus relacionamentos. Chaves primárias (primary keys ou “PK”) são identificadores únicos e nunca nulos usados em relacionamentos. Vimos que escolhemos um campo como chave primária usando primary_key=True. Vários campos podem ser usados em chaves compostas. Nesse caso a chave será usada como uma tupla contendo os vários campos. O vínculo UniqueConstraint (informado com unique=True) é a exigência de que um valor não pode ser duplicado no campo. Além desses temos o CheckConstraint que estabelece que os dados satisfaçam regras definidas pelo programador. Todos esses campos podem ser definidos em linhas próprias, depois das definições das colunas, como mostrado abaixo:

from sqlalchemy import PrimaryKeyConstraint, UniqueConstraint, CheckConstraint

PrimaryKeyConstraint("id", name="aluno_pk")
UniqueConstraint("matricula", name="aluno_matricula")
CheckConstraint("nota_final >= 0.00", name="aluno_nota")

Índices: são usados para agilizar buscas de valores em um campo e devem ser aplicados a campos que servem para buscas em uma tabela. Além da criação com index=True usado na tabela alunos podemos criar o índice explicitamente com

from sqlalchemy import Index
Index("ix_alunos_nome", "alunos_nome")

Mais de uma coluna podem ser usadas como índice.

Relacionamentos, chaves estrangeiras: O próximo passo é o estabelecimento de relacionamentos. Por ex., a tabela notas tem cada registro (linhas da tabela) vinculado à um aluno. Essa associação permite uma relação um-para-muitos, no nosso caso com a possibilidade de registrar várias notas para cada aluno. Isso é feito com a seguinte alteração na tabela notas para incluir uma chave estrangeira (forein key):

from sqlalchemy import ForeignKey
notas = Table("notas", metadata,
    Column("id", Integer(), primary_key=True),
    Column("id_aluno",  ForeignKey("alunos.id")),
    ...
)
# as outras colunas ficam inalteradas
# alternativamente podemos definir a chave em uma linha posterior à definição

from sqlalchemy import ForeignKeyConstraint
ForeignKeyConstraint(["id_aluno"], ["alunos.id"])

Claro que as tabelas podem ter várias chaves estrangeiras. Após todas as definições as alterações podem ser executadas e tornadas permanentes com create_all.

from sqlalchemy import MetaData
metadata_objeto = MetaData()

# ... definições de tabelas

metadata_objeto.create_all(engine)

Por default create_all() não recria tabelas que já existem. Podemos, portanto, executar o comando várias vezes.

Resumindo: O objeto MetaData armazena uma coleção de objetos Table que, por sua vez, armazena objetos Column e Constraint. Essa estrutura de objetos é a base da maioria das operações do SQLAlchemy, tanto Core quanto ORM.

Executando o código: Juntando as partes, colocamos todos os comando em um arquivo sqlal.py e o executamos com python sqlal.py.

from datetime import datetime
from sqlalchemy import (MetaData, Table, Column, Integer, Numeric, String,
                        DateTime, ForeignKey, create_engine)
metadata = MetaData()

# tabela alunos
alunos = Table("alunos", metadata,
    Column("id", Integer(), primary_key=True), 
    Column("matricula", String(50), nullable=False, unique=True),
    Column("nome", String(50), index=True, nullable=False),
    Column("sobrenome", String(50)),
    Column("idade", Integer()),
    Column("curso", String(50)),
    Column("nota_final", Numeric(2, 2)),
    Column("nascimento", DateTime()), 
    Column("atualizado", DateTime(), default=datetime.now, onupdate=datetime.now)
)

# tabela notas
notas = Table("notas", metadata,
    Column("id", Integer(), primary_key=True),
    Column("id_aluno",  ForeignKey("alunos.id")),
    Column("nota", Numeric(2, 2)),
    Column("data_prova", DateTime())
)

engine = create_engine("sqlite:///meu_banco.db", echo=True)
metadata.create_all(engine)

Podemos notar que a construção de um objeto Table tem semelhança com o processo de declarar um comando SQL CREATE TABLE. Foram usados os objetos: Table que representa uma tabela no banco de dados e fica armazenado em uma coleção MetaData; Column que representa uma coluna de uma tabela. A declaração de colunas incluem seu nome, e o tipo de objeto. A coleção de objetos coluna pode ser acessada por meio de um array associativo em Table.c.

alunos.c.nome
↳ Column('nome', String(length=50), table=)

alunos.c.keys()
↳ ['id', 'id_aluno', 'nome', 'data_prova']

Após a execução desse código temos as tabelas ilustradas na figura abaixo, inclusive o relacionamento de notas.id_alunos como foreign key ligado ao campo alunos.id.

Inserção de dados

Após a definição das tabelas, colunas e relacionamentos podemos inserir dados.

# inserção de dados
query = alunos.insert().values(
    matricula = "943.232-90",
    nome = "Arduino",
    sobrenome = "Bolivar",
    idade = "17",
    curso = "Eletrônica",
    nota_final = 17.20,
    nascimento = ""
)

print(str(query))

# o seguinte output é obtido:

↳ INSERT INTO alunos
      (matricula, nome, sobrenome, idade, curso, nota_final, nascimento, atualizado)
  VALUES
      (:matricula, :nome, :sobrenome, :idade, :curso, :nota_final, :nascimento, :atualizado)

print(query.compile().params)    
# o seguinte output é obtido:
↳     {"matricula": "943.232-90",
       "nome": "Arduino",
       "sobrenome": "Bolivar",
       "idade": "17",
       "curso": "Eletrônica",
       "nota_final": 17.2,
       "nascimento": "21/01/2023",
       "atualizado": None}    

Note que :nome_campo é a forma usado pelo SQLAlchemy para a representação de string dos valores dos campos em str(query). Internamente os dados são tratados por questões de segurança, como um ataque de injeção SQL. Os valores a serem inseridos podem ser visualizados com query.compile().params. Note que, nas consultas de inserção, não fornecemos valores para os campos de inserção automática, id e atualizado.

De modo similar podemos usar os demais métodos como update(), delete() e select() para gerar consultas UPDATE, DELETE e SELECT respectivamente. Finalmente podemos garantir a persistência dos dados gravando no BD esses valores.

resultado = connection.execute(query)
print(resultado.inserted_primary_key)
↳ (1,0)

O útimo comando imprime o id da linha gravada.

Reflexão de tabelas


Além das consultas de criação de tabelas precisamos usar bancos de dados com tabelas já criadas, com suas colunas e relacionamentos estabelecidos. O SQLAlchemy consegue isso com as chamadas reflexões de tabelas (table reflections), o processo de gerar objetos Table (o seus componentes) lendo o estado de um banco de dados já construído.

Veremos uma breve apresentação dessa operação, para ser mais explorada em outra seção. Como exemplo desse processo vamos usar a tabela alunos definida anteriormente. A forma mais básica de se fazer isso é construindo um objeto Table fornecendo o nome da tabela e o objeto Metadata que a contém.

from sqlalchemy import (MetaData, Table, Column, Integer, Numeric, String,
                        DateTime, ForeignKey, create_engine)
metadata = MetaData()
engine = create_engine('sqlite:///meu_banco.db')

tbl_alunos = Table("alunos", metadata, autoload_with=engine)

print(tbl_alunos.c.keys())
↳ ['id', 'matricula', 'nome', 'sobrenome', 'idade', 'curso', 'nota_final', 'nascimento', 'atualizado']

Também podemos importar para as nossas classes mais de uma tabela de cada vez.

engine = create_engine('sqlite:///meu_banco.db')
metadata = MetaData()
metadata.reflect(bind=engine)
tbl_alunos = metadata.tables["alunos"]
tbl_notas = metadata.tables["notas"]

print("Alunos:", tbl_alunos.c.keys())
print("Notas:", tbl_notas.c.keys())

↳ Alunos: ['id', 'matricula', 'nome', 'sobrenome', 'idade', 'curso', 'nota_final', 'nascimento', 'atualizado']
↳ Notas: ['id', 'id_aluno', 'nota', 'data_prova']

Uma vez importada a tabela podemos extrair dela todas os dados, bem como realizar as alterações usuais de inserção e apagamento.

Tabelas e tipos de dados

O SQLAlchemy define diversos tipos de dados destinados a abstrair os tipos usados nos bancos SQL. Um exemplo disso é tipo genérico booleano que geralmente usa o tipo SQL BOOLEANO (True ou False no Python). No entanto ele possui também o SMALLINT para BDs que não suportam BOOLEANOs. Essa adaptação é automática e o desenvolvedor só tem que lidar com os campos bolleanos do Python: (True / False). A tabela mostra tipos genéricos e suas associações.

SQLAlchemy Python SQL
BigInteger int BIGINT
Boolean bool BOOLEAN ou SMALLINT
Date datetime.date DATE (SQLite: STRING)
DateTime datetime.datetime DATETIME (SQLite: STRING)
Enum str ENUM ou VARCHAR
Float float ou Decimal FLOAT ou REAL
Integer int INTEGER
Interval datetime.timedelta INTERVAL ou DATE from epoch
LargeBinary byte BLOB ou BYTEA
Numeric decimal.Decimal NUMERIC ou DECIMAL
Unicode unicode UNICODE ou VARCHAR
Text str CLOB ou TEXT
Time datetime.time DATETIME

Bibiografia

Michael Bayer: SQLAlchemy. In Amy Brown and Greg Wilson, editors, The Architecture of Open Source Applications Volume II: Structure, Scale, and a Few More Fearless Hacks 2012 aosabook.org